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Esporte se mexe para driblar apostas
Escândalos de manipulação de resultados sujam reputação de atletas e modalidades e fazem cartolas monitorar jogatina
Entidades apertam cerco contra atletas-apostadores, como a ATP, que suspendeu ontem os italianos Potito Starace e Daniele Bracciali
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Partidas armadas, árbitros
comprados, proximidade suspeita com cassinos eletrônicos,
punição para os fraudadores.
Nunca o esporte se armou
tanto para combater a jogatina
como em 2007. Os sites de
apostas emergiram como protagonistas de escândalos em ao
menos seis modalidades, gerando furor em federações e temor até então inédito no Comitê Olímpico Internacional.
A oito meses dos Jogos de Pequim-08, Jacques Rogge, presidente do comitê, teme que a
"pureza" da Olimpíada seja maculada por subornos e fraudes.
Para isso, o COI ligou o sinal
de alerta, criou comissão para
estudar o assunto e já pediu
ajuda às companhias do setor.
"As empresas de jogos podem nos avisar quando houver
um volume anormal de apostas
em alguma prova. E assim poderemos agir", avisou Rogge.
O problema que o COI quer
evitar já abalou o futebol de
países como Brasil, Alemanha,
Itália e República Tcheca.
"Loterias e apostas relacionadas ao esporte geram risco
potencial de manipulação dos
jogos. Por isso, a Fifa examina
diferentes medidas para enfrentar esse novo desafio", informou a entidade à Folha, ao
ser questionada sobre o tema.
Para combater manipulações, a federação contratou a
Early Warning System GmbH ,
uma companhia independente,
para acompanhar a fundo as
apostas durante as eliminatórias para o Mundial de 2010.
Segundo o primeiro relatório
emitido, não houve resultados
arranjados entre os quase 90
jogos já disputados nas seletivas para a Copa sul-africana.
É um alento, já que fraudes
pulularam nos últimos anos.
O futebol alemão mandou à
cadeia o juiz Robert Hoyzer,
acusado de manipular jogos para favorecer a máfia croata.
Escândalo parecido respingou na reputação do goleiro
Buffon, titular da Itália campeã
da Copa da Alemanha-2006.
Na República Tcheca, houve
sanção recorde para três atletas e um técnico por tentar manipular jogos -a punição mais
extensa foi de sete anos.
A Espanha não esteve imune
à proximidade suspeita entre
apostas e futebol. Real Madrid
e Sevilla sofreram demandas
judiciais para proibi-los de
vender camisas infantis com
publicidade de sites de apostas.
Além disso, a revista "Der
Spiegel" noticiou que 26 partidas de torneios europeus são
investigadas, inclusive de Eurocopa e Copa dos Campeões.
Países do Leste Europeu são
os maiores alvos do inquérito,
conduzido pela Europol (polícia européia) a partir de dossiê
de 96 páginas vindo da Uefa.
Até a goleada de 8 a 0 do Liverpool sobre o Besiktas, pela
Copa dos Campeões, no mês
passado, gerou desconfiança.
Se os gramados viveram turbulência, as quadras não ficaram atrás. O tênis se viu assolado por denúncias de corrupção
como nunca antes na história.
A Federação Internacional
de Tênis investigou atletas que
estariam armando resultados.
Um deles teria sido o revés
do russo Nikolay Davydenko,
quarto do ranking, ante Martín
Vassallo, então 87º, na Polônia.
O italiano Alessio di Mauro,
que fazia apostas, foi suspenso
em novembro. E, ontem, a federação italiana anunciou que
a ATP (Associação dos Tenistas
Profissionais) também suspendeu e multou Potito Starace
(seis semanas e 20.800) e
Daniele Bracciali (três meses e
14 mil) pela mesma razão.
Para muitos, é difícil crer que
tenistas bem remunerados arrisquem sua reputação manipulando partidas. "Mas eles talvez possam ser ameaçados por
máfias de apostas", disse o ex-tenista John McEnroe.
Com agências internacionais
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