São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2011

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Neymar, 19

Jovem craque alcança quarta conquista no Santos, todas com raro brilho e protagonismo, e decreta ter feito história

DE SÃO PAULO

Do lado de fora do estádio, uma fábrica de moicanos. Filas se aglomeravam em carro que serviu de barbearia improvisada para disseminar o penteado da moda: Neymar.
O craque de 19 anos levantou todo o Pacaembu antes mesmo de tocar na bola. Se o futebol dele sempre impressionou, seu currículo também parece não ter limites.
Nessa idade, talvez só Pelé tenha alcançado ficha tão impressionante -ele venceu a Copa do Mundo de 1958 com apenas 17 anos.
Neymar, em pouco mais de dois anos entre os profissionais do Santos, já conquistou dois Estaduais, uma Copa do Brasil e, agora, a tão desejada Libertadores.
Em todos os títulos, ele sempre foi o protagonista. Diferente do monstro Messi, Robinho e Kaká, para citar apenas três. Todos foram campeões jovens, alguns também antes 19 anos, mas nenhum com o protagonismo e brilho de Neymar.
A torcida santista reconhece toda sua importância.
Bastou seu nome ser anunciado que a euforia e o otimismo se multiplicaram.
Em campo, o astro santista foi reverenciado como talvez nem Pelé em 1962 e 1963 nas outras finais de Libertadores com o Santos campeão -Pelé não atuou em São Paulo ou Santos nessas decisões.
Na primeira chegada do Santos ao ataque, Ganso serve o amigo Neymar, que arranca e prefere um passe.
O Peñarol também conhece o craque e faz a primeira falta no atacante da seleção brasileira. Nada de cai-cai, como ensinou o Rei. Neymar não enfeitou como em outras partidas e se levantou logo.
"Levei tapa na cara, soco, até puxaram meu cabelo", revelaria mais tarde.
Logo no segundo minuto do segundo tempo, a bola veio da direita para um Neymar livre. O chute não foi forte, mas saiu com ligeira curva que complicou para o complicado goleiro Sosa.
A rede mal havia balançado, e Neymar já partia para a ponta esquerda para se ajoelhar e receber os abraços dos companheiros. A jogada de Pelé foi de Arouca, e a comemoração de Rei foi do 11.
Com os dezenas de moicanos felizes, Neymar enfeitou pela primeira vez em campo, num drible que antecedeu uma finalização por cima do gol. Pouco depois, um taquito em bom português na bola. A festa é quase toda dele.
Com o Peñarol mais aberto, Neymar aparece mais, vai à linha de fundo, serve o amigo Zé Love, mas quem faz a pintura santista é Danilo, um golaço à la Neymar.
Neymar foi um desafogo nos momentos de tensão. E ainda mandou uma bola na trave. Faltou pouco, como falta pouco para o trono do futebol mundial.
A América se rende a um adolescente assim como a Europa se rendeu a Messi.
Aos 21 anos, Pelé, extraoficialmente melhor jogador do mundo e com já duas Copas no currículo, marcou na decisão da Libertadores de 1962 e consagrou o Santos internacionalmente de vez.
Aos 19 anos, Neymar, extraoficialmente um dos melhores do mundo sem ter ido a uma Copa do Mundo ainda, marcou na decisão da Libertadores de 2011 e voltou a consagrar o Santos como uma potência internacional.
"Eu fiz história. Seleção brasileira, aquele abraço. Tô chegando", riu o garoto ao fim do jogo. (RODRIGO BUENO)


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