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TOSTÃO
Tática Neném Prancha
Das oito seleções consideradas mais fortes
antes do Mundial,
França, Argentina e Portugal
saíram na primeira fase. Nas
oitavas-de-final, a Itália caiu
fora. Nas quartas, foi a vez de
Espanha e Inglaterra. Pelos
próprios méritos, sobraram
Brasil e Alemanha. Os dois
outros semifinalistas, Coréia
do Sul e Turquia, são grandes
surpresas. O que aconteceu?
Foi um fato ocasional ou há
uma progressiva transformação no futebol?
Existem algumas explicações. A Copa do Mundo é um
torneio curto, com vários jogos
classificatórios. Isso facilita as
surpresas. Estranho era não
ter acontecido antes, já que é
comum em outros torneios
desse tipo. Num campeonato
curto, os vencedores não são
necessariamente os melhores.
Foram melhores no momento.
Se o torneio fosse mais longo,
várias seleções se recuperariam e lutariam pelo título.
As seleções mais fortes tiveram menos tempo de preparação. Vários dos principais jogadores estavam com problemas, como Figo e Zidane. Os
clubes ficaram mais poderosos
do que as seleções.
A Turquia é semifinalista
sem vencer uma única partida
contra uma forte seleção. A
Coréia do Sul atuou em casa e
beneficiou-se dos graves erros
dos árbitros nas partidas contra Itália e Espanha. Se a Copa
fosse em outro país e daqui a
um mês, provavelmente Coréia do Sul e Turquia não passariam da primeira fase.
Outro motivo de tantas surpresas é a globalização do futebol. As equipes jogam bastante entre si. Fica mais fácil
para a pior anular a melhor.
Há pouca diferença de estilo,
de postura e de esquema tático. Até os treinos e os discursos
dos técnicos são iguais.
A tendência é cada vez mais
existir o equilíbrio. O futebol
ficará mais chato e repetitivo.
Pena! O encanto da vida está
nas diferenças.
Portanto, nesta Copa não
houve nenhuma grande mudança. A única diferença da
Coréia para as outras seleções
é o entusiasmo. Onde está a
bola há sempre um coreano a
mais. A tática da Coréia é a
mesma do antigo filósofo do
futebol Neném Prancha: "Jogador tem de ir na bola como
um miserável vai atrás de um
prato de comida".
Rei Felipão
Na última partida da Coréia
do Sul, havia uma faixa no estádio com os dizeres: "Hiddink
para presidente". Se a Coréia
chegar à final, os torcedores
vão pedir a mudança da Constituição da República para a
monarquia. O técnico holandês será coroado rei. Se a Coréia do Sul for campeã, Hiddink será uma divindade.
Se o Brasil ganhar o título
mundial, será que o Felipão
vai se tornar rei de Passo Fundo, sua terra natal, e ou de Caxias do Sul?
tostão.folha@uol.com.br
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