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Conservador em roupas, estratégias e atitude, Muricy conquista a Libertadores, título que faltava em seu currículo e o 1º relevante em mata-matas
DE SÃO PAULO
Muricy Ramalho é um conservador. Foi com os mesmos
agasalho e boné de clube,
desta vez do Santos, usados
em toda sua carreira, que entrou no gramado para conquistar o seu primeiro título
da Taça Libertadores.
Evitou cumprimentos efusivos, recolheu-se ao banco e
acenou para a torcida.
Muricy Ramalho é um conservador. Esperou até o começo da noite para confirmar
Paulo Henrique Ganso como
titular desde o início do jogo.
Seu argumento era o temor de que a atuação de seu
articulador poderia ser afetada após mais de um mês parado devido a uma lesão.
Muricy Ramalho é um conservador. Quando Ganso foi
anunciado como titular do
Santos, não era difícil adivinhar que Danilo iria para a
lateral direita, com Adriano e
Arouca no meio de campo.
O treinador sempre se apega às fórmulas adotadas para
seus times. E esta era a escolhida desde sua chegada à
Vila Belmiro para utilizar o
camisa 10 da seleção.
Muricy Ramalho é um conservador. Apesar de o Santos
ter emperrado no Peñarol no
primeiro tempo, manteve a
escalação após o intervalo.
Raramente mexe na equipe.
Foi premiado com um gol
logo no início da etapa final.
Muricy Ramalho é um conservador. Quando o jogo ficou quente, deixou o boné e
foi pressionar o quarto árbitro: um de seus atletas fora
atingido por um uruguaio.
A partir daí, sua cabeça
descoberta passou a ser
constante à frente do banco
santista. Os braços se moviam nervosos, indicando a
velocidade em que o time deveria atacar ou recuar.
Muricy Ramalho é um conservador. Mas isso não significa ser retranqueiro. Do
intervalo para a frente, seu
Santos pressionou o Peña-
rol com velocidade.
As bolas áreas do primeiro
tempo foram esquecidas em
favor de toques verticais para
armar contra-ataques.
Muricy Ramalho é um conservador. É por isso que suas
estratégias são mais eficientes nos pontos corridos.
Até ontem, ganhara quatro Brasileiros, três deles com
o São Paulo. Em mata-matas,
vencera seis Estaduais e uma
Copa Conmebol -nenhuma
competição super-relevante.
Muricy Ramalho é um conservador. Foi justamente essa característica que deu ao
Santos a estabilidade que lhe
faltava no início de 2011.
Dos dez jogos em que dirigiu o time na Libertadores,
em cinco a equipe terminou
sem tomar gols. Isso não tornou o time menos envolvente, como se viu nos dois gols
de ontem, precedidos de passes e dribles precisos.
Muricy Ramalho é um conservador. E é, desde ontem,
também completo em seu
currículo de títulos.
"Não aguentava mais esse
negócio [de dizerem que não
ganhava Libertadores]. Fui
campeão em todo lugar em
que fui", afirmou o técnico.
"Sempre lutei nos meus trabalhos. Aqui, eu acertei."
Muricy Ramalho é um conservador. Na hora de festejar,
o técnico só adaptou sua frase-bordão. "Aqui é muito trabalho."
(RODRIGO MATTOS)
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