São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

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Brasil quer crescer para ir à elite

Atleta alijado do Pan planeja usar obstáculos mais altos para igualar provas nacionais às européias

Qualidade dos cavalos ainda é entrave para concursos de hipismo atingirem 1,60 m, que é o nível das principais competições fora do país

FABIO GRIJÓ
DA REPORTAGEM LOCAL

De um lado os cavaleiros "estrangeiros", como Rodrigo Pessoa e Álvaro Affonso de Miranda Neto, que moram e treinam na Europa, a nata do hipismo.
Do outro, os "brasileiros", que seguem no país disputando concursos tidos pelos "europeus" como inferiores aos dos melhores do mundo.
As divergências que marcaram a escolha da equipe de saltos para o Pan-2007 podem começar a ser amenizadas. O hipismo nacional se inspira na Europa, e no desejo de Pessoa e cia., para melhorar o nível das provas realizadas no Brasil.
A menos de um ano dos Jogos Olímpicos -quando o time brasileiro estará completo, com quatro titulares e um reserva-, novos concursos nacionais buscam um grau de dificuldade maior. Para isso, importam materiais utilizados na Europa ou adicionam centímetros à altura dos obstáculos.
Olimpíadas e Mundiais são disputados com barreiras a 1,60 m, algo raro nas pistas brasileiras: somente o Pan e o concurso promovido por Athina Onassis em agosto, em São Paulo, tiveram essa altura. No geral, chegam no máximo a 1,50 m.
"Podemos não ter os mesmos animais da Europa, mas queremos diminuir os espaços em relação aos grandes concursos de lá", diz Vitor Alves Teixeira, alijado da equipe do Pan e um dos organizadores de evento no Clube Hípico Santo Amaro, na capital paulista, neste ano.
"Primeiro, queremos colocar materiais iguais aos da Europa, varas com mesmo peso, ganchos com a mesma delicadeza. É preciso qualificar nossos armadores [de pista] com as exigências técnicas da Europa."
Varas e ganchos determinam, ao lado da altura dos obstáculos, o grau de dificuldade da pista. De acordo com o ajuste das peças, um obstáculo pode se tornar mais ou menos "derrubável", mais sensível a qualquer toque do cavalo.
"A diferença do nível pan-americano para o da Olimpíada é muito grande. A Europa é a Fórmula 1 do hipismo. Assim como na F-1, você tem etapas no Canadá, nos EUA e, agora, no Brasil, com o concurso da Athina", afirma o armador de pistas Guilherme Nogueira Jorge, que passa cerca de 25 semanas por ano no exterior, montando percursos.
Com a experiência do traçado de duas finais de Copa do Mundo, o terceiro torneio hípico em importância, atrás da Olimpíada e do Mundial, Jorge explica que é preciso, a médio prazo, aumentar o nível de dificuldade das provas daqui.
"O hipismo dentro do Brasil sempre teve o melhor das Américas, mas à medida que aparecem mais cavalos bons pode-se aumentar o grau de dificuldade. Assim, acaba estimulando os cavaleiros a saltar aqui."
A altura dos obstáculos determina a premiação dos concursos. O Athina Onassis, com a principal prova a 1,60 m, foi o de maior premiação no país: cerca de R$ 2 milhões.
"Hoje, no Brasil, temos, no máximo, cinco cavalos de nível olímpico", diz Teixeira. "Temos que ajustar a altura [dos obstáculos] com os cavalos."

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