São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

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Clássico celebra fim de eras de ditadores

Pela 1ª vez em 14 anos, Corinthians e Palmeiras duelam sob nova direção

Alberto Dualib e Mustafá Contursi tiveram longas gestões com muitos títulos, mas deixaram o poder desgastados por vexames

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
RENAN CACIOLI

DA REPORTAGEM LOCAL

O clássico mais tradicional do Estado e uma das maiores rivalidades do país passa a respirar novos ares a partir de hoje.
Depois de 14 anos, Corinthians e Palmeiras fazem no Morumbi, às 16h, o primeiro confronto sem terem no comando presidentes que se perpetuaram no poder.
Depois da renúncia de Alberto Dualib, anteontem, o Corinthians passa a viver um período de transição administrativa.
Experiência já ocorrida no Parque Antarctica pelo arqui-rival, que há quase três anos trilha um novo caminho após viver sob a administração personalista e centralizadora de Mustafá Contursi.
Os homens que comandaram Corinthians e Palmeiras por mais de uma década têm mais do que a origem árabe em comum. Ambos se seguraram por longo período sabendo usar a máquina administrativa. Tanto Mustafá (1993 a 2005) como Dualib (1993 a 2007) moldaram os Conselhos Deliberativos para lhes darem sustentação política em seus cargos.
Assumiram com amplo apoio. E, depois, trabalharam para solidificar suas bases.
Indicaram ou ajudaram em eleições, com o prestígio de presidente, grande parte dos conselheiros que compunham os órgãos em seus clubes.
Ambos, galgados em parcerias, tornaram-se vencedores. Mustafá, com a ajuda da co-gestão (e do alto orçamento para contratações) da Parmalat, entrou para a história como o presidente do fim da fila de títulos palmeirenses, em 1993, e da então inédita conquista da Libertadores, em 1999.
Dualib, mandatário que viu passar três parceiros (Banco Excel, HMTF e MSI) -e muito dinheiro- pelo Parque São Jorge, pôs em seu currículo de cartola um Mundial de Clubes, em 2000, e três Brasileiros.
Grandes vexames também marcaram suas gestões.
No Parque São Jorge, Dualib foi obrigado a renunciar ao cargo que ocupou por quase uma década e meia. Saiu anteontem sob enxurrada de denúncias e marcado pelo que os corintianos têm chamado de a maior vergonha pela qual o clube já passou: dívidas incontáveis, problemas na Justiça e envolvimento com supostos criminosos internacionais.
Já Mustafá foi responsável por montar o time que levou um tetracampeão brasileiro à segunda divisão, em 2003.
Ele deixou o poder, mas fez seu sucessor, Affonso della Monica. Porém, fora do cargo mais importante do clube, não conseguiu manter o controle sobre o andamento da gestão, a quem agora faz oposição.
A nova diretoria, no entanto, ainda não conseguiu realizar as tão sonhadas mudanças radicais a que se propunha quando não mandava no clube.
Sem seus eternos presidentes, Corinthians e Palmeiras entram em campo para mais um dérbi. Não têm mais craques como nas épocas de pesados investimentos de seus parceiros milionários.
Mas celebram ao mesmo tempo, pela primeira vez em quase uma década e meia, o gosto de poder dizer que vivem sob nova direção.

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