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Clássico expõe rotina solitária no gol
Enquanto Rogério se recupera de lesão no pior ano de sua carreira, Marcos, reabilitado, brilha sozinho no Choque-Rei
Contemporâneos e ídolos
em seus clubes, arqueiros de
Palmeiras e São Paulo têm
raros instantes de conexão,
exceção feita a 2002
RENAN CACIOLI
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Marcos voltou a ser santo.
Rogério nem vai para o campo.
E o desencontro entre os dois
ícones de Palmeiras e São Paulo, clubes que se enfrentam hoje, às 16h, no Parque Antarctica,
esvazia o tradicional confronto.
Desde que viraram titulares,
em meados da década de 90,
dois dos goleiros mais vitoriosos do futebol brasileiro dificilmente compartilharam a mesma sintonia em suas carreiras.
Em trajetórias descendentes
-ao menos no que se refere aos
anos em que ainda jogarão-, os
atletas voltam a se distanciar.
Marcos, 35, finalmente largou a rotina no departamento
médico para voltar a ser falado
mais por suas defesas milagrosas do que por suas lesões.
Rogério, 36, por sua vez, atravessa o pior momento na carreira. Após falhas sucessivas e
lesões menos agudas, uma fratura no tornozelo esquerdo o
tirou definitivamente de ação.
A lógica entre os dois, na verdade, sempre seguiu essa linha.
Quando um está no auge, o outro passa por problemas.
Mesmo em 2002, quando foram campeões mundiais, Marcos era o primeiro goleiro da seleção e já gozava do status de
inquestionável no clube. Rogério, o terceiro arqueiro do Brasil, ainda carecia de títulos de
expressão no Morumbi.
Um ano mais velho, o são-paulino ganhou a primeira taça
como titular em 1998, o Paulista. E começava a se notabilizar
pelas cobranças de falta.
Já o palmeirense sentiu o
gosto de ser campeão como número 1 da meta de seu time no
ano seguinte. Mas o troféu foi o
da Libertadores, o que iniciaria
as diferenças nas carreiras.
No mesmo ano em que Marcos começava sua fama de santo e conquistava um título pela
seleção -a Copa América, como reserva de Dida-, Rogério
fracassava no gol brasileiro em
amistoso diante do Barcelona.
Após falhar em dois gols, disse que tivera "uma das melhores atuações de um goleiro na
seleção nos últimos tempos",
em gesto pouco simpático.
Em 2000, o camisa 1 do São
Paulo faturou o bicampeonato
estadual. No Palmeiras, Marcos
sofreu sua primeira contusão
séria. Operou o punho esquerdo e ficou cinco meses parado.
Talvez o único ponto em que
ambos tenham se cruzado
aconteceu em 2002. Ao mesmo
tempo em que ganharam o
mundo pelo Brasil, caíram de
joelhos em seus clubes.
O São Paulo ganhou fama de
"amarelar" após fiascos na Copa do Brasil e no Torneio Rio-São Paulo contra o Corinthians. O Palmeiras foi rebaixado à Série B do Nacional.
A partir de 2005, Marcos assistiu da sala de fisioterapia ao
colega, enfim, explodir.
Recuperando-se de seguidas
fraturas, ele viu Rogério ganhar
em um só ano Paulista, Libertadores e Mundial de Clubes e se
tornar o atleta que mais vezes
vestiu a camisa tricolor.
Agora, a situação se inverteu.
Um mês depois da mais séria
lesão na carreira do camisa 1
são-paulino, o palmeirense defendeu três penalidades nas oitavas de final da Libertadores.
Hoje, o duelo de Marcos será
contra um novato, Denis, terceiro goleiro do adversário.
"Conheço quem vai jogar. Ele
tem um potencial muito grande", elogiou o técnico palmeirense, Vanderlei Luxemburgo.
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