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Na Vila Mimosa, prostitutas faturam em dia de jogo
CRISTINA TARDÁGUILA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Durante a partida, o movimento é baixo na Vila Mimosa,
tradicional zona de prostituição do centro do Rio de Janeiro, mas, no intervalo e depois
do jogo, o número de homens
que circula ali aumenta em até
50%, se comparado com um dia
normal. Na vila famosa, dia de
partida do Brasil na Copa é sinônimo de trabalho duro.
"Normalmente eu faço dez
programas por dia, mas hoje
[ontem] devo fazer uns 15. É
que os homens todos vão vir
aqui depois do jogo para comemorar conosco a vitória do Brasil", afirmou a carioca Natália,
19, que já trabalha no local há
dois anos e, como as demais
pessoas entrevistadas pela Folha, não quis informar seu sobrenome.
"O pessoal gosta daqui porque, além de ter mulher de todos os tipos, loira, morena, ruiva, alta, baixa, gorda e magra,
fazemos um churrasco com fígado, fraldinha, asa e lingüiça
que dura até o sol raiar", acrescentou ela.
Natália, que trabalhou como
atendente de loja antes de entrar para a prostituição, cobra
R$ 25 por programa, dos quais
embolsa R$ 19 -outros R$ 5
vão para o dono do bar, que aluga as cabines do segundo e do
terceiro andares, e R$ 1 para a
camisinha.
"Mas se o Adriano, da seleção, aparecesse por aqui, eu não
cobraria nada! Ele é lindo de
morrer", afirma rindo, revelando seu lado tiete.
Quando o Japão fez o gol,
abrindo o placar, Natália e as
outras prostitutas do local chegaram a vaiar a seleção.
"Olha, eu já saí com seis japoneses e, agora, vou dizer a verdade: nenhum deles fugiu à regra, viu? O Brasil tem que virar,
gente!", disparou, nervosa.
Para enfeitar o bar, que tinha
bandeiras, algumas cornetas e
até balões pendurados pelo teto e nas grades onde as prostitutas costumam se agarrar para
dançar e se exibir para os clientes, foram gastos R$ 50.
"Desde o primeiro jogo do
Brasil, contra a Croácia, nós estamos com essa decoração
aqui. Já tem gente achando até
que damos sorte para a seleção
na Alemanha. Quem sabe não
vira uma tradição?", declarou a
carioca Débora, 24.
Com a proximidade do intervalo, o movimento na Vila Mimosa aumentou, como as mulheres haviam previsto. Rafael,
24, e seus dois amigos de Vila
Valqueire (zona norte do Rio),
por exemplo, chegaram por lá
no 40º minuto e não demoraram muito para encontrar um
"par perfeito". "Temos 15 minutos de intervalo para relaxar.
Não podemos perder tempo
nenhum", explicaram.
O marinheiro baiano Avelino, de 44 anos, era outro que
pouco se importava com o placar da partida em Dortmund.
"Acho legal as meninas estarem vestidas de verde-e-amarelo, mas, na verdade, eu não
estou nem aí para a partida. Estou somente esperando a festa
que virá depois."
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