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FUTEBOL
Treinador dirá aos jogadores para jogar "com alegria" contra a Argentina
Parreira pede à seleção que se divirta em final inédita
FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
Numa final inédita contra o
maior inimigo na principal competição das Américas, o natural
seria a comissão técnica exigir
concentração e respeito aos seus
pupilos. Mas, na seleção brasileira
B, a ordem é se divertir no duelo
contra a Argentina, domingo.
Dez anos depois de ganhar o tetra com a máxima do futebol de
resultados, o técnico Carlos Alberto Parreira pedirá ao Brasil B
que tente conquistar a sétima Copa América para o país atuando
com alegria. "Os ingleses diriam:
"Enjoy the game". É o que eu vou
falar para o meu time. Aproveitem, desfrutem. Em bom português, joguem com alegria."
O discurso oposto ao que habitualmente acontece às vésperas de
uma decisão tem como objetivo
jogar para a Argentina a responsabilidade de vencer o torneio.
Na concentração brasileira, a
opinião geral é de que o dever já
foi cumprido. "Este Brasil é um time que se formou aqui, que teve
dez dias para treinar e mostrou
qualidade ao longo da competição. Só o Brasil é capaz de ter duas
seleções", afirmou o técnico.
O coordenador Zagallo, que ontem passou o dia provocando a
Argentina, vai na mesma linha.
"Agora, estamos aqui a passeio. A
obrigação de ganhar é deles, que
estão com o time completo."
Minutos depois da dramática
classificação para a final, obtida
nos pênaltis após empate em um
gol com o Uruguai, Parreira desabafou com os jogadores.
Após gritos entremeados por
palavrões, disse que o time estava
de parabéns e que já poderia ser
considerado vencedor pelo que
realizou na Copa América -foi a
melhor performance de Parreira
nas três edições que disputou,
com 66,6% de aproveitamento.
Ontem, o técnico insinuou que
a Argentina está na mesma situação de alguém que briga com um
bêbado. "Um importante diretor
argentino disse: "Que faço agora?
Se ganho, ganhei do time B do
Brasil. Se perco, não posso voltar à
Argentina". A pressão maior está
do lado deles", declarou Parreira.
O técnico voltou a ressaltar que,
independentemente do resultado
de domingo, as três semanas no
Peru deram mais opções à seleção
A. "Conversei com o Bordon, que
não teve chance de jogar, que ninguém perdeu tempo estando
aqui. Fiquei feliz de testar 19 dos
22 convocados, mas a avaliação
não é só dentro de campo, mas
também do ambiente. Observamos como os atletas se comportam, como somam no grupo, como se entrosam. E todos aqui estão mais próximos de ir à seleção
principal", completou Parreira.
Dos selecionados, sete foram
aprovados no "vestibular" do técnico. Juan, Renato, Luis Fabiano,
Adriano, Alex, Gustavo Nery e Júlio César são os mais cotados para
serem promovidos ao Brasil A. Os
quatro primeiros devem ganhar
uma chance já contra Bolívia e
Venezuela, pelas eliminatórias.
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