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Brasil quer crescer para ir à elite
Atleta alijado do Pan planeja usar obstáculos mais altos para igualar provas nacionais às européias
Qualidade dos cavalos ainda é entrave para concursos de hipismo atingirem 1,60 m, que é o nível das principais competições fora do país
FABIO GRIJÓ
DA REPORTAGEM LOCAL
De um lado os cavaleiros "estrangeiros", como Rodrigo Pessoa e Álvaro Affonso de Miranda Neto, que moram e treinam
na Europa, a nata do hipismo.
Do outro, os "brasileiros",
que seguem no país disputando
concursos tidos pelos "europeus" como inferiores aos dos
melhores do mundo.
As divergências que marcaram a escolha da equipe de saltos para o Pan-2007 podem começar a ser amenizadas. O hipismo nacional se inspira na
Europa, e no desejo de Pessoa e
cia., para melhorar o nível das
provas realizadas no Brasil.
A menos de um ano dos Jogos Olímpicos -quando o time
brasileiro estará completo, com
quatro titulares e um reserva-,
novos concursos nacionais
buscam um grau de dificuldade
maior. Para isso, importam materiais utilizados na Europa ou
adicionam centímetros à altura
dos obstáculos.
Olimpíadas e Mundiais são
disputados com barreiras a 1,60
m, algo raro nas pistas brasileiras: somente o Pan e o concurso
promovido por Athina Onassis
em agosto, em São Paulo, tiveram essa altura. No geral, chegam no máximo a 1,50 m.
"Podemos não ter os mesmos
animais da Europa, mas queremos diminuir os espaços em relação aos grandes concursos de
lá", diz Vitor Alves Teixeira, alijado da equipe do Pan e um dos
organizadores de evento no
Clube Hípico Santo Amaro, na
capital paulista, neste ano.
"Primeiro, queremos colocar
materiais iguais aos da Europa,
varas com mesmo peso, ganchos com a mesma delicadeza.
É preciso qualificar nossos armadores [de pista] com as exigências técnicas da Europa."
Varas e ganchos determinam, ao lado da altura dos obstáculos, o grau de dificuldade
da pista. De acordo com o ajuste das peças, um obstáculo pode se tornar mais ou menos
"derrubável", mais sensível a
qualquer toque do cavalo.
"A diferença do nível pan-americano para o da Olimpíada
é muito grande. A Europa é a
Fórmula 1 do hipismo. Assim
como na F-1, você tem etapas
no Canadá, nos EUA e, agora,
no Brasil, com o concurso da
Athina", afirma o armador de
pistas Guilherme Nogueira
Jorge, que passa cerca de 25 semanas por ano no exterior,
montando percursos.
Com a experiência do traçado de duas finais de Copa do
Mundo, o terceiro torneio hípico em importância, atrás da
Olimpíada e do Mundial, Jorge
explica que é preciso, a médio
prazo, aumentar o nível de dificuldade das provas daqui.
"O hipismo dentro do Brasil
sempre teve o melhor das Américas, mas à medida que aparecem mais cavalos bons pode-se
aumentar o grau de dificuldade. Assim, acaba estimulando
os cavaleiros a saltar aqui."
A altura dos obstáculos determina a premiação dos concursos. O Athina Onassis, com a
principal prova a 1,60 m, foi o
de maior premiação no país:
cerca de R$ 2 milhões.
"Hoje, no Brasil, temos, no
máximo, cinco cavalos de nível
olímpico", diz Teixeira. "Temos
que ajustar a altura [dos obstáculos] com os cavalos."
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