São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2001

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FUTEBOL

STJD recebe ação do clube, quer ouvir o Corinthians e pode protelar apreciação do mandado

Santos ameaça ir à Justiça comum

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo sem saber a resposta ao seu mandado de garantia impetrado ontem no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) para paralisar o Campeonato Paulista, o Santos já cogita entrar com uma ação na Justiça comum.
Inconformada com a divulgação do uso de pontos eletrônicos por dois atletas do Corinthians -Maurício e Ricardinho- na segunda partida da semifinal do Estadual, a diretoria do Santos quer anular o jogo e forçar a marcação de uma nova partida para decidir quem teria direito de disputar a final do campeonato.
O clube usa como base as regras 4 e 5 da International Board, órgão regulador do futebol, que tratam das peças do uniforme e da obrigatoriedade do árbitro checar se os jogadores estão vestidos de acordo. "A regra fala em calção, camisa, agasalho, meias, caneleiras e calçados. Tudo além disso é ilegal para a Fifa", disse ontem o advogado do clube, Mário Mello.
Segundo Mello, a intenção do Santos de recorrer à Justiça comum vai depender da agilidade e da decisão de Luís Zveiter, presidente do STJD. O Santos teme que ele não libere seu despacho hoje, já que o presidente da entidade resolveu ouvir o Corinthians antes de proferir decisão.
Segundo o regimento do STJD, tal medida -escutar o Corinthians- adotada por Zveiter não é usual. Como se trata de um mandado, o réu poderia se manifestar -por meio de recurso em casos de pedidos deferidos- em até uma semana após notificação, segundo funcionários do STJD.
"Conversei com o Zveiter e ele me prometeu que terá uma definição até o final da tarde de amanhã [hoje]. Caso o pedido seja indeferido, vamos para a Justiça comum. Temos só até sexta para conseguir parar o campeonato. Mas, mesmo que o jogo aconteça no domingo, nossa luta vai continuar", disse Mello, para quem o Santos não sofrerá "retaliação" se decidir entrar na Justiça comum.
"O Santos é o Santos. Com todo respeito ao Gama, se eles entraram no campeonato depois de recorrerem à Justiça comum, o Santos não vai ficar de fora. Nossa tradição e história devem ser respeitadas", afirmou o advogado.
Na ação movida pelo Santos, a ré é a Federação Paulista de Futebol que, segundo Mello, foi "omissa" em relação ao "doping eletrônico" do rival.
"Nem pensamos em acionar o TJD [Tribunal de Justiça Desportiva] de São Paulo. Seria uma perda de tempo. O Farah [Eduardo, presidente da FPF] já havia anunciado a sua decisão ao elogiar o uso dos pontos eletrônicos na TV", declarou Mello.
O advogado ainda contou à Folha que anexou o teipe com o depoimento de Farah ao mandado de garantia. Segundo Mello, também pelo fato de o dirigente ter elogiado o uso dos equipamentos é que foi citado como réu. "As imagens da TV mostraram os jogadores e o técnico do Corinthians assumirem o uso dos pontos. E ele [Farah] não fez nada."


Colaboraram João Carlos Assumpção, do Painel FC, e Sérgio Rangel, da Sucursal do Rio



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