São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2006

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Abatido, Zico se despede do Japão e mira Europa

"Chegamos aqui pensando em vôos mais altos, mas não deu", afirma brasileiro, para quem revés na estréia foi fatal

Para treinador, faltou aos japoneses contra a seleção de Parreira maturidade para segurar a bola quando ganhava o jogo por 1 a 0


DOS ENVIADOS A DORTMUND

Abatido, Zico chegou à conferência de imprensa com os olhos vermelhos. Parecia ter chorado. A derrota para o Brasil interrompeu seu sonho de levar o Japão mais longe na Copa e decretou o fim de seu ciclo, após quatro anos, na seleção.
"Não fomos eliminados hoje [ontem]. Fomos eliminados naqueles oito minutos em que levamos 3 a 1 da Austrália. Chegamos aqui pensando em vôos mais altos. Infelizmente não deu", disse o técnico brasileiro, que agora vai tentar ganhar a vida no futebol europeu -Itália e Portugal são seus alvos.
"Estou atrás de um trabalho lá para dar prosseguimento à minha carreira. Saio com a minha consciência tranqüila. Dei o máximo, e o que não dei foi porque não sabia e não sei", disse Zico, que avaliou seu trabalho como positivo.
"O Japão enfrenta qualquer equipe hoje de igual para igual, mas precisa crescer para se igualar às grandes potências."
Em sua primeira Copa como treinador, ele falhou. Os japoneses, mostrando um ataque quase inoperante, foram derrotados também pelos australianos e conseguiram seu único ponto no 0 a 0 com a Croácia.
A saída de Zico fecha o ciclo de uma história que começou bem antes de ele assumir os "Samurai Blues" (o apelido da seleção japonesa).
Ela começou em 1991, quando chegou para atuar no Sumitomo Metals, que viraria depois o Kashima Antlers. Foi o maior ídolo do país e ajudou a impulsionar a liga local, a J-League, que chegou a ter média de 30 mil pessoas por partida.
Ontem, em Dortmund, foi colocado na parede pelos repórteres japoneses. "Treinador não ganha nem perde jogo. É tudo uma questão de equipe de trabalho. A responsabilidade é minha pela escalação da equipe e pela maneira de jogar. A derrota faz parte do futebol", disse.
"Estou só no começo de carreira. Se não consegui resultados agora não vai apagar o trabalho que fiz. Grandes treinadores que estão no topo passaram por seleções menores e não conseguiram resultado. Ninguém começa no topo, ainda mais numa seleção como o Japão", acrescentou.
Ele explicou ter faltado ontem "maturidade" à sua equipe para segurar a bola, como faz o Brasil, quando o time vencia por 1 a 0. Zico argumentou que, naquela hora, queria ter uma equipe como a brasileira, que soube administrar o jogo na etapa final e ainda golear.
Ele também elogiou muito Ronaldo. "É um jogador fantástico, faz a diferença. Eu sempre disse que queria ter um Ronaldo na minha equipe", afirmou o ídolo flamenguista, prevendo que a seleção de Parreira terá dificuldades nas oitavas-de-final. "Os africanos de Gana serão adversários dificílimos. Será um osso duro de roer", disse. (EDUARDO ARRUDA, PAULO COBOS, RICARDO PERRONE E SÉRGIO RANGEL)


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