São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2010

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Na volta, Neymar só aparece com a bola

Discreto, pivô de polêmica apanha, não reclama, faz gol, ganha "homenagens" das arquibancadas e se cala

Mauricio Lima/France Presse
Neymar em momento de descanso no clássico

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS

Demorou 20 minutos de jogo para Neymar levantar a gola de sua camisa. Retomava o estilo de roqueiros nos anos 50, símbolo de rebeldia, que sempre adota em campo.
Um detalhe em meio ao comportamento discreto e silencioso desde a entrada no gramado. Aparecia só com a bola para exibir os belos dribles e passes rotineiros.
Antes do apito, abraçou colegas, ouviu conselhos. Da torcida, não veio protestos nem apoio escancarado após a saída do técnico Dorival Jr., no caso de sua indisciplina.
Até ensaiou simular um tapa de Alessandro, mas desistiu. Nem falava com o lateral ou com Boquita, seus marcadores frequentes ontem.
Comunicava-se pouco até com colegas de time. No máximo, pedia a bola por baixo.
Mas, com o jogo rolando, estava solto, superava os rivais na velocidade e criava as principais chances de gol.
Só o que o incomodava eram acessórios para as caneleiras. Foi três vezes ao banco para botar água nos pés. Em uma delas, fez até piadinha com o técnico interino Marcelo Martelotti.
E mostrou seu jeito desleixado. Tirou esparadrapos e os jogou no meio do campo.
Desenvolto com a bola, fez o gol aos 27min de jogo, bem posicionado, aproveitando o rebote de chute de Marcel.
Deu abraço nos colegas de time. Mas sua comemoração entusiasmada foi com os reservas, Madson, Zé Love e Alan Patrick, jogadores de quem é mais próximo.
Ganhou a torcida. "Vai para cima deles, Neymar", cantavam os santistas, substituindo o nome do clube pelo dele no grito tradicional.
Saiu de campo no mesmo silêncio que entrou nele. Para isso, empurrou de leve o muro de repórteres. "Não é mole não, quem manda nessa p... é o bebê chorão", provocavam os corintianos.
Na volta do intervalo, falava mais, até com rivais: risos discretos ou pedidos de desculpas. Quando apanhou, manteve-se calado. Por dribles, provocou amarelos em Boquita e Paulo André.
Mas, quando podia ter decidido o jogo, perdeu gol feito em rebote de falta. Na confusão no final do jogo, Neymar era o mais afastado.
Perdeu o jogo e foi cumprimentar o juiz Carlos Eugênio Simon. Mas a gola continuava em pé. Cercado por repórteres, disse que falaria na coletiva, à qual não apareceu.


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