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TÊNIS
Tudo por dinheiro
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
O Torneio de Roterdã não é
dos mais conhecidos ou importantes no circuito profissional.
Com boa premiação, é disputado
em fevereiro, em quadras rápidas.
Neste ano, chamou a atenção
por ter Juan Carlos Ferrero, que
viria a ganhar em Roland Garros,
e Roger Federer, que depois conquistaria Wimbledon, como destaques. Quem roubou a cena, porém, foi o bielo-russo Max Mirnyi, campeão.
Enquanto Mirnyi eliminava Federer nas semifinais e Ferrero
caía nas quartas, uma das mais
importantes reuniões do tênis
acontecia quase às escondidas.
Com a presença de Mark Miles,
o todo-poderoso presidente da
ATP, tenistas e membros da entidade que regula o circuito decidiram que queriam mais dinheiro,
mais poder, mais espaço.
"Ganhamos pouco; queremos
mais", ditou o russo Ievguêni Kafelnikov, que, mesmo fora de forma, amealhou mais de meio milhão de dólares só neste ano (US$
24 milhões em sua carreira).
O movimento não parou ali.
Em Paris, pouco antes de Roland
Garros, as reivindicações chegaram aos dirigentes da ITF (Federação Internacional de Tênis) e
aos organizadores dos Grand
Slams. E os jogadores falaram
grosso: ou teremos mais dinheiro,
ou não teremos mais Wimbledon,
Aberto dos EUA...
Francesco Ricci Bitti, presidente
da ITF, reagiu com truculência.
"Só tenho uma palavra para definir esse tipo de pedido: irreal."
Em Londres, no mês passado,
enquanto o público respirava
Wimbledon, nada menos que 120
tenistas se reuniram, de novo
quase às escondidas, para tratar
do assunto. E a posição foi mantida: mais dinheiro, mais poder, ou
algo ruim acontecerá.
Não é à toa que os tenistas pedem mais. São eles, afinal, as estrelas do circuito.
Apenas uma parte do dinheiro
arrecadado pelos organizadores
dos Slams é dos tenistas. Além de
patrocínios e acordos para exposição de marca no evento, tem a
grana da televisão, entre outros. É
muito dinheiro -que não vai para o bolso daqueles que fazem a
parte principal do espetáculo.
Do outro lado do balcão, os organizadores têm razão ao afirmar que os tenistas são muito
bem pagos. Nenhum vencedor de
evento ganha tanto quanto o
campeão do Aberto dos EUA.
Nem o vencedor das 500 Milhas
de Indianápolis. Nem o ganhador
do Aberto dos EUA de golfe.
A ITF não nega que fica com
parte do dinheiro, mas diz que esse montante vai para programas
de desenvolvimento do tênis pelo
mundo. E que, sem divulgar o tênis mundo afora, os tenistas não
seriam estrelas mundiais.
Dessa briga toda, é bem provável que nenhuma ameaça seja
cumprida. Dificilmente os tenistas boicotarão o Aberto dos EUA;
dificilmente os organizadores se
recusarão a aumentar um pouco
a premiação e a dar mais espaço
à ATP na organização dos Slams.
Então qual a importância disso
tudo? Ter sempre em mente que,
por trás dos belos troféus, dos gigantescos campeonatos, por trás
dos sorrisos dos campeões, existe
uma briga violentíssima e quase
suja por... dinheiro!
Dois circuitos
A quinta etapa da Credicard MasterCard Junior's Cup vai até domingo, em Goiânia. No Rio, Mariana Teixeira, Lucas Gobbi (12 anos),
Marina Ferreira, Fernando Souza (14), Carla Caetano e André Miele
(16) foram campeões na terceira etapa do Circuito Banco do Brasil.
Uma competição
Apesar do revés na Croácia, palmas às meninas do país na Fed Cup.
Um excelente torneio
O Challenger de Campos do Jordão vai até domingo no Tênis Clube.
Uma boa competição
Maurício Pommê venceu etapa do Brasileiro de cadeira de rodas.
E-mail reandaku@uol.com.br
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