PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Gustavo Nery, o curinga são-paulino, completa hoje seu baralho. Quando entrar no gramado do Morumbi para enfrentar o Vitória, às 18h, o polivalente jogador terá sido escalado para atuar como titular em todos os setores de um time de futebol. Mais ainda: em todas as posições possíveis.
Com a falta de atacantes no elenco em quem possa confiar, o técnico Roberto Rojas preferiu colocar Nery para formar a dupla com Diego a escalar Rico, recém-integrado ao elenco após uma "reciclagem" no São Paulo B.
"O Gustavo vai vir de trás, como fez nas partidas na Inglaterra", afirma o treinador chileno.
A saga do jogador-curinga começou em março deste ano.
Durante o Campeonato Paulista e já com uma defesa muito criticada, Oswaldo de Oliveira, então treinador do time, resolveu tentar consertar o defeito do setor com uma mudança. Tirou o contestado Régis. Mas não escalou Júlio Santos, que seria o substituto natural. Preferiu utilizar Nery, que vinha sendo o destaque da equipe no Paulista, na zaga e abrir espaço para a entrada de Fabiano, lateral-esquerdo contratado no início desta temporada.
De lá para cá, saiu Oliveira, entrou Rojas como técnico-tampão, depois o chileno foi efetivado no cargo, e Nery continuou como opção para qualquer função: de reserva natural de Fabiano na lateral esquerda a meia-armador.
Até de goleiro ele já atuou neste Brasileiro. No jogo contra a Ponte Preta, no primeiro turno, foi Nery o escolhido para calçar as luvas depois que Rogério foi expulso -Roger não pôde entrar porque o time já havia feito as três substituições permitidas- e tentar evitar que o time de Campinas virasse uma partida que parecia ganha.
O esforço, naquela noite, foi em vão. O São Paulo, com Nery vestindo uma camisa prateada de goleiro, levou o gol aos 48min do segundo tempo e perdeu por 2 a 1.
Apesar da polivalência, Nery se deu melhor quando jogou de volante. Segundo o Datafolha, foi nessa posição que ele obteve suas melhores médias na maioria dos fundamentos. Como meio-campista defensivo, ele acertou mais passes (90,3%), finalizou (3,0), lançou (0,5) e recebeu mais bolas (33,8) por jogo.
Na função que desempenhará hoje, o atleta chegou a atuar parcialmente durante duas partidas. Nessas ocasiões, o atacante Nery só se deu bem nos dribles (3,5 por duelo), mas cometeu mais faltas (3 por partida).
Em sua mais recente experiência como homem de frente, ele foi muito bem. Marcou quatro gols gols no amistoso, uma goleada por 6 a 0, contra o inglês Bolton.
E sua participação pode ser fundamental hoje. Os são-paulinos consideram essencial derrotar o Vitória para atingir a meta de obter a vaga na Libertadores-2004.