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OLIMPÍADA
Para tentar limpar sua imagem após denúncias de suborno, órgão pode expulsar alguns de seus membros
Comitê Olímpico vive hoje seu 'Dia D'
ROBERTO DIAS
da Reportagem Local
O COI (Comitê Olímpico Internacional) tem hoje seu "Dia D".
Atravessando uma das mais conturbadas fases de seus 104 anos de
existência, a entidade que organiza
as Olimpíadas divulga seu relatório sobre as denúncias de suborno
nas escolhas das sedes dos Jogos.
O documento histórico de 24 páginas é fruto do trabalho de uma
comissão especial de investigação,
chefiada pelo canadense Richard
Pound, vice-presidente do COI.
Os embaraços do comitê começaram quando explodiu uma denúncia de corrupção na escolha de
Salt Lake City (EUA) para sede dos
Jogos de Inverno de 2002.
A partir disso, muita gente resolveu falar. E diversos procedimentos duvidosos dos membros do comitê começaram a vir à tona.
As "dúvidas morais", no entanto,
não pairam apenas sobre o processo de escolha de Salt Lake City.
Sydney, palco da próxima Olimpíada (2000), Nagano, sede dos últimos Jogos de Inverno, no ano
passado, são alguns dos outros alvos do comitê de investigação.
Em geral, os problemas apontados são "favores especiais" concedidos a alguns dos 114 membros do
COI que têm direito de votar na escolha da sede olímpica.
Por "favores especiais", entenda-se: pagamento de bolsas de estudo
para parentes dos votantes, distribuição de empregos a pessoas próximas aos membros do comitê e
presentes superiores ao "limite
moral" de US$ 150 (estabelecido
pelo COI), entre outros.
As denúncias sobre irregularidades na escolha das sedes dos Jogos
já atingiram até o único membro
brasileiro do COI: o ex-presidente
da Fifa, João Havelange.
Segundo a edição de sexta-feira
do jornal holandês "De Telegraaf",
Havelange teria aceito presentes
do comitê que organizou a fracassada candidatura de Amsterdã a
sede da Olimpíada-92 (que ficou
para a espanhola Barcelona).
O brasileiro não foi encontrado
para comentar as acusações.
Verdadeiras ou não, as denúncias de corrupção já derrubaram
dois dos colegas de Havelange no
grupo que escolhe as sedes -a finlandesa Pirjo Haggman e o líbio
Bashir Mohamed Attarabulsi, que
renunciaram devido às pressões.
A expectativa é que mais gente
saia hoje do COI, por meio de renúncia (possíveis expulsões só seriam formalizadas em março).
Acredita-se que a comissão de
Pound tenha como suspeitos pelo
menos 13 membros da entidade.
Apesar de não votar nas escolhas
olímpicas, o presidente do COI,
Juan Antonio Samaranch, também
está pressionado. Ele diz que cumprirá seu mandato até o final, mas
isso dependerá muito de hoje.
Com agências internacionais e a Sucursal do Rio
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