São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Só Libertadores segura Caio Jr. no Palmeiras em 2008

Apesar de técnico afirmar viver boa fase, renovação de seu vínculo depende de classificação à competição continental

Para tirar foco do treinador, diretoria arma estratégia e diz que conversas a respeito de contratos, inclusive com atletas, só após o Brasileiro

Almeida Rocha/Folha Imagem
Martinez brinca com a bola em treino do Palmeiras em Jarinu, para o clássico com o Corinthians


DA REPORTAGEM LOCAL

Fora das semifinais do Paulista. Eliminado da Copa do Brasil pelo o modesto Ipatinga em pleno Parque Antarctica. E já considerado, pela cúpula do clube, alijado da disputa do título do Brasileiro a 12 rodadas do término da competição.
Depois de seguidas frustrações, a era estéril de Caio Júnior tem um último suspiro para se perpetuar em 2008: terminar o Nacional entre os quatro primeiros, a fim de garantir o Palmeiras na Libertadores.
Se o discurso do técnico palmeirense é o de que o time vive bom momento, apesar da curva descendente da equipe, a postura da diretoria em não cogitar a antecipação de sua renovação sinaliza o contrário.
Toninho Cecílio, gerente de futebol do clube, disse que a não-antecipação do contrato -o atual acaba em dezembro- faz parte de uma estratégia.
"Estamos trabalhando com o pensamento de ter o Caio Jr. no ano que vem. Mas existem outras pendências. É nosso direito esperar terminar o campeonato para conversar sobre renovação. Caso o time se classifique para a Libertadores, o investimento vai ter de ser analisado", afirmou o dirigente.
Para que o foco não fique apenas em cima da renovação ou não do vínculo com o treinador, os cartolas do clube decidiram cravar uma data para que as negociações envolvendo Caio Jr. ou algum jogador -como o atacante Edmundo- sejam tratadas publicamente: 3 de dezembro, um dia após o término do Brasileiro.
A postura cautelosa da diretoria em relação ao técnico se justifica por dois fatores: o primeiro é ver passar 2007 sem um título importante. O outro é o efeito gangorra da equipe, que não consegue emplacar uma seqüência de vitórias que a permita deslanchar na tabela.
Uma ala de conselheiros e também pessoas com acesso ao presidente Affonso della Monica já fazem corrente pela renovação no futebol caso o time passe em branco. E essa pressão, que voltou a ter voz nas derrotas para São Paulo e Cruzeiro, ganhou ainda mais força após o revés da última rodada, diante do Atlético-PR, time que luta contra o rebaixamento.
Preocupado em armar o time para o clássico contra o Corinthians, Caio Jr. descartou qualquer tipo de pressão, apesar de o Palmeiras ter somado quatro pontos dos últimos 15 que disputou, com três derrotas, um empate e uma vitória.
"O time vive bom momento, e o ambiente é ótimo, posso garantir. O que aconteceu é que tivemos uma seqüência difícil na tabela [referindo-se a São Paulo, Cruzeiro e Botafogo]. A derrota para o Atlético-PR é que não estava nos planos, e vamos ter de recuperar agora", falou o treinador.
A situação pela qual passa o comandante palmeirense não chega a ser inédita no clube. Em 2004, o então técnico Estevam Soares enfrentou pressão semelhante. O treinador só ganhou carta-branca do presidente na época, Mustafá Contursi, para seguir com o time no ano seguinte após classificar a equipe para a Libertadores-05.
E, se for levado em conta o tempo de permanência de Caio Júnior no clube, pode-se dizer que ele já conseguiu uma façanha difícil de ser alcançada no Palmeiras neste século.
Contra o Corinthians, completa o 49º jogo no time. Apenas Jair Picerni (78 partidas) e Emerson Leão (59) foram mais longe do que ele no time alviverde. Caio Jr. já ultrapassou o próprio Estevam Soares (47).
Talvez estes números expliquem por que, mesmo sob a pressão de precisar chegar entre os quatro primeiros do campeonato, ele demonstre uma postura tranqüila diante da incerteza de ser ou não o técnico do Palmeiras em 2008.
"Eu estou acostumado a superar problemas", costuma repetir o treinador palmeirense, que no ano passado classificou o Paraná para o torneio continental. (TONI ASSIS)

Texto Anterior: Clássico celebra fim de eras de ditadores
Próximo Texto: Desfalques: Defesa joga sem 3 titulares
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.