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AÇÃO
O médico e o monstro
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
Rodrigo Resende é surfista
profissional. Ele divide com
Carlos Burle a condição de
maior big rider do país.
Nas horas vagas, Rodrigo Resende é o doutor Resende, médico, clínico-geral, atividade que
não tem tido muito tempo para
exercer.
Nos últimos meses, tem sido
muito mais conhecido como o
"Monstro", apelido que conquistou pelo desempenho nas
ondas grandes, performance
que, além de algum dinheiro,
resultado de quatro apoiadores,
lhe traz mesmo é muito prazer.
Na última temporada, Rodrigo passou boa parte do tempo
na fria cidade de Santa Cruz, no
norte da Califórnia, nos EUA.
É lá que fica Maverick's, onda
entre as mais temidas de todo o
planeta.
Enquanto seus pares se divertiam aguardando, no tropical
inverno havaiano, a entrada de
ondulações maiores, Rodrigo se
fixou na baía de Half Moon,
concentrado. E no final das contas valeu a pena.
Pelo terceiro ano consecutivo,
Resende venceu o Big Trip, concurso que oferece a maior premiação individual do surfe nacional para o brasileiro que surfar a maior onda da temporada.
Este ano foram 34 ondas e 12
atletas, um recorde que vem
sendo superado a cada ano.
Os dez juízes, todos surfistas, a
maioria deles jornalistas envolvidos com o esporte, tiveram
muito trabalho para fazer suas
respectivas escolhas.
O fato de ter havido muitas
ondas competitivas na faixa dos
20 pés dificultou a decisão.
Nomes como Pato, surfando
um out-reef havaiano chamado
Himalaia, Calunga e Stephan
Figueiredo, em Waimea, que ficaram entre as ondas finalistas.
Merecem menção, mas a decisão mais uma vez ficou entre
Resende e Burle, e novamente
em Maverick's.
A distância a que as imagens
foram captadas, e também um
espumeiro da onda da frente na
foto do Burle, dificultou uma
medição mais precisa do tamanho das ondas finalistas.
Recursos de computação sobrepondo as imagens no telão
que havia no local foram utilizados para facilitar a decisão
dos juízes.
Depois de algumas considerações, um consenso, o de que ambas as ondas tinham mais que
20 pés.
E os juízes também chegaram
a uma unanimidade: a de que a
do Rodrigo era maior.
Ele faturou os R$ 30 mil do
prêmio e o fotógrafo Darrack
Bourke, responsável pelo registro, R$ 5.000. Burle, por sua vez,
ganhou uma passagem para a
África do Sul.
Rodrigo recebeu a notícia na
noite de terça-feira, logo após a
votação, e comemorou como
criança. Estava em Saquarema
(RJ), onde, há dois dias, surfava
altas ondas.
Na manhã de ontem foi para
Itaúna aproveitar mais um
pouco o swell e terminou a sessão como paciente.
Quebrou a quilha na canela e
foi parar no hospital, onde levou
dezenas de pontos.
Mas nada grave: muito antes
da festa de premiação, no fim de
junho, estará recuperado.
Em tempo: dois pontos -que
serão respondidos na festa- foram levantados durante a votação:
1) Valerá tow-in, o surfe com
auxílio de jet-ski, na próxima
edição?
2) A temporada será estendida, para assim o inverno no hemisfério sul ser explorado?
Ponto eletrônico
A polêmica levantada pelos santistas tem jurisprudência no
surfe. Há dois anos, durante a etapa no Taiti, Layne Beachley foi instruída pelo técnico-namorado Ken Bradshaw por meio do
equipamento. O aparelho foi proibido, mas ela terminou o ano
campeã mundial.
Super Surf
Começou ontem a segunda das seis etapas do circuito brasileiro
profissional. Em ondas pequenas, os quatro primeiros do ranking foram para a repescagem, que será disputada hoje.
Ski & Snow
A aproximação do inverno esquenta as ofertas de pacotes e
atrações das estações sul-americanas. Valle Nevado, além do já
tradicional Brasileiro de snowboard em setembro, estará realizando em julho uma prova para novatos.
E-mail: sarli@revistatrip.com.br
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