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Abatido, Zico se despede do Japão e mira Europa
"Chegamos aqui pensando em vôos mais altos, mas não deu", afirma brasileiro, para quem revés na estréia foi fatal
Para treinador, faltou aos japoneses contra a seleção de Parreira maturidade para segurar a bola quando ganhava o jogo por 1 a 0
DOS ENVIADOS A DORTMUND
Abatido, Zico chegou à conferência de imprensa com os
olhos vermelhos. Parecia ter
chorado. A derrota para o Brasil
interrompeu seu sonho de levar o Japão mais longe na Copa
e decretou o fim de seu ciclo,
após quatro anos, na seleção.
"Não fomos eliminados hoje
[ontem]. Fomos eliminados
naqueles oito minutos em que
levamos 3 a 1 da Austrália. Chegamos aqui pensando em vôos
mais altos. Infelizmente não
deu", disse o técnico brasileiro,
que agora vai tentar ganhar a
vida no futebol europeu -Itália
e Portugal são seus alvos.
"Estou atrás de um trabalho
lá para dar prosseguimento à
minha carreira. Saio com a minha consciência tranqüila. Dei
o máximo, e o que não dei foi
porque não sabia e não sei", disse Zico, que avaliou seu trabalho como positivo.
"O Japão enfrenta qualquer
equipe hoje de igual para igual,
mas precisa crescer para se
igualar às grandes potências."
Em sua primeira Copa como
treinador, ele falhou. Os japoneses, mostrando um ataque
quase inoperante, foram derrotados também pelos australianos e conseguiram seu único
ponto no 0 a 0 com a Croácia.
A saída de Zico fecha o ciclo
de uma história que começou
bem antes de ele assumir os
"Samurai Blues" (o apelido da
seleção japonesa).
Ela começou em 1991, quando chegou para atuar no Sumitomo Metals, que viraria depois
o Kashima Antlers. Foi o maior
ídolo do país e ajudou a impulsionar a liga local, a J-League,
que chegou a ter média de 30
mil pessoas por partida.
Ontem, em Dortmund, foi
colocado na parede pelos repórteres japoneses. "Treinador
não ganha nem perde jogo. É
tudo uma questão de equipe de
trabalho. A responsabilidade é
minha pela escalação da equipe
e pela maneira de jogar. A derrota faz parte do futebol", disse.
"Estou só no começo de carreira. Se não consegui resultados agora não vai apagar o trabalho que fiz. Grandes treinadores que estão no topo passaram por seleções menores e
não conseguiram resultado.
Ninguém começa no topo, ainda mais numa seleção como o
Japão", acrescentou.
Ele explicou ter faltado ontem "maturidade" à sua equipe
para segurar a bola, como faz o
Brasil, quando o time vencia
por 1 a 0. Zico argumentou que,
naquela hora, queria ter uma
equipe como a brasileira, que
soube administrar o jogo na
etapa final e ainda golear.
Ele também elogiou muito
Ronaldo. "É um jogador fantástico, faz a diferença. Eu sempre
disse que queria ter um Ronaldo na minha equipe", afirmou o
ídolo flamenguista, prevendo
que a seleção de Parreira terá
dificuldades nas oitavas-de-final. "Os africanos de Gana serão adversários dificílimos. Será um osso duro de roer", disse.
(EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)
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