São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2006

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Parreira revê país de seu início

Treinador iniciou carreira em Gana, em 1967, aos 24 anos e recém-formado em educação física

Atual técnico da seleção brasileira levou equipe africana ao segundo lugar em torneio continental, mas teve problemas com doença


DOS ENVIADOS A DORTMUND

Gana é novidade para o Brasil numa Copa, assim como um africano num mata-mata.
Mas o país de Essien, principal destaque do time atual, está longe de ser um mistério para Carlos Alberto Parreira.
Foi em Gana que ele começou sua carreira como técnico de seleções nacionais, o ponto alto da sua carreira -com clubes, ganhou poucos títulos.
Foi para lá em 1967, recém-formado na faculdade de educação física no Rio, aos 24 anos.
O intermediário da negociação foi o Itamaraty. Para estreitar os laços com Gana, os diplomatas procuravam alguém para ajudar no desenvolvimento do futebol daquele país.
"Já falava inglês, e isso foi essencial para eu conseguir o emprego", disse Parreira em uma das palestras que fez recentemente em São Paulo.
Ele conta sua aventura africana como um dos fatos vitoriosos da sua carreira. O salário não chegava a US$ 500 mensais. Vivia sozinho, longe da família em um país com condições sanitárias ainda mais precárias que as de hoje.
Parreira teve malária, mas, mesmo sem experiência, conseguiu resultados expressivos. Foi vice-campeão da Copa Africana em 1968, na Etiópia. Dirigiu ainda um clube local.
Em quase dois anos, Parreira teve problemas com os costumes locais, como o fato de homens oferecerem suas irmãs ao treinador por considerarem isso uma gentileza para um estrangeiro trabalhando por lá.
Depois da experiência africana, voltou ao Brasil, na função de preparador físico.
Há muito tempo sem contato como o futebol ganês, Parreira é só elogios para o rival.
"Gana foi uma bela surpresa. Fez uma bonita partida contra a Itália. Vai ser um adversário difícil", disse o treinador, que mostrou satisfação ao lembrar que foi técnico da equipe.
Ontem, Parreira viu o jogo entre Itália e República Tcheca, ocorrido no mesmo horário da vitória de Gana sobre os EUA.
Mas ainda assim Parreira se disse por dentro da forma de jogar do adversário. "Gana é um time que sai para o jogo, não joga defensivamente e incomoda o adversário o tempo todo. Tem um estilo que eu acho que não vai mudar contra o Brasil."
(EDUARDO ARRUDA, FÁBIO VICTOR, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)


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