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VÔLEI
Mais um desafio
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
O cenário já traz boas lembranças. Foi no Mundial da
Argentina, em 1982, que o Brasil
registrou sua primeira grande
conquista: a medalha de prata
com a geração de Renan e Xandó.
Após 20 anos, o time brasileiro
volta à Argentina e inicia domingo a busca do único título que não
tem: o de campeão mundial.
Entre as duas seleções, um elo:
no Mundial de 82, Bernardinho
era reserva do levantador Wil-liam. Agora, é técnico de uma
equipe que tem semelhanças com
a geração de prata. É um time
com ponteiros baixos, habilidosos
e com muita explosão. Giba e
Nalbert lembram Renan, Montanaro e Bernard.
Mas, afinal, quais as chances de
o Brasil chegar ao tão sonhado título mundial? Muitas, eu diria.
Basta relembrar o retrospecto na
era Bernardinho: em oito torneios, seis títulos e dois vice-campeonatos. Os grandes adversários
na batalha pela medalha de ouro
serão Itália, Iugoslávia e Rússia.
Mas, você sabe, nestes tempos
em que o saque é decisivo, o Brasil
vai precisar mostrar mais regularidade no fundamento. Exemplo:
na final da Liga Mundial, disputada em agosto, o saque fez a diferença na derrota do Brasil para a
Rússia. O time brasileiro registrou
20 erros e apenas três aces.
Outra fragilidade é a extrema
dependência de um passe preciso.
Com ponteiros talentosos, mas
baixos para o atual padrão mundial, a seleção precisa jogar com
velocidade o tempo inteiro para
superar os bloqueios gigantes.
Quando o jogo se concentra em
bolas altas na ponta, a situação
fica complicada.
Mas o time brasileiro tem grandes qualidades, uma delas é ter
um levantador fora de série. Se estiver inspirado e jogar com o passe na mão, Maurício pode fazer a
diferença e colocar em ação as
inúmeras variações de jogadas do
ataque, outro ponto forte.
Dos grandes adversários, a Itália é a que pode aparecer primeiro
no caminho do Brasil. Dependendo de alguns resultados, pode cruzar com a seleção brasileira nas
quartas-de-final. E os italianos
são perigosos: conquistaram os
três últimos títulos mundiais, façanha jamais registrada por outra seleção masculina.
Neste Mundial, a maior novidade da Itália é o deslocamento
do atacante Fei do meio-de-rede
para a posição de oposto. A mudança resolveu um dos pontos
frágeis do time: a necessidade de
um atacante de força mais regular. Além de atacar todo tipo de
bola, até as rápidas, Fei tem um
bom bloqueio.
Na última Liga Mundial, a Itália ficou na pior posição entre os
quatro favoritos: acabou em
quarto. A Rússia foi a campeã, o
Brasil, vice, e a Iugoslávia, terceira. Mas, em Mundial, o time italiano, até por tradição de tantos
títulos, costuma crescer muito.
A Rússia também tem boas recordações da Argentina. Foi lá,
ainda como União Soviética, que
ganhou seu último título em um
Mundial, em 82. Agora, vai disputar o torneio com um time de
gigantes, e o destaque é o central
Koulechov, de 2,06 m. Ele é um
paredão na rede e talvez o melhor
hoje do mundo na posição.
No feminino, a Itália surpreendeu e ganhou o título mundial.
No masculino, a República Tcheca, quarta colocada no Europeu,
conta com um reforço no banco:
Júlio Velasco, técnico que construiu o império italiano. Por essas
e outras, é a seleção mais cotada
para ser a "zebra" do torneio.
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