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FUTEBOL
Meia-atacante diz que pode compor grupo e que esperava convocação
Entristecido com Parreira, Rivaldo quer vaga na Copa
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Por onde passa ele diz que ainda
é lembrado como um dos melhores brasileiros que atuaram na Europa. Dá autógrafos, é ídolo de
seu time, o grego Olimpiakos. Rivaldo, 33, não reclamaria de ter
saído dos holofotes dos principais
centros do futebol europeu não
fosse por dois detalhes: a seleção
brasileira e a Copa do Mundo da
Alemanha, em 2006.
Em entrevista à Folha, por telefone e da Grécia, o meia-atacante,
peça fundamental na conquista
do pentacampeonato, na Copa da
Coréia e Japão, em 2002, se disse
triste por não ser lembrado pelo
atual técnico da seleção brasileira,
Carlos Alberto Parreira, para pelo
menos compor o grupo que tentará o hexa no ano que vem. Rivaldo fala que gostaria de ir ao
próximo Mundial e que, se for
chamado, tem condições de disputar vaga no quarteto mágico.
Folha - Ter ido à Grécia te atrapalhou de alguma maneira?
Rivaldo - Aqui o Olimpiakos é
grande, mas não tem comparação
com os campeonatos famosos,
como o Espanhol, o Italiano, o Inglês. Por isso a gente sai pouco da
mídia. Só se fala um pouco mais
quando é Copa [dos Campeões]
da Europa. No Brasil, só aparece
quando é campeão.
Folha - Você pensa em ir para a
Copa de 2006?
Rivaldo - Pensar a gente pensa, e
já há tempos. Eu disputei as eliminatórias [para o Mundial da Alemanha], mas algumas coisas
aconteceram, a minha saída do
Milan [da Itália], e eu não fui
mais convocado. Mas arrumei
um clube e estou jogando.
Folha - E você acha que não voltou à seleção por quê? O Parreira
não vê jogos do futebol grego?
Rivaldo - Não digo isso no meu
caso. O Parreira me conhece. Joguei Copa. No Barcelona [Espanha], fui o melhor do mundo [em
1999]. Acredito que, se o jogador
está bem, tem chances de ser convocado. Mas acredito que, pelos
jogadores que tem no momento
na seleção, o Parreira não acha
que eu deva estar na seleção. Eu
tenho que respeitar. O treinador
não conta comigo. Eu vi em algumas entrevistas que ele ia me convocar nesta temporada. Fiquei esperando, e até agora nada.
Folha - Você ficou decepcionado
com isso?
Rivaldo - Decepcionado não. Fico triste porque tenho uma história na seleção. E tenho condições
de estar, não digo jogando, porque jogando só se pode definir
nos treinamentos, mas estar no
grupo. Pela pessoa que eu fui na
seleção, pelo o que eu fiz e pelo o
que eu ainda posso render.
Folha - Se você não for à Copa, a
seleção é caso encerrado?
Rivaldo - Encerrado. Porque não
teria mais condições. Eu terei 34
anos [em 2006] e não teria mais
condições de ir a uma outra Copa.
Hoje eu tenho 33 e tenho história,
experiência para ajudar a seleção
e já está difícil. Depois, não adianta mais. Já vou estar com 38 chegando à Copa do Mundo e é impossível no Brasil, onde se revela
um jogador a cada dia.
Folha - Se você estivesse no grupo, teria condições de competir por
uma vaga de titular no quarteto?
Rivaldo - Respeito todos. Mas eu
me encontro bem e com certeza
teria condições de disputar uma
posição [com os atacantes Ronaldinho, Ronaldo, Adriano, Robinho e o meia-atacante Kaká].
Folha - Com quantos anos quer
encerrar a carreira?
Rivaldo - Tenho mais um ano de
contrato. Depois, penso em voltar
ao Brasil e, quem sabe, jogar mais
um ou dois anos. Se não tiver
mais condição, penduro a chuteira. Não quero é passar vergonha.
Folha - Tem algum time em que
gostaria de encerrar a carreira?
Rivaldo - Sempre falei o Palmeiras. Mas depende de como vai estar o time no momento.
Folha - Por que você nunca mais
se destacou depois da Copa?
Rivaldo - É diferente. Eu saí da
vitrine, que é a Espanha, a Itália e
a Inglaterra. Então as pessoas não
olham. E também por não estar
na seleção. Na seleção, destaca-se
mais. Mas ainda em qualquer país
que eu vou todo mundo fica louco
comigo, vem pedir autógrafo.
Folha - Você acha que o Brasil é
muito superior às outras seleções
na Copa ou não é bem assim?
Rivaldo - O Brasil sempre é favorito. É superior, mas tem que tomar cuidado. Na primeira fase, é
tranqüilo, mas na outra fase é mata-mata. Pode não ser o dia do
Brasil, pode perder nos pênaltis. E
aí? Não é chegar que vai ganhar.
Folha - O que você acha do Brasil
jogar com o quarteto mágico?
Rivaldo - Vejo todos falando para colocar esse, aquele, pra ser
ofensivo... De fora é fácil falar. Tudo depende do jogo. Às vezes pode jogar, quatro, cinco e dá certo.
Mas pode perder um jogo e aí os
mesmos que dizem para colocar
os quatro, vão criticar.
Folha - Quem você acha favorito,
além do Brasil, para vencer a Copa?
Rivaldo - Posso falar da Alemanha, que vai jogar no seu país. Isso
motiva o jogador. Ele se desdobra.
Aí vem Itália, Argentina, Portugal, pelo trabalho do Felipão [o
técnico brasileiro Luiz Felipe Scolari], e a Holanda. De seleções assim não se fala muito porque mudaram muitos jogadores, que vão
ser falados depois da Copa.
Folha - Certa vez você declarou
que era muito criticado porque é
nordestino. Ainda pensa assim?
Rivaldo - Não. Tudo isso, pelo o
que fiz na Copa, foi superado. Até
achei legal que pessoas que me
criticavam me pediram desculpas
pela TV, pelo rádio.
Folha - Quem são os melhores
técnicos do mundo?
Rivaldo - Vou ficar com os brasileiros. O Luxemburgo, o Felipão e
o Parreira são os melhores.
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