São Paulo, terça-feira, 23 de junho de 2009

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copa real

Primeiro Mundo descobre "flanelinha"

Furtos em hotéis e ação de pedinte desencadeiam bombardeio de questionamentos sobre segurança na Copa de 2010

"Não entendem que isso é um país de Terceiro Mundo e que as pessoas pedirem dinheiro na rua é normal, não um assalto", diz comitê


EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS A JOHANNESBURGO

A mídia do Primeiro Mundo abriu fogo contra a organização da Copa do Mundo na África.
O estopim para isso foram os supostos furtos nos hotéis que hospedaram as delegações das seleções brasileira, em Pretória, e egípcia, em Johannesburgo, na semana passada.
E também a ação de um "flanelinha", que pediu dinheiro a jornalistas alemães no estacionamento reservado à imprensa no estádio Loftus Versfeld, em Pretória, após a partida entre Brasil e Itália, anteontem.
Ontem, em uma conferência de imprensa organizada pelo Comitê Organizador Local (COL) da Copa-10, jornalistas de importantes veículos, como a agência Reuters, a emissora de TV inglesa SKY, e os influentes jornais "New York Times", dos EUA, e "Le Monde", da França, bombardearam os organizadores com perguntas questionando a segurança da Copa das Confederações.
"Acho que há exagero nisso. Eles [jornalistas do Primeiro Mundo] não entendem que isso é um país de Terceiro Mundo e que as pessoas pedirem dinheiro na rua é algo normal, não propriamente um assalto", afirmou Danny Jordaan, presidente do COL, à Folha.
A situação ficou tensa no auditório do elegante hotel cinco estrelas reservado para o evento, a ponto de o chefe de comunicação do COL, Rich Mkhondo, censurar perguntas sobre a segurança da competição.
Jordaan e Fikile Mbalula, ministro da Polícia da África do Sul, refutaram, muitas vezes de forma irônica e irritada, as insinuações de que o país não é seguro para o Mundial de 2010.
"São incidentes isolados. Estamos fazendo o nosso melhor e, num todo, não tivemos nenhum problema sério", afirmou Mbalula, que foi questionado por um repórter da Reuters sobre os "flanelinhas".
O ministro insistiu que isso foi um caso isolado e que ele não foi roubado, só lhe pediram dinheiro. O repórter retrucou dizendo que já cobriu oito Copas e isso jamais lhe aconteceu.
O incidente com o Egito também veio à tona. "Nós somos responsáveis pela segurança nos estádios, nas ruas, mas não podemos fazer nada se alguém chama um amigo para o quarto", afirmou Mbalula, arrancando risadas da plateia.
Os egípcios, que alegaram terem tido dinheiro furtado no hotel, teriam feito uma festa com prostitutas.
Membros da delegação brasileira também disseram que objetos pessoais e dinheiro foram levados dos quartos.
"Temos que saber exatamente o que aconteceu. Queremos a ajuda do Brasil nisso. Às vezes, esqueço dinheiro em cima da mesa. Roubo é quando alguém armado lhe toma alguma coisa. Temos que ir aos fatos, não podemos nos basear em imaginações ou criações", afirmou Jordaan.
A CBF diz que não irá levar o assunto adiante e que a culpa foi do fisioterapeuta Odir Carmo e do lateral-esquerdo Kléber, que não guardaram o dinheiro num lugar seguro.
"Essa Copa das Confederações não é diferente das outras. Não é a primeira vez que reclamam de ter perdido dinheiro em hotel. Isso acontece sempre, em qualquer país", afirmou Jordaan. "Nós estamos provando que somos capazes de criar um ambiente seguro para a Copa", concluiu.


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