São Paulo, segunda-feira, 23 de setembro de 2002

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VÔLEI

Mais um desafio

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

O cenário já traz boas lembranças. Foi no Mundial da Argentina, em 1982, que o Brasil registrou sua primeira grande conquista: a medalha de prata com a geração de Renan e Xandó. Após 20 anos, o time brasileiro volta à Argentina e inicia domingo a busca do único título que não tem: o de campeão mundial.
Entre as duas seleções, um elo: no Mundial de 82, Bernardinho era reserva do levantador Wil-liam. Agora, é técnico de uma equipe que tem semelhanças com a geração de prata. É um time com ponteiros baixos, habilidosos e com muita explosão. Giba e Nalbert lembram Renan, Montanaro e Bernard.
Mas, afinal, quais as chances de o Brasil chegar ao tão sonhado título mundial? Muitas, eu diria. Basta relembrar o retrospecto na era Bernardinho: em oito torneios, seis títulos e dois vice-campeonatos. Os grandes adversários na batalha pela medalha de ouro serão Itália, Iugoslávia e Rússia.
Mas, você sabe, nestes tempos em que o saque é decisivo, o Brasil vai precisar mostrar mais regularidade no fundamento. Exemplo: na final da Liga Mundial, disputada em agosto, o saque fez a diferença na derrota do Brasil para a Rússia. O time brasileiro registrou 20 erros e apenas três aces.
Outra fragilidade é a extrema dependência de um passe preciso. Com ponteiros talentosos, mas baixos para o atual padrão mundial, a seleção precisa jogar com velocidade o tempo inteiro para superar os bloqueios gigantes. Quando o jogo se concentra em bolas altas na ponta, a situação fica complicada.
Mas o time brasileiro tem grandes qualidades, uma delas é ter um levantador fora de série. Se estiver inspirado e jogar com o passe na mão, Maurício pode fazer a diferença e colocar em ação as inúmeras variações de jogadas do ataque, outro ponto forte.
Dos grandes adversários, a Itália é a que pode aparecer primeiro no caminho do Brasil. Dependendo de alguns resultados, pode cruzar com a seleção brasileira nas quartas-de-final. E os italianos são perigosos: conquistaram os três últimos títulos mundiais, façanha jamais registrada por outra seleção masculina.
Neste Mundial, a maior novidade da Itália é o deslocamento do atacante Fei do meio-de-rede para a posição de oposto. A mudança resolveu um dos pontos frágeis do time: a necessidade de um atacante de força mais regular. Além de atacar todo tipo de bola, até as rápidas, Fei tem um bom bloqueio.
Na última Liga Mundial, a Itália ficou na pior posição entre os quatro favoritos: acabou em quarto. A Rússia foi a campeã, o Brasil, vice, e a Iugoslávia, terceira. Mas, em Mundial, o time italiano, até por tradição de tantos títulos, costuma crescer muito.
A Rússia também tem boas recordações da Argentina. Foi lá, ainda como União Soviética, que ganhou seu último título em um Mundial, em 82. Agora, vai disputar o torneio com um time de gigantes, e o destaque é o central Koulechov, de 2,06 m. Ele é um paredão na rede e talvez o melhor hoje do mundo na posição.
No feminino, a Itália surpreendeu e ganhou o título mundial. No masculino, a República Tcheca, quarta colocada no Europeu, conta com um reforço no banco: Júlio Velasco, técnico que construiu o império italiano. Por essas e outras, é a seleção mais cotada para ser a "zebra" do torneio.


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