São Paulo, quinta-feira, 23 de junho de 2011

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Conservador em roupas, estratégias e atitude, Muricy conquista a Libertadores, título que faltava em seu currículo e o 1º relevante em mata-matas

DE SÃO PAULO

Muricy Ramalho é um conservador. Foi com os mesmos agasalho e boné de clube, desta vez do Santos, usados em toda sua carreira, que entrou no gramado para conquistar o seu primeiro título da Taça Libertadores.
Evitou cumprimentos efusivos, recolheu-se ao banco e acenou para a torcida.
Muricy Ramalho é um conservador. Esperou até o começo da noite para confirmar Paulo Henrique Ganso como titular desde o início do jogo.
Seu argumento era o temor de que a atuação de seu articulador poderia ser afetada após mais de um mês parado devido a uma lesão.
Muricy Ramalho é um conservador. Quando Ganso foi anunciado como titular do Santos, não era difícil adivinhar que Danilo iria para a lateral direita, com Adriano e Arouca no meio de campo.
O treinador sempre se apega às fórmulas adotadas para seus times. E esta era a escolhida desde sua chegada à Vila Belmiro para utilizar o camisa 10 da seleção.
Muricy Ramalho é um conservador. Apesar de o Santos ter emperrado no Peñarol no primeiro tempo, manteve a escalação após o intervalo. Raramente mexe na equipe.
Foi premiado com um gol logo no início da etapa final.
Muricy Ramalho é um conservador. Quando o jogo ficou quente, deixou o boné e foi pressionar o quarto árbitro: um de seus atletas fora atingido por um uruguaio.
A partir daí, sua cabeça descoberta passou a ser constante à frente do banco santista. Os braços se moviam nervosos, indicando a velocidade em que o time deveria atacar ou recuar.
Muricy Ramalho é um conservador. Mas isso não significa ser retranqueiro. Do intervalo para a frente, seu Santos pressionou o Peña- rol com velocidade.
As bolas áreas do primeiro tempo foram esquecidas em favor de toques verticais para armar contra-ataques.
Muricy Ramalho é um conservador. É por isso que suas estratégias são mais eficientes nos pontos corridos.
Até ontem, ganhara quatro Brasileiros, três deles com o São Paulo. Em mata-matas, vencera seis Estaduais e uma Copa Conmebol -nenhuma competição super-relevante.
Muricy Ramalho é um conservador. Foi justamente essa característica que deu ao Santos a estabilidade que lhe faltava no início de 2011.
Dos dez jogos em que dirigiu o time na Libertadores, em cinco a equipe terminou sem tomar gols. Isso não tornou o time menos envolvente, como se viu nos dois gols de ontem, precedidos de passes e dribles precisos.
Muricy Ramalho é um conservador. E é, desde ontem, também completo em seu currículo de títulos.
"Não aguentava mais esse negócio [de dizerem que não ganhava Libertadores]. Fui campeão em todo lugar em que fui", afirmou o técnico. "Sempre lutei nos meus trabalhos. Aqui, eu acertei."
Muricy Ramalho é um conservador. Na hora de festejar, o técnico só adaptou sua frase-bordão. "Aqui é muito trabalho." (RODRIGO MATTOS)


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