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FUTEBOL
Scolari diz que escalará seleção conforme as características de cada rival
Brasil tem time da estréia, mas não o time do Mundial
FÁBIO VICTOR
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A KUALA LUMPUR
Com o técnico Luiz Felipe Scolari, a seleção que vai disputar a
Copa-2002 inverteu a histórica relação de que normalmente são os
adversários os preocupados em se
moldar ao jeito de jogar do Brasil.
O treinador definiu ontem o time titular para a estréia contra a
Turquia, em 3 de junho, com as
surpresas de Edmílson e Kleberson, mas não adianta o torcedor
desavisado começar a decorar a
escalação para ter o "11" brasileiro
na ponta da língua durante o
Mundial da Coréia e do Japão.
Segundo Scolari, o time vai ser
modificado ao sabor das características de cada adversário ao longo da competição, podendo sofrer alterações a cada partida.
"Vou ter a definição do esquema de jogo do adversário e depois
disso é que monto a equipe, vendo quais são os nossos jogadores
que podem tirar melhor proveito
do esquema tático do outro time.
Dependendo do resultado, a gente vai mudando aos pouquinhos,
para ter um melhor desempenho
de ataque ou de defesa", afirmou
o técnico gaúcho.
Questionado se a seleção brasileira não teria então um "time da
Copa", Scolari reafirmou sua intenção: "Isso não existe. Mas não
vou trocar 11 jogadores, vou trocar um, dois. Isso é normal".
A ciranda de jogadores do "Brasil-camaleão" vai ser aberta contra os turcos, daqui a exatos dez
dias, em Ulsan, na Coréia do Sul,
onde o Brasil fica na primeira fase.
No único treino realizado ontem pela seleção em Kuala Lumpur, onde fará amistoso amanhã
contra a Malásia, o zagueiro Edmílson ganhou a posição de Anderson Polga na defesa, enquanto
Kleberson foi escalado como segundo volante, deixando na reserva Gilberto Silva (titular na
maioria dos jogos neste ano) e
Vampeta (que treinou no time
principal na última terça-feira).
"Em princípio, é o time que a
gente imagina para o jogo da Turquia, se não houver algum problema", afirmou Scolari sobre o "11"
que iniciou o treino no estádio
Nacional de Bukit Jalil.
Kleberson, porém, preferiu
adotar cautela e não comemorou
antecipadamente a conquista da
vaga no time titular. O jogador
acredita que ainda está sendo testado na posição pelo treinador.
""Ele está ainda testando os jogadores. O importante é ajudar o
grupo. Se não estiver no time, vou
incentivar os meus companheiros
do lado de fora", disse ele, que começou o amistoso contra a Catalunha, no sábado passado.
As mudanças, às vésperas do
Mundial, foram justificadas pelo
técnico já com o espírito da adaptação ao adversário.
"Pelo que eu vi da Turquia, e pela possibilidade que nós temos de
mudar a situação de jogo decorrente da colocação dos turcos, o
Edmílson foi escolhido em detrimento do Polga, porque consegue
realizar uma melhor saída de bola", disse, sobre a troca na zaga.
"Com o Kleberson, ganho mais
em movimentação, um trabalho
de bola mais rápido. Ele tem uma
dinâmica de jogo um pouco mais
forte que o Gilberto e sai [para o
ataque" bem menos que o Vampeta. Do jeito que nós vamos liberar os alas, fica um pouco mais difícil para o Vampeta", completou
Scolari, revelando a intenção de
usar os laterais Cafu e Roberto
Carlos mais avançados.
"Se eles [os turcos" atuarem no
esquema que apresentaram nos
últimos jogos, de 3-3-3-1, vamos
ter que fazer alguma coisa para
neutralizá-lo e termos vantagem
com nossos laterais, fazê-los jogarem lá na frente."
Sendo assim, a tendência é que,
para os jogos seguintes da primeira fase, contra China e Costa Rica,
considerados mais fracos por
Scolari, a seleção tenha uma escalação mais ousada no meio-campo, com Vampeta podendo entrar
na equipe titular.
Outros jogadores que têm possibilidade de começar alguns jogos do Mundial são Gilberto Silva,
Anderson Polga e os três atacantes reservas: Denílson, Edílson e
Luizão, todos testados no time titular no coletivo de ontem.
Próximo de completar um ano
no cargo -assumiu em junho do
ano passado-, Scolari demonstrou, nos 17 jogos disputados pela
seleção sob seu comando, que a
manutenção de uma equipe titular não é o seu forte.
Em nenhuma ocasião o treinador conseguiu repetir a escalação
da partida anterior. Às vezes o
problema foi de desfalque, mas
em outras se trataram tão somente de testes técnicos e táticos.
Quando assumiu, Scolari disse
que pretendia convocar no máximo 34 jogadores até o Mundial.
Acabou chamando 57.
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