São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

Próximo Texto | Índice

COPA 2002/ CORÉIA/ JAPÃO

ASSUSTADOS COM ERROS DA ARBITRAGEM, TURCOS E ALEMÃES AGEM NOS BASTIDORES

Funcionários do mês

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
ENVIADO ESPECIAL A YOKOHAMA

ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL

Não foi o terrorismo. Não foi a dupla organização. Não foi o racha político da Fifa. A Copa chega à última semana, e a grande dor de cabeça até agora está dentro do campo: os 72 árbitros e auxiliares destacados para o Mundial.
Tanto que, para duas das equipes que chegaram à semifinal, o principal assunto não é escalação ou tática, mas, sim, quem apita.
Amanhã, uma delas vai a campo ressabiada. A Alemanha enfrentará a Coréia do Sul, que teve, além do apoio dos torcedores, a ajuda de erros de arbitragem, para derrubar espanhóis e italianos.
Para um país que há 36 anos foi prejudicado numa final de Copa em favor dos donos da casa (os ingleses), pegar os sul-coreanos é surpresa nada agradável.
"Simplesmente escandaloso. A Coréia do Sul é nosso oponente na semifinal porque a arbitragem ajudou de novo", escreveu no "Bild" o ex-meia Paul Breitner.
Os sul-coreanos, de seu lado, dizem que nada disso existe.
"Pode-se discutir a arbitragem. Mas, se é para lançar uma suspeita, aí eu fico irritado", rebate o técnico Guus Hiddink. "É uma desculpa dos perdedores. Se fôssemos nós, provavelmente faríamos a mesma coisa. É normal", diz o meia-atacante Lee Chun-soo.
Na quarta, no Japão, o time que diz ter motivos para se preocupar é a Turquia, adversária do Brasil.
Afinal, a equipe foi prejudicada ao enfrentar o time de Scolari na primeira fase -teve marcado contra si um pênalti que, na verdade, era uma falta fora da área.
Os turcos resolveram se precaver. Prepararam um vídeo com lances dos cinco jogos do Brasil no Mundial e o entregaram à Fifa.
O objetivo é mostrar à entidade que dirige o futebol mundial que os árbitros estão sendo coniventes com o que os turcos chamam de ""malandragem" dos brasileiros.
Com as discussões sobre as semifinais correndo assim, a Fifa já é questionada de forma dura. Ontem, por exemplo, o porta-voz da entidade teve de escutar algo do tipo: "Como vocês podem garantir a integridade desta Copa?".
Uma resposta difícil, já que até o próprio presidente da Fifa, Joseph Blatter, atacou os árbitros. "Temos de revisar todo o sistema de escolha dos juízes", afirmou.
Como a pressão de seu próprio presidente não é ignorável, a Fifa deu mostras ontem do tamanho do drama que vive ao divulgar quem comandará as semifinais.
Pela primeira vez desde 1958, as duas semifinais de uma Copa serão dirigidas por trios de arbitragem inteiramente europeus.
Para Brasil x Turquia, o juiz escolhido foi o dinamarquês Kim Milton Nielsen, 41, um analista de sistemas que apitou o último Mundial interclubes, entre Bayern de Munique e Boca Juniors.
Já Alemanha x Coréia do Sul ficou a cargo do empresário suíço Urs Meier, 43, que, assim como Nielsen, esteve na Copa de 1998.
Após o Mundial, algumas discussões devem voltar à cena. A Fifa deve reabilitar o debate em torno da profissionalização da arbitragem e, consequentemente, buscar soluções para a questão de patrocínio aos juízes, de forma que tenham salários de acordo com a dedicação integral.



Próximo Texto: Os últimos serão os primeiros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.