São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1999

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Abertura do Rio-São Paulo poderia ser a final

ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas

Bem que esse jogo da rodada de abertura poderia ser o decisivo do Torneio Rio-São Paulo que se inicia. Afinal, é o campeão sul-americano contra o campeão da Mercosul.
Mais do que isso: Vasco e Palmeiras, que já tinham ilustres elencos, foram os que mais investiram em reforços. Diria mesmo que foram os únicos que deram altas tacadas no mercado. O Palmeiras mais do que o Vasco, é verdade.
O equilíbrio, porém, deve vir de baixo, pois não houve ainda tempo suficiente para nenhum time entrar neste torneio na ponta dos cascos.
De qualquer forma, enquanto fôlego houver, teremos um belo desfile de craques, nesta tarde- noite no Parque Antarctica.

Já o campeão brasileiro, que pega o Botafogo num Maracanã limpinho e cheiroso, como garantem os cariocas, esteve mais é com os olhos espichados num futuro que parecia quase ao alcance da mão: o dia da volta de Viola.
Embora o Santos tenha sido a redenção do craque, sua praia seria mesmo o Parque, onde nasceu. Viola é zona leste, da cabeça aos pés. É Corinthians. Ou melhor: é Coringa, é Timão.
Mas, sobretudo, poderia ser a pedra de toque para o campeão brasileiro ter a certeza de entrar pela Libertadores da América com esperanças de chegar onde nunca em sua história pôde estar.
Com aquela bola rolando redondinha, desde lá detrás, o que sempre faltou a esse Corinthians foi o pé (esquerdo) ou a cabeça de um artilheiro do talhe de Viola.
Isso sem contar todas aquelas prosopopéias típicas do craque que já fizeram e poderiam ainda fazer o gozo da Fiel.

Que vergonha essa mutretagem que os olímpicos senhores armaram, hein?
Como se vê, cartola é, antes de tudo, um estado de espírito, de preferência, espírito de porco, que dá como praga em qualquer canto do mundo.
A diferença é que lá, quando flagrados com a mão na massa, vão caindo um atrás do outro, como num jogo de dominó.
Já aqui...

Os mais esotéricos dirão que é carma o outono do imperador. Não bastasse ter sido derrubado do trono da Fifa, onde reinou impávido durante quase um quarto de século, João Havelange vê seu nome envolvido em denúncias sobre favorecimentos, como membro do Comitê Olímpico Internacional.
Já os céticos preferem mesmo é o velho ditado popular: aqui se faz, aqui se paga.

E o nosso querido Zagallo? Parece ter entrado numa gelada. Mal chegou ao Canindé, Evair partiu, deixando nas mãos do velho treinador um mico chamado Didi.
Agora, queriam simplesmente tirar a dupla de zaga da Lusa.
Quer dizer: a Lusa tem técnico. Mas cadê o time?

Se não considero nenhum pecado associar a marca de uma fábrica de cervejas ao esporte, sem dúvida é um crime vender bebida alcoólica, de qualquer teor, em estádios de futebol. Sobretudo em tempos de violência explícita como os que vivemos.


Alberto Helena Jr. escreve aos domingos, às segundas e às quartas-feiras


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