São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

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TOSTÃO

Tática Neném Prancha

Das oito seleções consideradas mais fortes antes do Mundial, França, Argentina e Portugal saíram na primeira fase. Nas oitavas-de-final, a Itália caiu fora. Nas quartas, foi a vez de Espanha e Inglaterra. Pelos próprios méritos, sobraram Brasil e Alemanha. Os dois outros semifinalistas, Coréia do Sul e Turquia, são grandes surpresas. O que aconteceu? Foi um fato ocasional ou há uma progressiva transformação no futebol?
Existem algumas explicações. A Copa do Mundo é um torneio curto, com vários jogos classificatórios. Isso facilita as surpresas. Estranho era não ter acontecido antes, já que é comum em outros torneios desse tipo. Num campeonato curto, os vencedores não são necessariamente os melhores. Foram melhores no momento. Se o torneio fosse mais longo, várias seleções se recuperariam e lutariam pelo título.
As seleções mais fortes tiveram menos tempo de preparação. Vários dos principais jogadores estavam com problemas, como Figo e Zidane. Os clubes ficaram mais poderosos do que as seleções.
A Turquia é semifinalista sem vencer uma única partida contra uma forte seleção. A Coréia do Sul atuou em casa e beneficiou-se dos graves erros dos árbitros nas partidas contra Itália e Espanha. Se a Copa fosse em outro país e daqui a um mês, provavelmente Coréia do Sul e Turquia não passariam da primeira fase.
Outro motivo de tantas surpresas é a globalização do futebol. As equipes jogam bastante entre si. Fica mais fácil para a pior anular a melhor. Há pouca diferença de estilo, de postura e de esquema tático. Até os treinos e os discursos dos técnicos são iguais.
A tendência é cada vez mais existir o equilíbrio. O futebol ficará mais chato e repetitivo. Pena! O encanto da vida está nas diferenças.
Portanto, nesta Copa não houve nenhuma grande mudança. A única diferença da Coréia para as outras seleções é o entusiasmo. Onde está a bola há sempre um coreano a mais. A tática da Coréia é a mesma do antigo filósofo do futebol Neném Prancha: "Jogador tem de ir na bola como um miserável vai atrás de um prato de comida".

Rei Felipão
Na última partida da Coréia do Sul, havia uma faixa no estádio com os dizeres: "Hiddink para presidente". Se a Coréia chegar à final, os torcedores vão pedir a mudança da Constituição da República para a monarquia. O técnico holandês será coroado rei. Se a Coréia do Sul for campeã, Hiddink será uma divindade.
Se o Brasil ganhar o título mundial, será que o Felipão vai se tornar rei de Passo Fundo, sua terra natal, e ou de Caxias do Sul?

tostão.folha@uol.com.br



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