São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997.



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STOP & GO
'Atacantes'

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Quem nunca sonhou em ser jogador de futebol? Honestamente, nunca pensei nisso, apesar de algumas boas atuações na infância.
Nunca pensei em ser piloto também, sonho de bacana, que filho de classe média remediada não ousaria.
Mas Michael Schumacher parece ter sonhado com os gramados. A ponto de se lançar como jogador, pela terceira divisão suíça, no último domingo, pela modesta equipe do Aubonne.
A estréia, na posição de atacante, imposta pelo técnico, não foi tão boa. Goleada de 6 a 1 para o adversário.
Onze toques na bola, quase um gol de cabeça e uma boa desculpa. "Na verdade, minha posição ideal é um pouco mais recuada", declarou.
Na verdade, como todo mundo sabe, essa história começou numa brincadeira. O técnico do time bateu na casa do alemão para pedir um jogo de camisas. Schumacher surpreendeu ao condicionar os uniformes à sua presença na lista de jogadores.
O interessante de tudo isso é a humanização do perfil do piloto, há menos de dois anos, o grande exemplo de robô da F-1.
Para muitos, Schumacher deixou a arrogância de lado quando começou a sofrer as agruras de ter que dirigir uma Ferrari.
Mas é notável sua transformação. Deixou a glamourosa Mônaco pela calma tediosa da Suíça, onde se dedica a trabalhos caseiros como pendurar quadros ou montar o berço da filha Ginna Maria.
Sua simplicidade chega a ponto de, com a família, aproveitar a proximidade da residência com a Alemanha e comprar geléia no país natal.
"É mais barato. Não é porque estou numa situação confortável que me submeterei a pagar mais caro pelas coisas." Por confortável, entenda-se mais de US$ 50 milhões por ano.
A dúvida: Schumacher encostou o burro na sombra e tirou o pé? Mônaco, há 14 dias, prova que não.



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