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AÇÃO
Não vamos parar
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Há algum tempo nesta coluna falamos sobre a posição
privilegiada do brasileiro no cenário mundial, conquistada com
esforço pelo talento e pela dedicação de nossos skatistas. Principalmente aqueles que, na época de
vacas magras -período compreendido do princípio até meados da década de 90, quando o
mercado quase se extinguiu-,
não se deixaram abater.
Lincoln Ueda foi sensação do
Mundial de 88, quando conquistou a quarta colocação no vertical
profissional com apenas 14 anos.
Mas foi por volta de 95 que os
primeiros skatistas de vertical começaram a se destacar. Além de
Ueda, nomes como Bob Burnquist, Rodrigo Menezes e Sandro
Diaz já davam pistas sobre o futuro do esporte no país. Além deles,
uma legião de "treteiros" mostrava que o nosso potencial também
estava nas ruas.
Dois nomes merecem comentário à parte: Piolho e Ferrugem;
dois moleques de Curitiba que já
competiam entre si nas categorias
amadoras. Quando um não levava, outro ficava com a taça. E assim iam promovendo certo revezamento entre os troféus existentes na época.
Carlos "Piolho" de Andrade
preferiu se dedicar ao cenário internacional e tornou-se campeão
mundial de street. Rodil "Ferrugem" Araújo concentrou-se na cena local e tornou-se hexacampeão brasileiro da modalidade.
Com currículo e performance
invejáveis, Ferrugem neste ano
optou por fazer companhia ao
Carlos na América. E o que vem
acontecendo é um ataque brasileiro às etapas do circuito mundial, lembrando os tempos de Curitiba. Uma sinopse das três últimas etapas ilustra bem o fato.
Depois da etapa brasileira dos
X-Games, Piolho foi para Dallas
para competir no EXPN Invitational e, num dia superinspirado,
conseguiu uma das vitórias mais
esmagadoras da sua carreira. Primeiro, venceu as eliminatórias e,
depois, a final, aplicando uma linha impecável. Na sequência, foram para o Canadá competir no
Slam City Jam -uma das etapas
mais tradicionais do circuito. Lá,
foi Ferrugem que obteve o primeiro lugar, um ponto na frente da
lenda americana Erick Koston.
Agora, na semana passada, em
mais um EXPN Invitational em
Gwinnet Country, deu a lógica.
Rodil, em primeiro, Piolho, em segundo, e o conterrâneo Wagner
Ramos, em quarto, deixaram das
quatro primeiras colocações apenas um "modesto" terceiro lugar
para o canadense Dan Pageu.
Onde vamos parar? Porque, se o
assunto for performance e reconhecimento extracompetição,
Bob Burnquist segue recebendo
prêmios que o colocam entre os
maiores esportistas da atualidade, ao lado de esportistas como
Michael Jordan e Tiger Woods.
Num programa para TV promovido pela OP International, selecionaram seis skatistas de peso
para promoverem, aos seus estilos, uma inovação aos padrões
atuais de manobras e obstáculos.
Dany Way registrou um novo recorde de aéreo, Tony Hawk atravessou de um half pipe ao outro
deslizando no alto de uma trave
de largura e altura semelhante às
do futebol de salão. E Bob, num
impulso científico, desafiou a lei
da gravidade ao concluir o looping de base trocada. Só que a
rampa do looping não tinha teto,
e o brasileiro fez a volta de ponta-cabeça no ar, segurando o skate
embaixo dos pés, com a mão na
borda do shape, compreensível??
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