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RODRIGO BUENO
Para inglês ver
Esperadas revelações da BBC apenas esbarram em peixes pequenos e poupam grandes
magnatas e as "lavanderias"
UMA EXPECTATIVA enorme foi
criada em torno das revelações da BBC sobre negociatas do futebol inglês. No entanto
"Segredos Sujos do Futebol" decepcionou. Pelo barulho criado e pelo
resultado, deixou a desejar.
Nada de nomes de ponta, como
José Mourinho ( 13 milhões por
temporada) ou Alex Ferguson
(quase 20 anos à frente do bilionário Manchester United). Nada de
muito novo ou esclarecedor sobre
relação comercial e complicada de
alguns técnicos com empresários.
A esperada reportagem da BBC
foi ao ar na terça, basicamente colocando na berlinda o técnico do
Bolton, Sam Allardyce. Mas uma
matéria na quinta do jornal "The
Times" parece mais reveladora.
Mais de cem transferências realizadas entre 1º de janeiro de 2004 e
31 de janeiro deste ano são suspeitas e deverão passar agora por uma
investigação mais detalhada.
Sem desmerecer o trabalho da
BBC, a ausência de provas conclusivas vai gerar uma onda de processos na Inglaterra. Além de Allardyce, Kevin Bond, auxiliar técnico do
Portsmouth, o agente Teni Yerima
e talvez o Liverpool entrarão com
ações na esteira do programa.
A questão aqui não é defender
Allardyce, se é que ele tem culpa
mesmo (o Bolton é um time médio
que se acostumou a contratar atletas veteranos, e seu atual treinador
teria aceitado propina de três empresários em algumas transações
de jogadores). O problema é praticamente ignorar a dinheirama que
tomou conta do futebol britânico,
uma vez que o Reino Unido acolhe
magnatas procurados pela Justiça
de outros países e assiste a uma
disputa maluca pelo controle acionários de seus clubes, pequenos ou
grandes. Dinheiro americano, árabe, israelense, russo, whatever.
A federação inglesa já iniciou o
que diz ser uma ""investigação
completa" sobre a corrupção no futebol mais tradicional do planeta.
Porém os nomes que serão ouvidos
são os já citados na coluna, além de
Harry Redknapp, técnico do líder
Portsmouth, e os agentes Peter
Harrison, Charles Collymore e
Craig Allardyce (o último é filho de
Sam e teria ""lucrado secretamente" nas negociações de Ben Haim,
Nakata e Al Habsi). Esse cenário
não é muito diferente do que vemos no Brasil, onde há caso de treinador "chapinha" de empresários
e de clube-satélite e caso de agente
que é filho de ex-membro da comissão técnica da seleção.
Há algo muito podre no reino. O
presidente do Blackpool (nome sugestivo), da segunda divisão, admitiu, por exemplo, ter recebido ofertas de comissões para facilitar venda de atletas. Na segunda, o Bolton,
com Allardyce, pega o Portsmouth,
com Redknapp, no último jogo do
empresário sérvio Milan Mandaric, que deixará o cargo de ""dono"
do surpreendente líder do Inglês
-assume o empresário francês
Alexandre Gaydamak. Negócios...
PARA ALEMÃO VER
Baixarias racistas e xenofóbicas
tomam conta da Alemanha e da Polônia. Pelos insultos de sua torcida
ao brasileiro Kahê, o Aachen deve
pagar só 75 mil (nada de perda de
pontos ou de mando de campo),
mas mais que o Hansa Rostock pagou pelas manifestações racistas
contra Asamoah ( 20 mil).
PARA FRANCÊS VER
Os clubes franceses, grandes e
pequenos, estavam ávidos pela
possibilidade de colocar ações na
Bolsa. Agora, ganharam aval para
isso e podem seguir o exemplo de
tantos times ingleses e italianos
que quebraram a cara no mercado.
PARA MEXICANO VER
O México se coloca de prontidão
para receber a Copa de 2010 ou a de
2014. O país já herdou a Copa de
1986 da Colômbia. Agora, chega.
rbueno@folhasp.com.br
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