São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

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Por semifinal, "baixinhas" da seleção vão a campo

Brasil joga por lugar na próxima fase do Mundial da China contra a Austrália

Ao contrário da equipe masculina, cheia de atletas altos e pesados, a feminina tem biótipo bem mais frágil do que a maioria das rivais

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Na Copa da Alemanha, no ano passado, o Brasil tinha o quarteto ofensivo com os jogadores mais fortes (contabilizando altura e peso) entre os grandes favoritos ao título.
Com as mulheres a coisa é diferente. O time nacional, que hoje, às 9h, joga contra a Austrália por uma vaga nas semifinais do Mundial da China, brilha com um elenco "mirrado".
Entre as oito seleções que passaram da primeira fase, apenas a Coréia do Norte tem uma média de altura menor do que a das jogadoras brasileiras.
As 21 convocadas pelo técnico Jorge Barcellos têm, em média, 1,67 m, contra, por exemplo, 1,71 m das americanas.
E a marca brasileira só não é menor por causa das defensoras e de muitas reservas. Do meio-campo para frente o time tem corpos ainda menores.
Com exceção da volante Renata Costa (1,71 m), nenhuma brasileira titular do meio-campo e do ataque ultrapassa o 1,68 m. A menor delas é a meia Maycon, com apenas 1,55 m.
Marta foi eleita e melhor jogadora do mundo com um corpo bem diferente de outras grandes jogadores européias. A alemã Birgit Prinz, por exemplo, que também é atacante, mede 1,79 m, ou 17 centímetros a mais do que a brasileira. O peso da européia é 18 quilos maior do que o da sul-americana.
Contra a Austrália, é melhor as atletas nacionais esquecerem o jogo aéreo. Um dos destaques do time da Oceania, que avançou na sua chave em segundo lugar e com só uma vitória em três jogos, é a zagueira Salisbury, que tem 1,80 m.
A preparação física de boa parte da seleção feminina é muito diferente da masculina, que tem praticamente todos os seus integrantes em clubes europeus, com sofisticados centros de treinamento.
As brasileiras que não conseguiram um emprego na Europa ficam no próprio país, sem competições regulares de clubes, com uma infra-estrutura precária e dinheiro curto para uma alimentação adequada.
Mas a falta de corpos fortes não fez diferença até aqui.
O time foi o único a terminar a primeira fase com 100% de aproveitamento -venceu, pela ordem, Nova Zelândia, China e Dinamarca. Só Brasil e Alemanha não foram vazados na parte inicial da competição, sendo que o time nacional foi o que menos sofreu finalizações no Mundial -foram apenas 14 em três partidas.
O ataque também funcionou. O time já acumula dez tentos no campeonato.
Marta, que já fez quatro gols, assusta as adversárias, e o resto do time comemora a atenção que ela desperta nas rivais.
"Quando os times enfrentam a melhor jogadora do mundo é normal que eles a marquem de perto. Se derem espaço a ela, sua qualidade irá gerar dividendos. Mas, se colocarem três defensores em cima dela, isso deixará muito espaço para as outras jogadoras", disse Barcellos ao site da Fifa. "E o Brasil é muito mais do que Marta. Nós temos várias jogadoras talentosas", completou o treinador.
Pretinha, que entrou durante o jogo para marcar o gol da vitória contra a Dinamarca, na jornada derradeira da primeira fase, concorda com o técnico. "Os rivais sempre tendem a marcar Marta. Por isso, é muito importante a gente jogar como equipe", afirmou a veterana, que disputa seu quarto Mundial.
A Austrália, apesar da primeira fase irregular, está confiante. "O Brasil pode marcar muitos gols, mas nós temos muitas armas também", prometeu Salisbury. O técnico Tom Sermanni faz até piada com o favoritismo brasileiro. "Será fácil", brincou ele.
Se passar pela Austrália, o Brasil joga semifinal na quinta-feira. A final será no domingo.

NA TV - Brasil x Austrália


Band e Sportv, ao vivo, às 9h

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