|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Credores do comitê Rio 2004 acusam dívidas da campanha frustrada da cidade à Olimpíada
Rio, que pensa em 2012, ainda é cobrado por 2004
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de o Rio já trabalhar sua
candidatura para a Olimpíada de
2012 e de ter assegurado o Pan-2007, que servirá para alavancar
tal projeto, a prefeitura e o governo do Rio, entre outras entidades,
são acusados de manter dívidas
referentes à tentativa de trazer os
Jogos de 2004 para a cidade.
Em 1997, o comitê Rio 2004, formado pela prefeitura e pelo governo do Estado, além de Firjan
(Federação das Indústrias do Rio
de Janeiro) e a Associação Comercial da cidade, admitiu dívida com
prestadoras de serviço e com o
Comitê Olímpico Brasileiro, que
chegava a R$ 3 milhões.
Além do COB, que teria direito a
R$ 250 mil, os outros credores
eram a agência de publicidade
V&S (R$ 364 mil), a agência de
viagens People (R$ 230 mil) e a
empresa de marketing esportivo
Sportsmedia (R$ 1,2 milhão).
Ao menos duas dessas empresas, a V&S e a People, reclamam
que a dívida ainda não foi saldada.
O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, e Leonardo
Gryner, então proprietário da
Sportsmedia, não foram localizados pela reportagem da Folha.
Em agosto, a Prefeitura do Rio
abriu fundo olímpico cujo objetivo é acumular US$ 300 milhões
-US$ 178 milhões seriam dirigidos à realização do Pan-2007 e o
restante seria utilizado na candidatura à Olimpíada de 2012 e em
atividades de fomento ao esporte.
Dos US$ 178 milhões relativos
ao Pan-2007, a Prefeitura do Rio
entraria com US$ 75,2 milhões
(42,3%), e o governo do Estado,
com US$ 9,8 milhões (5,53%).
A People tomou medidas legais
para receber seu dinheiro: entrou
com ação civil (processo
2000.002.14722), ainda em andamento, segundo o Tribunal de
Justiça do Rio. Em primeira instância, a Justiça deu ganho de causa à empresa. O comitê Rio 2004,
na figura de seu ex-gestor, Ronaldo Cezar Coelho, relator da Lei
Pelé e candidato a deputado federal pelo PSDB, recorreu.
""A dívida era de R$ 230 mil,
mas, com juros anuais de 3% a
4%, temos direito a R$ 650 mil",
diz Ricardo Machado, sócio da
People. O problema, segundo ele,
teve início quando Renato Archer, que encabeçava o Rio 2004,
criado em 1995, morreu, em junho de 1996, e foi substituído por
Coelho. Este argumentou que as
dívidas eram anteriores à sua gestão e que, por isso, não as pagaria.
""À época, Coelho disse que havia irregularidades, mas nossa
empresa passou por concorrência
pública e uma firma, a Price Waterhouse, conduziu auditoria nas
contas", afirma Machado.
""É um absurdo agora instituírem um fundo olímpico para arrecadar milhões de dólares para o
Pan-2007 e nova candidatura
olímpica, sem antes terem saudado dívidas anteriores", conclui.
A direção da V&S confirma que
a dívida não foi paga. ""Houve
concorrência, formamos equipe,
trabalhamos seis, oito meses, e
não recebemos nenhum tostão",
diz Valdir Siqueira, sócio da V&S.
A pedido da reportagem da Folha, Siqueira realizou levantamento dos valores da dívida. Segundo ele, a soma era de R$ 364,6
mil (então US$ 301,6 mil), e atualmente, após aplicação de juros, alcançaria a cifra de R$ 1 milhão.
Texto Anterior: Painel F.C. Próximo Texto: Evento em conjunto com São Paulo é sugerido Índice
|