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Pátria efêmera
Catanha, naturalizado espanhol para defender a Fúria, planeja se aposentar no futebol alagoano
RAFAEL REIS
DE SÃO PAULO
Ir para o exterior, fazer sucesso longe de casa, receber
o passaporte do país onde
atua e defender uma seleção
diferente da de sua origem.
Esse é um caminho cada
vez mais comum de jogadores de centros exportadores
do futebol, como o Brasil.
Mas qual a relação entre esses atletas e a nação que o
adotou quando os vínculos
esportivos acabam?
O exemplo de Henrique
Guedes da Silva, o Catanha,
mostra que as naturalizações
podem ser apenas uma questão de oportunidade, sem necessidade de juramentos de
amor eterno à nova pátria.
O atacante, 38, natural de
Recife (PE), fez carreira na
Espanha e chegou a jogar pela seleção campeã mundial.
Mas, hoje, sua única ligação
com o país é uma casa que
mantém em Málaga.
Catanha diz ter "um sentimento que vai durar a vida
toda" pelo país onde se destacou. Porém, na hora de escolher onde queria encerrar a
carreira e iniciar a fase pós-
-futebol, optou pelo Brasil.
O jogador voltou ao país
no começo do ano. E rapidamente fincou raízes. Enquanto jogava no Corinthians-AL
e, posteriormente, no CSA,
passou a se dedicar a uma
empresa de reciclagem de lixo em Maceió (AL) e a uma
fazenda de criação de gado
nos arredores da cidade.
Segundo ele, os novos afazeres o impediram de visitar
a Espanha neste mês. "Estou
trabalhando muito. Tive que
deixar para 2011. Quem sabe
mais para a frente, quando tudo estiver organizado, eu
passe um tempo lá."
O jogador negocia com o
Crac para disputar o Goiano.
Caso não acerte, deve encerrar a carreira, que teve início
na base do São Cristóvão.
A experiência na Espanha
começou em 1996, com o Salamanca, na segunda divisão. Ele ainda jogou no Leganés antes de estrear na elite.
Pelo Málaga, conseguiu o
acesso em 1998/1999. Na
temporada seguinte, foi vice--artilheiro do Nacional. Acabou negociado com o Celta.
"Começaram a falar em seleção, o que me motivou. Tirei a cidadania por causa dessa possibilidade. Era complicado jogar pelo Brasil. O técnico era o Luxemburgo, e ele
tinha dito que não iria convocar quem estivesse em times
pequenos", disse o jogador.
Sua primeira convocação
ocorreu em setembro de
2000, mesmo mês em que tirou o passaporte. Foi chamado para enfrentar Israel e
Áustria, pelas eliminatórias
da Copa-2002. Também jogou ante a Holanda, mas não
fez gol em nenhum dos três
jogos com a camisa "roja".
Após a experiência na Fúria, ficou três anos e meio no
Celta, mas nunca mais foi
lembrado pela seleção. Passou por Rússia, Portugal, voltou ao Brasil e de novo jogou
nas divisões menores da Espanha, país que decidiu adotar, mas só por um tempo.
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