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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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TÊNIS

Tudo por dinheiro

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

O Torneio de Roterdã não é dos mais conhecidos ou importantes no circuito profissional. Com boa premiação, é disputado em fevereiro, em quadras rápidas.
Neste ano, chamou a atenção por ter Juan Carlos Ferrero, que viria a ganhar em Roland Garros, e Roger Federer, que depois conquistaria Wimbledon, como destaques. Quem roubou a cena, porém, foi o bielo-russo Max Mirnyi, campeão.
Enquanto Mirnyi eliminava Federer nas semifinais e Ferrero caía nas quartas, uma das mais importantes reuniões do tênis acontecia quase às escondidas.
Com a presença de Mark Miles, o todo-poderoso presidente da ATP, tenistas e membros da entidade que regula o circuito decidiram que queriam mais dinheiro, mais poder, mais espaço.
"Ganhamos pouco; queremos mais", ditou o russo Ievguêni Kafelnikov, que, mesmo fora de forma, amealhou mais de meio milhão de dólares só neste ano (US$ 24 milhões em sua carreira).
O movimento não parou ali. Em Paris, pouco antes de Roland Garros, as reivindicações chegaram aos dirigentes da ITF (Federação Internacional de Tênis) e aos organizadores dos Grand Slams. E os jogadores falaram grosso: ou teremos mais dinheiro, ou não teremos mais Wimbledon, Aberto dos EUA...
Francesco Ricci Bitti, presidente da ITF, reagiu com truculência. "Só tenho uma palavra para definir esse tipo de pedido: irreal."
Em Londres, no mês passado, enquanto o público respirava Wimbledon, nada menos que 120 tenistas se reuniram, de novo quase às escondidas, para tratar do assunto. E a posição foi mantida: mais dinheiro, mais poder, ou algo ruim acontecerá.
Não é à toa que os tenistas pedem mais. São eles, afinal, as estrelas do circuito.
Apenas uma parte do dinheiro arrecadado pelos organizadores dos Slams é dos tenistas. Além de patrocínios e acordos para exposição de marca no evento, tem a grana da televisão, entre outros. É muito dinheiro -que não vai para o bolso daqueles que fazem a parte principal do espetáculo.
Do outro lado do balcão, os organizadores têm razão ao afirmar que os tenistas são muito bem pagos. Nenhum vencedor de evento ganha tanto quanto o campeão do Aberto dos EUA. Nem o vencedor das 500 Milhas de Indianápolis. Nem o ganhador do Aberto dos EUA de golfe.
A ITF não nega que fica com parte do dinheiro, mas diz que esse montante vai para programas de desenvolvimento do tênis pelo mundo. E que, sem divulgar o tênis mundo afora, os tenistas não seriam estrelas mundiais.
Dessa briga toda, é bem provável que nenhuma ameaça seja cumprida. Dificilmente os tenistas boicotarão o Aberto dos EUA; dificilmente os organizadores se recusarão a aumentar um pouco a premiação e a dar mais espaço à ATP na organização dos Slams.
Então qual a importância disso tudo? Ter sempre em mente que, por trás dos belos troféus, dos gigantescos campeonatos, por trás dos sorrisos dos campeões, existe uma briga violentíssima e quase suja por... dinheiro!

Dois circuitos
A quinta etapa da Credicard MasterCard Junior's Cup vai até domingo, em Goiânia. No Rio, Mariana Teixeira, Lucas Gobbi (12 anos), Marina Ferreira, Fernando Souza (14), Carla Caetano e André Miele (16) foram campeões na terceira etapa do Circuito Banco do Brasil.

Uma competição
Apesar do revés na Croácia, palmas às meninas do país na Fed Cup.

Um excelente torneio
O Challenger de Campos do Jordão vai até domingo no Tênis Clube.

Uma boa competição
Maurício Pommê venceu etapa do Brasileiro de cadeira de rodas.

E-mail reandaku@uol.com.br


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