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OPINIÃO
Milhões de detalhes levam à taça
A equipe de Neymar consegue a maior vitória da era pós-Pelé
JOSÉ ROBERTO TORERO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Este texto não é um. São
dois. A primeira metade estou escrevendo no intervalo
do jogo, no meio da torcida
santista no Pacaembu (a ala
dos jornalistas estava lotada). A segunda parte farei
no fim do jogo.
Pois bem, após estes 48
primeiros minutos, minha
conclusão, nada criativa, é
que o jogo será definido por
um detalhe. Digo isso não só
pelo 0 a 0, mas principalmente pelo currículo dos clubes na fase de mata-mata.
Explico: o Santos sempre
venceu seus oponentes por
um e apenas um gol, somando-se os dois jogos.
Com o Peñarol deu-se a
mesma coisa nas oitavas e
nas quartas, e nas semis passou ainda com mais dificuldade, graças ao critério dos
gols marcados fora de casa.
Ou seja, são dois times que
sempre superam seus inimigos por pouco, que passam
raspando sobre precipício, e
hoje não há como ser diferente. Um detalhe, um lance fatal, uma jogada perfeita deve
decidir o jogo.
Nestes primeiros minutos
houve vários candidatos ao
posto de jogada decisiva:
dois chutes de Elano, um de
Zé Love, uma grande chance
de Léo e uma cabeçada de
Durval. Da parte do Peñarol,
houve belo chute cruzado.
Daqui a 45 minutos escreverei de novo. Talvez dizendo que minha tese foi perfeita, talvez dizendo que sou
uma besta.
Fim do jogo. Sou uma besta. Não porque houve três
gols, ou seja, três detalhes,
mas porque pensei melhor e
achei minha tese do lance decisivo uma bobagem.
Não foi o gol de Danilo que
deu o campeonato ao Santos.
Foi também o tapinha salvador de Rafael, a saúde de
Pará, os bicões de Durval, a
cabeçada de Edu Dracena, a
garra de Léo, a perna providencial de Adriano, a calma
de Ganso, a eficiência de Elano, as boas antecipações de
Arouca, o gol de Neymar, o
suor de Zé Eduardo, a esperteza de Muricy. E todos os
jogos e lances que fizeram o
caminho do time até aqui,
inclusive a conquista da Copa do Brasil.
Uma vitória não se faz apenas por um sim do time que
vence, mas por vários nãos
do time que perde. Os erros
dos outros também contam.
São os milhões de detalhes
que levam um time ao título.
E o último gol, é claro, é o
mais importante deles.
Agora, enquanto Pelé entra em campo, penso que ele
foi o maior detalhe que já
houve. Detalhe tão gigantesco que foi sempre uma sombra sobre o Santos. Mas agora não há mais sombra. O time de Neymar conseguiu a maior vitória da era pós-Pelé.
O Santos é o campeão da
América do Sul. E isso não é
um detalhe.
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