São Paulo, sexta-feira, 24 de maio de 2002

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FUTEBOL

Scolari diz que escalará seleção conforme as características de cada rival

Brasil tem time da estréia, mas não o time do Mundial

FÁBIO VICTOR
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A KUALA LUMPUR

Com o técnico Luiz Felipe Scolari, a seleção que vai disputar a Copa-2002 inverteu a histórica relação de que normalmente são os adversários os preocupados em se moldar ao jeito de jogar do Brasil.
O treinador definiu ontem o time titular para a estréia contra a Turquia, em 3 de junho, com as surpresas de Edmílson e Kleberson, mas não adianta o torcedor desavisado começar a decorar a escalação para ter o "11" brasileiro na ponta da língua durante o Mundial da Coréia e do Japão.
Segundo Scolari, o time vai ser modificado ao sabor das características de cada adversário ao longo da competição, podendo sofrer alterações a cada partida.
"Vou ter a definição do esquema de jogo do adversário e depois disso é que monto a equipe, vendo quais são os nossos jogadores que podem tirar melhor proveito do esquema tático do outro time. Dependendo do resultado, a gente vai mudando aos pouquinhos, para ter um melhor desempenho de ataque ou de defesa", afirmou o técnico gaúcho.
Questionado se a seleção brasileira não teria então um "time da Copa", Scolari reafirmou sua intenção: "Isso não existe. Mas não vou trocar 11 jogadores, vou trocar um, dois. Isso é normal".
A ciranda de jogadores do "Brasil-camaleão" vai ser aberta contra os turcos, daqui a exatos dez dias, em Ulsan, na Coréia do Sul, onde o Brasil fica na primeira fase.
No único treino realizado ontem pela seleção em Kuala Lumpur, onde fará amistoso amanhã contra a Malásia, o zagueiro Edmílson ganhou a posição de Anderson Polga na defesa, enquanto Kleberson foi escalado como segundo volante, deixando na reserva Gilberto Silva (titular na maioria dos jogos neste ano) e Vampeta (que treinou no time principal na última terça-feira).
"Em princípio, é o time que a gente imagina para o jogo da Turquia, se não houver algum problema", afirmou Scolari sobre o "11" que iniciou o treino no estádio Nacional de Bukit Jalil.
Kleberson, porém, preferiu adotar cautela e não comemorou antecipadamente a conquista da vaga no time titular. O jogador acredita que ainda está sendo testado na posição pelo treinador.
""Ele está ainda testando os jogadores. O importante é ajudar o grupo. Se não estiver no time, vou incentivar os meus companheiros do lado de fora", disse ele, que começou o amistoso contra a Catalunha, no sábado passado.
As mudanças, às vésperas do Mundial, foram justificadas pelo técnico já com o espírito da adaptação ao adversário.
"Pelo que eu vi da Turquia, e pela possibilidade que nós temos de mudar a situação de jogo decorrente da colocação dos turcos, o Edmílson foi escolhido em detrimento do Polga, porque consegue realizar uma melhor saída de bola", disse, sobre a troca na zaga.
"Com o Kleberson, ganho mais em movimentação, um trabalho de bola mais rápido. Ele tem uma dinâmica de jogo um pouco mais forte que o Gilberto e sai [para o ataque" bem menos que o Vampeta. Do jeito que nós vamos liberar os alas, fica um pouco mais difícil para o Vampeta", completou Scolari, revelando a intenção de usar os laterais Cafu e Roberto Carlos mais avançados.
"Se eles [os turcos" atuarem no esquema que apresentaram nos últimos jogos, de 3-3-3-1, vamos ter que fazer alguma coisa para neutralizá-lo e termos vantagem com nossos laterais, fazê-los jogarem lá na frente."
Sendo assim, a tendência é que, para os jogos seguintes da primeira fase, contra China e Costa Rica, considerados mais fracos por Scolari, a seleção tenha uma escalação mais ousada no meio-campo, com Vampeta podendo entrar na equipe titular.
Outros jogadores que têm possibilidade de começar alguns jogos do Mundial são Gilberto Silva, Anderson Polga e os três atacantes reservas: Denílson, Edílson e Luizão, todos testados no time titular no coletivo de ontem.
Próximo de completar um ano no cargo -assumiu em junho do ano passado-, Scolari demonstrou, nos 17 jogos disputados pela seleção sob seu comando, que a manutenção de uma equipe titular não é o seu forte.
Em nenhuma ocasião o treinador conseguiu repetir a escalação da partida anterior. Às vezes o problema foi de desfalque, mas em outras se trataram tão somente de testes técnicos e táticos.
Quando assumiu, Scolari disse que pretendia convocar no máximo 34 jogadores até o Mundial. Acabou chamando 57.



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