São Paulo, domingo, 24 de maio de 2009

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Clássico expõe rotina solitária no gol

Enquanto Rogério se recupera de lesão no pior ano de sua carreira, Marcos, reabilitado, brilha sozinho no Choque-Rei

Contemporâneos e ídolos em seus clubes, arqueiros de Palmeiras e São Paulo têm raros instantes de conexão, exceção feita a 2002

RENAN CACIOLI
RODRIGO BUENO

DA REPORTAGEM LOCAL

Marcos voltou a ser santo. Rogério nem vai para o campo. E o desencontro entre os dois ícones de Palmeiras e São Paulo, clubes que se enfrentam hoje, às 16h, no Parque Antarctica, esvazia o tradicional confronto.
Desde que viraram titulares, em meados da década de 90, dois dos goleiros mais vitoriosos do futebol brasileiro dificilmente compartilharam a mesma sintonia em suas carreiras.
Em trajetórias descendentes -ao menos no que se refere aos anos em que ainda jogarão-, os atletas voltam a se distanciar.
Marcos, 35, finalmente largou a rotina no departamento médico para voltar a ser falado mais por suas defesas milagrosas do que por suas lesões.
Rogério, 36, por sua vez, atravessa o pior momento na carreira. Após falhas sucessivas e lesões menos agudas, uma fratura no tornozelo esquerdo o tirou definitivamente de ação.
A lógica entre os dois, na verdade, sempre seguiu essa linha. Quando um está no auge, o outro passa por problemas.
Mesmo em 2002, quando foram campeões mundiais, Marcos era o primeiro goleiro da seleção e já gozava do status de inquestionável no clube. Rogério, o terceiro arqueiro do Brasil, ainda carecia de títulos de expressão no Morumbi.
Um ano mais velho, o são-paulino ganhou a primeira taça como titular em 1998, o Paulista. E começava a se notabilizar pelas cobranças de falta.
Já o palmeirense sentiu o gosto de ser campeão como número 1 da meta de seu time no ano seguinte. Mas o troféu foi o da Libertadores, o que iniciaria as diferenças nas carreiras.
No mesmo ano em que Marcos começava sua fama de santo e conquistava um título pela seleção -a Copa América, como reserva de Dida-, Rogério fracassava no gol brasileiro em amistoso diante do Barcelona.
Após falhar em dois gols, disse que tivera "uma das melhores atuações de um goleiro na seleção nos últimos tempos", em gesto pouco simpático.
Em 2000, o camisa 1 do São Paulo faturou o bicampeonato estadual. No Palmeiras, Marcos sofreu sua primeira contusão séria. Operou o punho esquerdo e ficou cinco meses parado.
Talvez o único ponto em que ambos tenham se cruzado aconteceu em 2002. Ao mesmo tempo em que ganharam o mundo pelo Brasil, caíram de joelhos em seus clubes.
O São Paulo ganhou fama de "amarelar" após fiascos na Copa do Brasil e no Torneio Rio-São Paulo contra o Corinthians. O Palmeiras foi rebaixado à Série B do Nacional.
A partir de 2005, Marcos assistiu da sala de fisioterapia ao colega, enfim, explodir.
Recuperando-se de seguidas fraturas, ele viu Rogério ganhar em um só ano Paulista, Libertadores e Mundial de Clubes e se tornar o atleta que mais vezes vestiu a camisa tricolor.
Agora, a situação se inverteu. Um mês depois da mais séria lesão na carreira do camisa 1 são-paulino, o palmeirense defendeu três penalidades nas oitavas de final da Libertadores.
Hoje, o duelo de Marcos será contra um novato, Denis, terceiro goleiro do adversário.
"Conheço quem vai jogar. Ele tem um potencial muito grande", elogiou o técnico palmeirense, Vanderlei Luxemburgo.

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