São Paulo, quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

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Pátria efêmera

Catanha, naturalizado espanhol para defender a Fúria, planeja se aposentar no futebol alagoano

RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO

Ir para o exterior, fazer sucesso longe de casa, receber o passaporte do país onde atua e defender uma seleção diferente da de sua origem.
Esse é um caminho cada vez mais comum de jogadores de centros exportadores do futebol, como o Brasil. Mas qual a relação entre esses atletas e a nação que o adotou quando os vínculos esportivos acabam?
O exemplo de Henrique Guedes da Silva, o Catanha, mostra que as naturalizações podem ser apenas uma questão de oportunidade, sem necessidade de juramentos de amor eterno à nova pátria.
O atacante, 38, natural de Recife (PE), fez carreira na Espanha e chegou a jogar pela seleção campeã mundial. Mas, hoje, sua única ligação com o país é uma casa que mantém em Málaga.
Catanha diz ter "um sentimento que vai durar a vida toda" pelo país onde se destacou. Porém, na hora de escolher onde queria encerrar a carreira e iniciar a fase pós- -futebol, optou pelo Brasil.
O jogador voltou ao país no começo do ano. E rapidamente fincou raízes. Enquanto jogava no Corinthians-AL e, posteriormente, no CSA, passou a se dedicar a uma empresa de reciclagem de lixo em Maceió (AL) e a uma fazenda de criação de gado nos arredores da cidade.
Segundo ele, os novos afazeres o impediram de visitar a Espanha neste mês. "Estou trabalhando muito. Tive que deixar para 2011. Quem sabe mais para a frente, quando tudo estiver organizado, eu passe um tempo lá."
O jogador negocia com o Crac para disputar o Goiano. Caso não acerte, deve encerrar a carreira, que teve início na base do São Cristóvão.
A experiência na Espanha começou em 1996, com o Salamanca, na segunda divisão. Ele ainda jogou no Leganés antes de estrear na elite. Pelo Málaga, conseguiu o acesso em 1998/1999. Na temporada seguinte, foi vice--artilheiro do Nacional. Acabou negociado com o Celta.
"Começaram a falar em seleção, o que me motivou. Tirei a cidadania por causa dessa possibilidade. Era complicado jogar pelo Brasil. O técnico era o Luxemburgo, e ele tinha dito que não iria convocar quem estivesse em times pequenos", disse o jogador.
Sua primeira convocação ocorreu em setembro de 2000, mesmo mês em que tirou o passaporte. Foi chamado para enfrentar Israel e Áustria, pelas eliminatórias da Copa-2002. Também jogou ante a Holanda, mas não fez gol em nenhum dos três jogos com a camisa "roja".
Após a experiência na Fúria, ficou três anos e meio no Celta, mas nunca mais foi lembrado pela seleção. Passou por Rússia, Portugal, voltou ao Brasil e de novo jogou nas divisões menores da Espanha, país que decidiu adotar, mas só por um tempo.


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