São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Capacidade de estádios é "oficiosa", afirma CBF

Números da entidade divergem dos de clubes e federações, e diretor promete cadastro nacional de arenas para uniformizar dados

MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Levantamento do Datafolha sobre taxa de ocupação dos estádios nacionais despertou polêmica entre clubes e federações. E revela que, no país da Copa-2014, os 19 estádios utilizados no Brasileiro não têm uma capacidade de público que possa ser considerada oficial.
Dados da CBF destoam dos apresentados por administradores de algumas arenas, apesar de a confederação citar os próprios como fonte. Em sua maioria, são inferiores aos apresentados por reportagem da Folha em 12 de julho.
Novo cálculo realizado pelo Datafolha, com base nos números da CBF, mostra que a taxa média de ocupação das arenas neste Brasileiro está em 35,1%, superior ao 28,2% apurado anteriormente -ainda assim, bem inferior às dos principais campeonatos europeus.
O ranking de ocupação segue sem grandes alterações, a começar pelos estádios de Recife, que permanecem no topo (veja quadro). Na verdade, esse talvez seja o único consenso.
Na Arena da Baixada, a CBF aponta 32 mil lugares, contra 25.572 da assessoria de imprensa do Atlético-PR. No Couto Pereira, o site oficial do Coritiba afirma que a capacidade é de 37.182, mas a CBF diz que a arena tem 35.759 lugares.
Outro exemplo é o Barradão. A CBF indica que o estádio pode receber 40 mil. Para o presidente da federação baiana, Ednaldo Gomes, 35 mil. "Antes, eram 45 mil. A CBF exigiu que o espaço das cadeiras fosse ampliado, e a capacidade caiu."
Ao apresentar os dados, o diretor de competições da CBF, Virgílio Elísio, admitiu a dificuldade para se obter números oficiais. "Para mim, esses números são oficiosos, não oficiais, porque são cálculos dos administradores dos estádios."
Para evitar equívocos, a CBF pretende criar um cadastro nacional, no qual constarão dados dos estádios das Séries A, B e C. Elísio solicitará às federações que apresentem, em três meses, laudos da Polícia Militar atestando as capacidades.
"Esses novos dados serão parecidos aos que temos. Mas é importante que existam números oficiais e que os parâmetros sejam os mesmos", afirma.
Carlos de La Corte, autor de tese de doutorado na USP sobre estádios, diz que o Brasil carece de uma normativa que padronize o cálculo de capacidades, com base em parâmetros de conforto e segurança. Na Inglaterra, conta o arquiteto, existe até uma autarquia exclusiva para o assunto, a "Football Licensing Authority".
"A PM de cada Estado usa um critério. Não dá para comprovar que a PM de Porto Alegre use os mesmos parâmetros que a de Salvador", explica.


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