São Paulo, sexta-feira, 24 de abril de 2009

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Francês firma recorde com novo maiô

Alain Bernard se torna o primeiro nadador a cumprir os 100 m livre em menos de 47s com traje ainda não aprovado

Se a federação internacional não der aval à peça, campeão olímpico poderá até perder os emblemáticos 46s94, obtidos em torneio nacional

Gerar Julien/France Presse
Alain Bernard festeja record

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O tempo é emblemático: 46s94. Pela primeira vez, um atleta supera a barreira dos 47s nos 100 m livre, a mais badalada prova da natação.
As atenções na piscina de Montpellier, pelo Campeonato Francês, no entanto, não se voltaram só para o autor da façanha. Após a quebra do recorde mundial, todos queriam saber que maiô Alain Bernard vestia.
Isso porque a escolha do modelo pode ter sido fundamental para o francês atingir a marca. E também pode provocar a anulação do feito do velocista.
O novo traje da Arena, patrocinadora do campeão olímpico dos 100 m livre em Pequim- -2008, mantido em segredo até então, ainda não foi aprovado pela federação internacional. Caso não seja, Bernard deve perder sua nova marca.
"Não sei se ele será aprovado ou não, mas não há nenhuma razão para não ser. Nadadores foram campeões olímpicos e estabeleceram recordes mundiais que foram aprovados com equipamento equivalente", afirmou o nadador ontem.
Bernard, aliás, reclamou do desempenho do X-Glide.
"Tinha as pernas cheias de água durante toda a prova. Então, talvez eu possa ir mais rápido com outro modelo, quem sabe?", completou ele.
O maiô usado por Bernard também está à disposição de César Cielo, que foi modelo de uma peça com suas medidas.
Se não aprovar o traje da Arena, a federação internacional pode criar nova controvérsia. Não havia ninguém da entidade na piscina para verificar qual modelo Bernard, 25, usava.
Até técnicos de recordistas mundiais já manifestaram descontentamento com a proliferação de maiôs tecnológicos e a falta de controle. "A natação não é mais justa. O jeito é banir todos os trajes", disse Jacco Verhaeren, técnico de Marleen Veldhuis, recordista dos 50 m livre e dos 50 m borboleta, com dois maiôs diferentes.
O recorde de Bernard ontem surpreendeu, principalmente porque ele não fazia boa temporada. O nadador, no entanto, afirmou que percebeu que poderia atingir o recorde na manhã de ontem, quando marcou 47s86 nos 100 m livre.
"Eu sei o que posso nadar", afirmou o campeão olímpico.
O francês tem sido um dos principais protagonistas dos 100 m livre desde março do ano passado, quando nadou a distância em 47s60 e superou o recorde de 47s84 de Pieter van den Hoogenband, que perdurava desde 2000. Logo em seguida, cravou 47s50 e lançou ainda mais luz sob a performance dos novos maiôs "high-tech".
Só na última temporada, mais de cem recordes mundiais foram superados, a maior parte deles com nadadores vestidos com o LZR Racer, da Speedo.
Bernard perdeu sua marca para o australiano Eamon Sullivan (47s24) nos Jogos de Pequim, em agosto, recuperou-a logo depois (47s20) e voltou a ser ultrapassado na mesma competição (47s05).
Sullivan deixou a China como recordista; Bernard, com o ouro nos 100 m livre no peito.


Com agências internacionais


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