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COPA 2002/ CORÉIA/ JAPÃO
ASSUSTADOS COM ERROS DA ARBITRAGEM, TURCOS E ALEMÃES AGEM NOS BASTIDORES
Funcionários do mês
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A YOKOHAMA
ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
Não foi o terrorismo. Não foi a
dupla organização. Não foi o racha político da Fifa. A Copa chega
à última semana, e a grande dor
de cabeça até agora está dentro do
campo: os 72 árbitros e auxiliares
destacados para o Mundial.
Tanto que, para duas das equipes que chegaram à semifinal, o
principal assunto não é escalação
ou tática, mas, sim, quem apita.
Amanhã, uma delas vai a campo ressabiada. A Alemanha enfrentará a Coréia do Sul, que teve,
além do apoio dos torcedores, a
ajuda de erros de arbitragem, para derrubar espanhóis e italianos.
Para um país que há 36 anos foi
prejudicado numa final de Copa
em favor dos donos da casa (os ingleses), pegar os sul-coreanos é
surpresa nada agradável.
"Simplesmente escandaloso. A
Coréia do Sul é nosso oponente
na semifinal porque a arbitragem
ajudou de novo", escreveu no
"Bild" o ex-meia Paul Breitner.
Os sul-coreanos, de seu lado, dizem que nada disso existe.
"Pode-se discutir a arbitragem.
Mas, se é para lançar uma suspeita, aí eu fico irritado", rebate o técnico Guus Hiddink. "É uma desculpa dos perdedores. Se fôssemos nós, provavelmente faríamos
a mesma coisa. É normal", diz o
meia-atacante Lee Chun-soo.
Na quarta, no Japão, o time que
diz ter motivos para se preocupar
é a Turquia, adversária do Brasil.
Afinal, a equipe foi prejudicada
ao enfrentar o time de Scolari na
primeira fase -teve marcado
contra si um pênalti que, na verdade, era uma falta fora da área.
Os turcos resolveram se precaver. Prepararam um vídeo com
lances dos cinco jogos do Brasil
no Mundial e o entregaram à Fifa.
O objetivo é mostrar à entidade
que dirige o futebol mundial que
os árbitros estão sendo coniventes
com o que os turcos chamam de
""malandragem" dos brasileiros.
Com as discussões sobre as semifinais correndo assim, a Fifa já
é questionada de forma dura. Ontem, por exemplo, o porta-voz da
entidade teve de escutar algo do
tipo: "Como vocês podem garantir a integridade desta Copa?".
Uma resposta difícil, já que até o
próprio presidente da Fifa, Joseph
Blatter, atacou os árbitros. "Temos de revisar todo o sistema de
escolha dos juízes", afirmou.
Como a pressão de seu próprio
presidente não é ignorável, a Fifa
deu mostras ontem do tamanho
do drama que vive ao divulgar
quem comandará as semifinais.
Pela primeira vez desde 1958, as
duas semifinais de uma Copa serão dirigidas por trios de arbitragem inteiramente europeus.
Para Brasil x Turquia, o juiz escolhido foi o dinamarquês Kim
Milton Nielsen, 41, um analista de
sistemas que apitou o último
Mundial interclubes, entre Bayern de Munique e Boca Juniors.
Já Alemanha x Coréia do Sul ficou a cargo do empresário suíço
Urs Meier, 43, que, assim como
Nielsen, esteve na Copa de 1998.
Após o Mundial, algumas discussões devem voltar à cena. A Fifa deve reabilitar o debate em torno da profissionalização da arbitragem e, consequentemente,
buscar soluções para a questão de
patrocínio aos juízes, de forma
que tenham salários de acordo
com a dedicação integral.
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