São Paulo, sexta, 23 de outubro de 1998

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SPARRING
Imprescindível?

EDUARDO OHATA

"O boxe não se resume só a Mike Tyson, o esporte não necessita dele para sobreviver. Daqui a alguns anos, quando Tyson tiver se aposentado, o boxe continuará." Essa é a opinião de Nigel Collins, editor da revista especializada "The Ring", sobre a questão da atividade de Tyson ser ou não imprescindível para a continuidade do esporte.
E ele está certo. Em parte. O boxe já sobreviveu a várias temporadas -algumas dolorosamente prolongadas- quando o campeão não tinha carisma. Como os mais de sete anos nos quais Larry Holmes dominou a categoria dos pesados e o público dependia das aparições de Sugar Ray Leonard para vibrar.
E, antes, houve o período entre a aposentadoria do ídolo Rocky Marciano e o surgimento do irreverente Muhammad Ali.
Mas ninguém pode negar que Tyson dá mais vida ao boxe, que ganha mais espaço em jornais, revistas e nas telas de TV.
"Ele está de volta!." "Pode Tyson recuperar a forma original?" "Quem será seu primeiro adversário?" E Tyson não desferiu nenhum golpe ainda.
O público não demonstra interesse só pelo que acontece dentro do ringue. As atividades noturnas ou ocorrências policiais envolvendo o lutador atraem tanta atenção quanto seus combates. A novela para se decidir quem é, de fato, seu empresário -Don King, Shelly Finkel ou "Magic Johnson"- também é acompanhada atentamente. O que não aconteceria com outros.
Só o fato de Tyson ter atuado como o catalisador para "Magic" Johnson declarar seu interesse de se envolver de vez no esporte -o "namoro" se arrastava havia meses- serve como medida do apelo gerado por este.
Como dizem, "ele (Tyson) fará seu retorno contra alguém desqualificado, cobrarão uma fortuna no pay-per-view (nos EUA) por seu combate e sim... você pagará para assistir..." Com certeza, o boxe sobreviveria sem Tyson. Mas, com certeza, o esporte fica bem melhor com ele.

NOTAS

Passado
Há exatos 30 anos, no México, Servílio de Oliveira conquistava a única medalha olímpica de boxe para o Brasil. Foi quando perdeu, por pontos, nas semifinais da competição para o mexicano Ricardo Delgado, posteriormente ouro, garantindo assim, o bronze.

Presente
Hector "Macho" Camacho e Hector Jr., pai e filho, enfrentam-se hoje. Mas trata-se só de uma luta pela audiência. É que um -o pai- apresenta-se pela ESPN, enquanto o filho participa de combate na Fox.

Futuro
A final do Paulista de boxe amador, que aconteceria na próxima terça-feira, no ginásio Baby Barioni, foi adiada para a semana seguinte. O motivo é que a diretoria da Federação Paulista de Pugilismo, que organiza as programações, estará na África do Sul participando da convenção anual do Conselho Mundial de Boxe.



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