São Paulo, quinta-feira, 23 de maio de 2002

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AÇÃO

Não vamos parar

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

Há algum tempo nesta coluna falamos sobre a posição privilegiada do brasileiro no cenário mundial, conquistada com esforço pelo talento e pela dedicação de nossos skatistas. Principalmente aqueles que, na época de vacas magras -período compreendido do princípio até meados da década de 90, quando o mercado quase se extinguiu-, não se deixaram abater.
Lincoln Ueda foi sensação do Mundial de 88, quando conquistou a quarta colocação no vertical profissional com apenas 14 anos.
Mas foi por volta de 95 que os primeiros skatistas de vertical começaram a se destacar. Além de Ueda, nomes como Bob Burnquist, Rodrigo Menezes e Sandro Diaz já davam pistas sobre o futuro do esporte no país. Além deles, uma legião de "treteiros" mostrava que o nosso potencial também estava nas ruas.
Dois nomes merecem comentário à parte: Piolho e Ferrugem; dois moleques de Curitiba que já competiam entre si nas categorias amadoras. Quando um não levava, outro ficava com a taça. E assim iam promovendo certo revezamento entre os troféus existentes na época.
Carlos "Piolho" de Andrade preferiu se dedicar ao cenário internacional e tornou-se campeão mundial de street. Rodil "Ferrugem" Araújo concentrou-se na cena local e tornou-se hexacampeão brasileiro da modalidade.
Com currículo e performance invejáveis, Ferrugem neste ano optou por fazer companhia ao Carlos na América. E o que vem acontecendo é um ataque brasileiro às etapas do circuito mundial, lembrando os tempos de Curitiba. Uma sinopse das três últimas etapas ilustra bem o fato.
Depois da etapa brasileira dos X-Games, Piolho foi para Dallas para competir no EXPN Invitational e, num dia superinspirado, conseguiu uma das vitórias mais esmagadoras da sua carreira. Primeiro, venceu as eliminatórias e, depois, a final, aplicando uma linha impecável. Na sequência, foram para o Canadá competir no Slam City Jam -uma das etapas mais tradicionais do circuito. Lá, foi Ferrugem que obteve o primeiro lugar, um ponto na frente da lenda americana Erick Koston. Agora, na semana passada, em mais um EXPN Invitational em Gwinnet Country, deu a lógica. Rodil, em primeiro, Piolho, em segundo, e o conterrâneo Wagner Ramos, em quarto, deixaram das quatro primeiras colocações apenas um "modesto" terceiro lugar para o canadense Dan Pageu.
Onde vamos parar? Porque, se o assunto for performance e reconhecimento extracompetição, Bob Burnquist segue recebendo prêmios que o colocam entre os maiores esportistas da atualidade, ao lado de esportistas como Michael Jordan e Tiger Woods.
Num programa para TV promovido pela OP International, selecionaram seis skatistas de peso para promoverem, aos seus estilos, uma inovação aos padrões atuais de manobras e obstáculos. Dany Way registrou um novo recorde de aéreo, Tony Hawk atravessou de um half pipe ao outro deslizando no alto de uma trave de largura e altura semelhante às do futebol de salão. E Bob, num impulso científico, desafiou a lei da gravidade ao concluir o looping de base trocada. Só que a rampa do looping não tinha teto, e o brasileiro fez a volta de ponta-cabeça no ar, segurando o skate embaixo dos pés, com a mão na borda do shape, compreensível??



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