São Paulo, domingo, 24 de janeiro de 1999

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OLIMPÍADA
Para tentar limpar sua imagem após denúncias de suborno, órgão pode expulsar alguns de seus membros
Comitê Olímpico vive hoje seu 'Dia D'

ROBERTO DIAS
da Reportagem Local

O COI (Comitê Olímpico Internacional) tem hoje seu "Dia D". Atravessando uma das mais conturbadas fases de seus 104 anos de existência, a entidade que organiza as Olimpíadas divulga seu relatório sobre as denúncias de suborno nas escolhas das sedes dos Jogos.
O documento histórico de 24 páginas é fruto do trabalho de uma comissão especial de investigação, chefiada pelo canadense Richard Pound, vice-presidente do COI.
Os embaraços do comitê começaram quando explodiu uma denúncia de corrupção na escolha de Salt Lake City (EUA) para sede dos Jogos de Inverno de 2002.
A partir disso, muita gente resolveu falar. E diversos procedimentos duvidosos dos membros do comitê começaram a vir à tona.
As "dúvidas morais", no entanto, não pairam apenas sobre o processo de escolha de Salt Lake City.
Sydney, palco da próxima Olimpíada (2000), Nagano, sede dos últimos Jogos de Inverno, no ano passado, são alguns dos outros alvos do comitê de investigação.
Em geral, os problemas apontados são "favores especiais" concedidos a alguns dos 114 membros do COI que têm direito de votar na escolha da sede olímpica.
Por "favores especiais", entenda-se: pagamento de bolsas de estudo para parentes dos votantes, distribuição de empregos a pessoas próximas aos membros do comitê e presentes superiores ao "limite moral" de US$ 150 (estabelecido pelo COI), entre outros.
As denúncias sobre irregularidades na escolha das sedes dos Jogos já atingiram até o único membro brasileiro do COI: o ex-presidente da Fifa, João Havelange.
Segundo a edição de sexta-feira do jornal holandês "De Telegraaf", Havelange teria aceito presentes do comitê que organizou a fracassada candidatura de Amsterdã a sede da Olimpíada-92 (que ficou para a espanhola Barcelona).
O brasileiro não foi encontrado para comentar as acusações.
Verdadeiras ou não, as denúncias de corrupção já derrubaram dois dos colegas de Havelange no grupo que escolhe as sedes -a finlandesa Pirjo Haggman e o líbio Bashir Mohamed Attarabulsi, que renunciaram devido às pressões.
A expectativa é que mais gente saia hoje do COI, por meio de renúncia (possíveis expulsões só seriam formalizadas em março). Acredita-se que a comissão de Pound tenha como suspeitos pelo menos 13 membros da entidade.
Apesar de não votar nas escolhas olímpicas, o presidente do COI, Juan Antonio Samaranch, também está pressionado. Ele diz que cumprirá seu mandato até o final, mas isso dependerá muito de hoje.


Com agências internacionais e a Sucursal do Rio


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