São Paulo, sábado, 24 de abril de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MOTOR

No More Mr. Nice Guy


Ultrapassagem de Alonso em Massa lembra manobra de Schumacher em Barrichello em Mônaco, há cinco anos


FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

DÉJÀ VU? Para o colunista, pelo menos, sim. E a pesquisa rápida deu razão à desconfiança. O clássico de Alice Cooper já havia batizado esta coluna há pouco menos de cinco anos: maio de 2005.
Mas tudo bem. Porque as semelhanças são fortes. Justificam o bis.
Na primeira versão, os personagens eram Barrichello e Schumacher. O cenário, Mônaco. O alemão aproveitou uma desatenção do companheiro na última volta e o ultrapassou. Sorrateiramente, até. Na saída do túnel, a 1 km da bandeirada.
A conquista da posição, em si, não mudou nada no Mundial: estava em jogo um insosso sétimo lugar. Mas mexeu bastante na carreira de Barrichello. Saiu do carro de cabeça quente, disse que "um campeão do mundo não precisa desse tipo de coisa", que "quase que os dois saem da corrida". Foi a gota d'água num relacionamento já desgastado, o início do fim de sua história na Ferrari.
Dois meses depois, os anúncios de que seria piloto da Honda, de que Massa seria seu sucessor na equipe.
Em tempo: entre o fato e a consequência, houve um instante de reflexão. "Posso ter sido um pouco lento no pensamento por achar que ele não fosse me passar", admitiu Barrichello quatro dias após a explosão.
Já era tarde demais.
A segunda versão também tem a Ferrari no enredo. Os personagens, Massa e Alonso. O cenário, Xangai.
Naquela 19ª volta, entrando nos boxes, o brasileiro certamente não esperava o ataque do companheiro. Foi um pouco, digamos, "lento no pensamento". Alonso, sorrateiro.
Se vai fazer diferença no Mundial, ainda não dá para saber. Mas é evidente que fará diferença no relacionamento entre os dois -os discursos pacíficos pós-GP não valem muito, foram pasteurizados pela equipe antes de chegarem aos microfones.
Aquela cumplicidade não existe.
No mínimo, Massa prestará mais atenção ao retrovisor. No máximo, fechará a porta. Será, de qualquer forma, mais alerta, menos inocente.
Pegue a lista dos maiores campeões da era pós-romântica da F-1.
Algum bonzinho?
Não, não é coincidência.

FUMAÇA
Demorou, mas veio à tona a causa das quebras dos motores Ferrari: um problema nas válvulas pneumáticas. A equipe tenta conseguir da FIA permissão para o ajuste. Que, se não vier, a deixará em péssima situação. Mas é bom lembrar que o chefão na place de la Concorde, 8, agora, é um certo Jean Todt.

BALANÇO
O resumo do tour da F-1 antes da fase europeia: uma McLaren que evoluiu, uma Red Bull que voou em treinos, mas decepcionou em GPs, uma Ferrari apática, uma Mercedes em crescimento, uma Renault surpreendente, uma Williams fraca. O resto realmente é o resto.

fabioseixas.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Basquete: Craque argentino não jogará mundial
Próximo Texto: José Geraldo Couto: Figurinhas carimbadas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.