São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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FUTEBOL

Treinador dirá aos jogadores para jogar "com alegria" contra a Argentina

Parreira pede à seleção que se divirta em final inédita

FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

Numa final inédita contra o maior inimigo na principal competição das Américas, o natural seria a comissão técnica exigir concentração e respeito aos seus pupilos. Mas, na seleção brasileira B, a ordem é se divertir no duelo contra a Argentina, domingo.
Dez anos depois de ganhar o tetra com a máxima do futebol de resultados, o técnico Carlos Alberto Parreira pedirá ao Brasil B que tente conquistar a sétima Copa América para o país atuando com alegria. "Os ingleses diriam: "Enjoy the game". É o que eu vou falar para o meu time. Aproveitem, desfrutem. Em bom português, joguem com alegria."
O discurso oposto ao que habitualmente acontece às vésperas de uma decisão tem como objetivo jogar para a Argentina a responsabilidade de vencer o torneio.
Na concentração brasileira, a opinião geral é de que o dever já foi cumprido. "Este Brasil é um time que se formou aqui, que teve dez dias para treinar e mostrou qualidade ao longo da competição. Só o Brasil é capaz de ter duas seleções", afirmou o técnico.
O coordenador Zagallo, que ontem passou o dia provocando a Argentina, vai na mesma linha. "Agora, estamos aqui a passeio. A obrigação de ganhar é deles, que estão com o time completo."
Minutos depois da dramática classificação para a final, obtida nos pênaltis após empate em um gol com o Uruguai, Parreira desabafou com os jogadores.
Após gritos entremeados por palavrões, disse que o time estava de parabéns e que já poderia ser considerado vencedor pelo que realizou na Copa América -foi a melhor performance de Parreira nas três edições que disputou, com 66,6% de aproveitamento.
Ontem, o técnico insinuou que a Argentina está na mesma situação de alguém que briga com um bêbado. "Um importante diretor argentino disse: "Que faço agora? Se ganho, ganhei do time B do Brasil. Se perco, não posso voltar à Argentina". A pressão maior está do lado deles", declarou Parreira.
O técnico voltou a ressaltar que, independentemente do resultado de domingo, as três semanas no Peru deram mais opções à seleção A. "Conversei com o Bordon, que não teve chance de jogar, que ninguém perdeu tempo estando aqui. Fiquei feliz de testar 19 dos 22 convocados, mas a avaliação não é só dentro de campo, mas também do ambiente. Observamos como os atletas se comportam, como somam no grupo, como se entrosam. E todos aqui estão mais próximos de ir à seleção principal", completou Parreira.
Dos selecionados, sete foram aprovados no "vestibular" do técnico. Juan, Renato, Luis Fabiano, Adriano, Alex, Gustavo Nery e Júlio César são os mais cotados para serem promovidos ao Brasil A. Os quatro primeiros devem ganhar uma chance já contra Bolívia e Venezuela, pelas eliminatórias.


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