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copa real
Primeiro Mundo descobre "flanelinha"
Furtos em hotéis e ação de pedinte desencadeiam bombardeio de questionamentos sobre segurança na Copa de 2010
"Não entendem que isso é um país de Terceiro Mundo
e que as pessoas pedirem dinheiro na rua é normal, não um assalto", diz comitê
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS A
JOHANNESBURGO
A mídia do Primeiro Mundo
abriu fogo contra a organização
da Copa do Mundo na África.
O estopim para isso foram os
supostos furtos nos hotéis que
hospedaram as delegações das
seleções brasileira, em Pretória, e egípcia, em Johannesburgo, na semana passada.
E também a ação de um "flanelinha", que pediu dinheiro a
jornalistas alemães no estacionamento reservado à imprensa
no estádio Loftus Versfeld, em
Pretória, após a partida entre
Brasil e Itália, anteontem.
Ontem, em uma conferência
de imprensa organizada pelo
Comitê Organizador Local
(COL) da Copa-10, jornalistas
de importantes veículos, como
a agência Reuters, a emissora
de TV inglesa SKY, e os influentes jornais "New York Times",
dos EUA, e "Le Monde", da
França, bombardearam os organizadores com perguntas
questionando a segurança da
Copa das Confederações.
"Acho que há exagero nisso.
Eles [jornalistas do Primeiro
Mundo] não entendem que isso
é um país de Terceiro Mundo e
que as pessoas pedirem dinheiro na rua é algo normal, não
propriamente um assalto",
afirmou Danny Jordaan, presidente do COL, à Folha.
A situação ficou tensa no auditório do elegante hotel cinco
estrelas reservado para o evento, a ponto de o chefe de comunicação do COL, Rich Mkhondo, censurar perguntas sobre a
segurança da competição.
Jordaan e Fikile Mbalula,
ministro da Polícia da África do
Sul, refutaram, muitas vezes de
forma irônica e irritada, as insinuações de que o país não é seguro para o Mundial de 2010.
"São incidentes isolados. Estamos fazendo o nosso melhor
e, num todo, não tivemos nenhum problema sério", afirmou Mbalula, que foi questionado por um repórter da Reuters sobre os "flanelinhas".
O ministro insistiu que isso
foi um caso isolado e que ele
não foi roubado, só lhe pediram
dinheiro. O repórter retrucou
dizendo que já cobriu oito Copas e isso jamais lhe aconteceu.
O incidente com o Egito também veio à tona. "Nós somos
responsáveis pela segurança
nos estádios, nas ruas, mas não
podemos fazer nada se alguém
chama um amigo para o quarto", afirmou Mbalula, arrancando risadas da plateia.
Os egípcios, que alegaram terem tido dinheiro furtado no
hotel, teriam feito uma festa
com prostitutas.
Membros da delegação brasileira também disseram que
objetos pessoais e dinheiro foram levados dos quartos.
"Temos que saber exatamente o que aconteceu. Queremos
a ajuda do Brasil nisso. Às vezes, esqueço dinheiro em cima
da mesa. Roubo é quando alguém armado lhe toma alguma
coisa. Temos que ir aos fatos,
não podemos nos basear em
imaginações ou criações", afirmou Jordaan.
A CBF diz que não irá levar o
assunto adiante e que a culpa
foi do fisioterapeuta Odir Carmo e do lateral-esquerdo Kléber, que não guardaram o dinheiro num lugar seguro.
"Essa Copa das Confederações não é diferente das outras.
Não é a primeira vez que reclamam de ter perdido dinheiro
em hotel. Isso acontece sempre, em qualquer país", afirmou Jordaan. "Nós estamos
provando que somos capazes
de criar um ambiente seguro
para a Copa", concluiu.
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