SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Um grupo de professores e estudantes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) está resgatando a memória do futebol carioca. Desde o início do ano, 16 especialistas -museólogos, bibliotecários, historiadores, jornalistas e sociólogos- trabalham dentro do Vasco no projeto Memória Social dos Esportes.
"A idéia surgiu durante uma visita a São Januário [estádio e sede do Vasco], quando vimos uma série de fotos antigas e documentos históricos expostos nos corredores do clube, mas sem nenhuma ordenação. A partir daí, decidimos criar o projeto para reunir o máximo de informações históricas sobre os clubes do Rio de Janeiro", disse o professor de história Francisco Carlos Teixeira da Silva, que coordena o trabalho.
Para viabilizar o projeto no Vasco, primeiro clube a abrir as portas ao inédito trabalho, o grupo conseguiu um financiamento de R$ 120 mil por ano da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).
No período, a equipe já catalogou um acervo considerável da história do clube, que estava praticamente esquecido.
Para ter idéia das preciosidades "perdidas" na sede vascaína, os pesquisadores encontraram em uma sala um arquivo com as fichas de quase todos os atletas do clube dos anos 20 aos 60.
Os documentos foram reunidos pelos grupo com as fichas dos atletas mais recentes. O resultado ficará pronto em dezembro, quando serão editados mil CD-ROMs com todas as fichas.
No total, são 2.325 documentos catalogados com dados sobre a carreira de jogadores como Ademir Menezes, Roberto Dinamite e Edmundo. Nas fichas, os funcionários do departamento de futebol registravam quase todos os jogos, os gols, os títulos e as advertências aplicadas aos atletas.
Os dados de atletas que participaram do histórico time de 1923, banido da Liga Metropolitana por contar com negros e operários, também estarão no CD-ROM.
Além de documentar todo o arquivo de atletas do clube, incluindo futsal e atletismo, a equipe está entrevistando ex-dirigentes, ex-jogadores, jornalistas e músicos.
Das entrevistas, eles descobriram que um dos grandes treinadores do remo do clube nos anos 50 foi um ex-oficial do Exército da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, identificado apenas como Gerald.
As histórias mais curiosas estarão em um livro que será lançado no final do ano, quando o grupo também pretende editar outros dois CD-ROMs com mais documentos e preciosidades do clube.
Recentemente, o grupo encontrou até a planta da sede de São Januário, feita em linho pelo arquiteto Morales del Rio.


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