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Maradonas do Brasil sofrem pelo original
Graças ao sucesso do craque na década de 80, país tem seus próprios "argentinos"
MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO
- Alô, Maradona?
- Sim.
- Diego Maradona?
- Sim. Quem tá falando?
(E o telefone é desligado).
- Alô, Diego, por favor...
- É trote! Eu sei...
(E outra ligação perdida).
Assim, na terceira tentativa, Diego Maradona dos Santos Costa, 26, acredita que o
telefonema da reportagem
não era trote de um amigo.
É a sina de quem tem um
xará tão famoso. Mas não foi
por falta de aviso do cartório
de Salesópolis (SP). O pai,
Otávio, havia apostado com
os amigos na Copa de 82,
quando Maradona foi expulso contra o Brasil, em jogo
que eliminou a Argentina.
Quando foi registrar o primeiro filho como Diego Maradona, porém, o cartório
não aceitou. No máximo poderia ser Diogo, nome português, alegou-se. Ele insistiu,
pagou a aposta, conseguiu.
"Hoje eu gosto, ainda mais
em época de Copa. E torço
pela Argentina até pegar o
Brasil. Não gosto do Dunga,
mas sou Brasil", afirma o Diego Maradona de Salesópolis.
Se os pais gostam, as mães
desaprovam. "O pai foi ao
cartório sozinho. Só depois vi
aquele nome estranho. Eu tinha raiva", conta Joanira Feitosa, viúva de Francisco e
mãe de Maradona. Só Maradona, sem Diego. Maradona
Feitosa Alexandre, 29.
O Maradona da Vila Nova
Cachoeirinha, em São Paulo,
nasceu em 1981, e sofre desde os tempos de colégio. "Ficam assustados, não acreditam, pedem até RG", lembra.
Nascido após a conquista
argentina na Copa de 86, o
alagoano Diego Maradona
Barros Gomes, 23, conta que
até o sogro faz piadas com
ele. "Ele diz: "Esse é o meu
genro, Diego Maradona, torce pra Argentina. Tem até o
Che Guevara no braço". Fica
difícil gostarem de mim", lamenta o estudante de direito.
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