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Clássico celebra fim de eras de ditadores
Pela 1ª vez em 14 anos, Corinthians e Palmeiras duelam sob nova direção
Alberto Dualib e Mustafá Contursi tiveram longas gestões com muitos títulos, mas deixaram o poder desgastados por vexames
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O clássico mais tradicional
do Estado e uma das maiores rivalidades do país passa a respirar novos ares a partir de hoje.
Depois de 14 anos, Corinthians e Palmeiras fazem no
Morumbi, às 16h, o primeiro
confronto sem terem no comando presidentes que se perpetuaram no poder.
Depois da renúncia de Alberto Dualib, anteontem, o Corinthians passa a viver um período
de transição administrativa.
Experiência já ocorrida no
Parque Antarctica pelo arqui-rival, que há quase três anos trilha um novo caminho após viver sob a administração personalista e centralizadora de
Mustafá Contursi.
Os homens que comandaram
Corinthians e Palmeiras por
mais de uma década têm mais
do que a origem árabe em comum. Ambos se seguraram por
longo período sabendo usar a
máquina administrativa. Tanto
Mustafá (1993 a 2005) como
Dualib (1993 a 2007) moldaram os Conselhos Deliberativos para lhes darem sustentação política em seus cargos.
Assumiram com amplo
apoio. E, depois, trabalharam
para solidificar suas bases.
Indicaram ou ajudaram em
eleições, com o prestígio de
presidente, grande parte dos
conselheiros que compunham
os órgãos em seus clubes.
Ambos, galgados em parcerias, tornaram-se vencedores.
Mustafá, com a ajuda da co-gestão (e do alto orçamento para
contratações) da Parmalat, entrou para a história como o presidente do fim da fila de títulos
palmeirenses, em 1993, e da então inédita conquista da Libertadores, em 1999.
Dualib, mandatário que viu
passar três parceiros (Banco
Excel, HMTF e MSI) -e muito
dinheiro- pelo Parque São
Jorge, pôs em seu currículo de
cartola um Mundial de Clubes,
em 2000, e três Brasileiros.
Grandes vexames também
marcaram suas gestões.
No Parque São Jorge, Dualib
foi obrigado a renunciar ao cargo que ocupou por quase uma
década e meia. Saiu anteontem
sob enxurrada de denúncias e
marcado pelo que os corintianos têm chamado de a maior
vergonha pela qual o clube já
passou: dívidas incontáveis,
problemas na Justiça e envolvimento com supostos criminosos internacionais.
Já Mustafá foi responsável
por montar o time que levou
um tetracampeão brasileiro à
segunda divisão, em 2003.
Ele deixou o poder, mas fez
seu sucessor, Affonso della Monica. Porém, fora do cargo mais
importante do clube, não conseguiu manter o controle sobre
o andamento da gestão, a quem
agora faz oposição.
A nova diretoria, no entanto,
ainda não conseguiu realizar as
tão sonhadas mudanças radicais a que se propunha quando
não mandava no clube.
Sem seus eternos presidentes, Corinthians e Palmeiras
entram em campo para mais
um dérbi. Não têm mais craques como nas épocas de pesados investimentos de seus parceiros milionários.
Mas celebram ao mesmo
tempo, pela primeira vez em
quase uma década e meia, o
gosto de poder dizer que vivem
sob nova direção.
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