São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 2002

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FUTEBOL

Jogadores e Scolari avaliam que a seleção deve voltar a enfrentar os mesmos problemas das últimas eliminatórias

Pentacampeões enterram ilusão da Copa

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

A fraca apresentação da seleção no amistoso de anteontem contra o Paraguai, em que foi derrotada por 1 a 0, pode ter sido o sinal de que uma dura e familiar realidade para o torcedor brasileiro nos últimos anos está prestes a voltar.
Segundo os próprios jogadores e o técnico Luiz Felipe Scolari, que se despediu do time no jogo de Fortaleza, o vistoso e eficiente futebol apresentado durante a Copa do Mundo dificilmente será reeditado nas próximas competições que o Brasil disputará, principalmente nas eliminatórias sul-americanas para o Mundial da Alemanha-2006, que começam no ano que vem e se estendem até 2005.
A Fifa definiu que, pela primeira vez na história, o campeão mundial dispute as eliminatórias -até hoje, o título classificava automaticamente para a Copa seguinte.
O argumento dos pentacampeões é prosaico: a seleção voltará a ter os mesmos problemas que enfrentou no tortuoso qualificatório para o Mundial Coréia/Japão, como a falta de tempo para treinar e a mudança de treinador.
"Não adianta, não dá para a torcida querer que as eliminatórias sejam a mesma coisa que a Copa, quando a gente ficou mais de um mês juntos. O time não terá tempo de se preparar", afirmou o meia-atacante Rivaldo.
"E, apesar das críticas que possam fazer, continuou com a opinião de que o importante nesses torneios é se classificar", completou o jogador do Milan, um dos destaques do Brasil na Copa-2002 e uma das decepções do time no amistoso de anteontem.
No jogo de Fortaleza, a maioria dos atletas estava fora de forma, e a seleção treinou somente dois dias, o mesmo período que teve em boa parte das últimas eliminatórias, em que amargou vexames históricos e só garantiu vaga no Mundial na última rodada.
Vampeta endossou a preocupação de Rivaldo. "Tudo depende de tempo para se preparar. Se um jogador enfrenta uma viagem da Europa para a América do Sul e joga dois dias depois, sem treinar, ele não tem como arrebentar", disse o volante do Corinthians.
Scolari, cujo sucessor deve ser anunciado pela CBF somente em janeiro, classificou o problema como um desafio para o próximo ocupante do cargo.
"Agora a seleção terá uma dificuldade... Vêm aí as eliminatórias, torneio no qual nós sempre tivemos dificuldades. Não sei como vamos conseguir [superá-las], porque isso é uma coisa histórica na seleção brasileira, mas quem for treinar o time terá que estudar uma saída", declarou Scolari.
"Precisamos em determinado momento mudar essa história. Manter a humildade, jogar de acordo com o calendário em busca de uma classificação e forçar essa situação para os jogadores. O penta já deve ser esquecido, o penta acabou."
O treinador, porém, colocou como um contraponto otimista a capacidade de renovação do futebol brasileiro.
"Muitos clubes estão revelando jovens. Neste Brasileiro, muitos jovens vão sobressair. A seleção pré-olímpica tem um potencial maravilhoso. O Brasil sempre vai ter qualidade, porque a cada ano surgem milhares de novos bons jogadores", disse Scolari.



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