São Paulo, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

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FUTEBOL

E se o Arapiraca for campeão...

XICO SÁ
COLUNISTA DA FOLHA

Amigos torcedores, amigos secadores, como é sensacional essa Copa do Brasil. Sem dúvida o nosso torneio mais deselitizado e emocionante.
Quem liga para Libertadores da América se temos um ASA x Flamengo, um Operário de Mato Grosso x Fluminense, um Santos x Sergipe, um Santa Cruz x Vila Aurora?
Ida e volta, mata-mata, uma aula de geografia toda quarta-feira, quando a bola corre em igualdade democrática tanto no Romeirão, o estádio de Juazeiro do Norte, quanto no Maraca. Tanto na vila mais famosa do mundo quanto no Amigão de Campina Grande.
Só na Copa do Brasil faz tanto sentido o hino de Francis Hime e Chico Buarque: "E se o Arapiraca for campeão...".
Sim, o ASA, aquele mesmo que um dia bateu o poderoso Palmeiras, vai ao Rio pegar o Flamengo e só carece de um 1 x 0.
A Copa do Brasil dá um belo nó nas divisões da CBF.
O Bahia, meus amigos, que masca o jiló da Terceirona, pode muito bem ser campeão e reaparecer na Libertadores. Mais um Bahia, mais um Bahia, mais um título de glória!
"Bora Baheea", como no grito de guerra da torcida e no título do livro de Bob Fernandes, escriba que traz nas canelas até hoje as marcas dos bicos das mal-educadas chuteiras dos beques. Pois é, foi do atacante do Bragantino. Não era assim um Beijoca, para lembrar um heróico trombador sem classe, mas deixava seus autógrafos nos fundos das redes.
Copa do Brasil que faz derreter no calor do Piauí o ego de um campeão do mundo como o Grêmio. Que faz o Coritiba ir de romaria aos pés do padim Ciço e correr alto risco na partida da volta.
Santo torneio que faz Vanderlei Luxemburgo trocar o Santiago Bernabéu pelo Lourival Batista, na gloriosa Aracaju, Sergipe. Até despiu-se, naquela noite, da sua roupa de gala; e meteu-se, sob notável desconforto, em mangas de humildade.
Só a Copa do Brasil leva a tragédia shakespereana do Náutico para a floresta amazônica. E o timbu ainda me sai de lá, pasmem senhores dos Aflitos e arredores, com um triunfo.
E o melhor no Amapá, amigos, é o Zerão, o estádio, onde cada time fica postado em uma banda do mundo. A linha imaginária do Equador é a mesma linha que divide o gramado.
Antes de começar o espetáculo, o locutor diz, a todos pulmões, de modo a se ouvir em toda a selva: "No gol do hemisfério Sul, está postado o grande guarda-metas do São José; no gol do hemisfério Norte, o goalkeeper do visitante Clube de Regatas Brasil, o CRB das Alagoas".
Que Chelsea e Barcelona que nada. Corinthians x Universidad Católica? Uma ova. Quer dizer, só uma espiadinha, de leve, depois de um telefonema macabro de Ribeirão Preto, onde o amigo Durvalzinho, aquele, o secador-mor destas plagas, lembra?, vibrava com o seu corvo fiel sobre o ombro.

Menino-bala
Nilmar joga demais. Amarelinha nele, nem que seja num amistoso, só para fazer jus aos tratos que ele tem dado à bola. Melhor, tive uma idéia, hermanos da terra de dom Diego Maradona: dêem-lhe cidadania Argentina e ganhem a Copa com o guri ao lado de Tevez.

Comédia 1
Mui amigos secadores, grande contratação a do Marcelinho Carioca no Corinthians, hein?

Comédia 2
Tenho a impressão de que o Geílson, do Santos, treina para perder gols. Não para fazê-los. Quando faz, pede até desculpa ao goleiro, foi sem querer, desculpa aí, foi mal, acontece.
Pinga com bauru E se o Norusca for campeão...

E-mail xico.folha@uol.com.br


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