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FUTEBOL
Jogadores e Scolari avaliam que a seleção deve voltar a enfrentar os mesmos problemas das últimas eliminatórias
Pentacampeões enterram ilusão da Copa
FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL
A fraca apresentação da seleção
no amistoso de anteontem contra
o Paraguai, em que foi derrotada
por 1 a 0, pode ter sido o sinal de
que uma dura e familiar realidade
para o torcedor brasileiro nos últimos anos está prestes a voltar.
Segundo os próprios jogadores
e o técnico Luiz Felipe Scolari, que
se despediu do time no jogo de
Fortaleza, o vistoso e eficiente futebol apresentado durante a Copa
do Mundo dificilmente será reeditado nas próximas competições
que o Brasil disputará, principalmente nas eliminatórias sul-americanas para o Mundial da Alemanha-2006, que começam no ano
que vem e se estendem até 2005.
A Fifa definiu que, pela primeira
vez na história, o campeão mundial dispute as eliminatórias -até
hoje, o título classificava automaticamente para a Copa seguinte.
O argumento dos pentacampeões é prosaico: a seleção voltará
a ter os mesmos problemas que
enfrentou no tortuoso qualificatório para o Mundial Coréia/Japão, como a falta de tempo para
treinar e a mudança de treinador.
"Não adianta, não dá para a torcida querer que as eliminatórias
sejam a mesma coisa que a Copa,
quando a gente ficou mais de um
mês juntos. O time não terá tempo de se preparar", afirmou o
meia-atacante Rivaldo.
"E, apesar das críticas que possam fazer, continuou com a opinião de que o importante nesses
torneios é se classificar", completou o jogador do Milan, um dos
destaques do Brasil na Copa-2002
e uma das decepções do time no
amistoso de anteontem.
No jogo de Fortaleza, a maioria
dos atletas estava fora de forma, e
a seleção treinou somente dois
dias, o mesmo período que teve
em boa parte das últimas eliminatórias, em que amargou vexames
históricos e só garantiu vaga no
Mundial na última rodada.
Vampeta endossou a preocupação de Rivaldo. "Tudo depende
de tempo para se preparar. Se um
jogador enfrenta uma viagem da
Europa para a América do Sul e
joga dois dias depois, sem treinar,
ele não tem como arrebentar",
disse o volante do Corinthians.
Scolari, cujo sucessor deve ser
anunciado pela CBF somente em
janeiro, classificou o problema
como um desafio para o próximo
ocupante do cargo.
"Agora a seleção terá uma dificuldade... Vêm aí as eliminatórias,
torneio no qual nós sempre tivemos dificuldades. Não sei como
vamos conseguir [superá-las],
porque isso é uma coisa histórica
na seleção brasileira, mas quem
for treinar o time terá que estudar
uma saída", declarou Scolari.
"Precisamos em determinado
momento mudar essa história.
Manter a humildade, jogar de
acordo com o calendário em busca de uma classificação e forçar
essa situação para os jogadores. O
penta já deve ser esquecido, o
penta acabou."
O treinador, porém, colocou como um contraponto otimista a
capacidade de renovação do futebol brasileiro.
"Muitos clubes estão revelando
jovens. Neste Brasileiro, muitos
jovens vão sobressair. A seleção
pré-olímpica tem um potencial
maravilhoso. O Brasil sempre vai
ter qualidade, porque a cada ano
surgem milhares de novos bons
jogadores", disse Scolari.
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