São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

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Credores do comitê Rio 2004 acusam dívidas da campanha frustrada da cidade à Olimpíada

Rio, que pensa em 2012, ainda é cobrado por 2004

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de o Rio já trabalhar sua candidatura para a Olimpíada de 2012 e de ter assegurado o Pan-2007, que servirá para alavancar tal projeto, a prefeitura e o governo do Rio, entre outras entidades, são acusados de manter dívidas referentes à tentativa de trazer os Jogos de 2004 para a cidade.
Em 1997, o comitê Rio 2004, formado pela prefeitura e pelo governo do Estado, além de Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) e a Associação Comercial da cidade, admitiu dívida com prestadoras de serviço e com o Comitê Olímpico Brasileiro, que chegava a R$ 3 milhões.
Além do COB, que teria direito a R$ 250 mil, os outros credores eram a agência de publicidade V&S (R$ 364 mil), a agência de viagens People (R$ 230 mil) e a empresa de marketing esportivo Sportsmedia (R$ 1,2 milhão).
Ao menos duas dessas empresas, a V&S e a People, reclamam que a dívida ainda não foi saldada. O presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, e Leonardo Gryner, então proprietário da Sportsmedia, não foram localizados pela reportagem da Folha.
Em agosto, a Prefeitura do Rio abriu fundo olímpico cujo objetivo é acumular US$ 300 milhões -US$ 178 milhões seriam dirigidos à realização do Pan-2007 e o restante seria utilizado na candidatura à Olimpíada de 2012 e em atividades de fomento ao esporte.
Dos US$ 178 milhões relativos ao Pan-2007, a Prefeitura do Rio entraria com US$ 75,2 milhões (42,3%), e o governo do Estado, com US$ 9,8 milhões (5,53%).
A People tomou medidas legais para receber seu dinheiro: entrou com ação civil (processo 2000.002.14722), ainda em andamento, segundo o Tribunal de Justiça do Rio. Em primeira instância, a Justiça deu ganho de causa à empresa. O comitê Rio 2004, na figura de seu ex-gestor, Ronaldo Cezar Coelho, relator da Lei Pelé e candidato a deputado federal pelo PSDB, recorreu.
""A dívida era de R$ 230 mil, mas, com juros anuais de 3% a 4%, temos direito a R$ 650 mil", diz Ricardo Machado, sócio da People. O problema, segundo ele, teve início quando Renato Archer, que encabeçava o Rio 2004, criado em 1995, morreu, em junho de 1996, e foi substituído por Coelho. Este argumentou que as dívidas eram anteriores à sua gestão e que, por isso, não as pagaria.
""À época, Coelho disse que havia irregularidades, mas nossa empresa passou por concorrência pública e uma firma, a Price Waterhouse, conduziu auditoria nas contas", afirma Machado.
""É um absurdo agora instituírem um fundo olímpico para arrecadar milhões de dólares para o Pan-2007 e nova candidatura olímpica, sem antes terem saudado dívidas anteriores", conclui.
A direção da V&S confirma que a dívida não foi paga. ""Houve concorrência, formamos equipe, trabalhamos seis, oito meses, e não recebemos nenhum tostão", diz Valdir Siqueira, sócio da V&S.
A pedido da reportagem da Folha, Siqueira realizou levantamento dos valores da dívida. Segundo ele, a soma era de R$ 364,6 mil (então US$ 301,6 mil), e atualmente, após aplicação de juros, alcançaria a cifra de R$ 1 milhão.


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