São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

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JOSÉ ROBERTO TORERO

Síndrome de dependência

Caro leitor, cara leitora, chegou a hora de contar-vos uma triste verdade: sou um viciado. Estou escrevendo esta confissão às cinco da manhã de domingo. Eu me virava na cama e não conseguia dormir. Então acordei e parti em busca de meu vício: a Copa.
Sim, meus amigos, eu reconheço: depois de mais de 20 dias de consumo, tornei-me um dependente de futebol matinal.
Minhas mãos tremiam quando pegaram o controle remoto. Meus dedos apertaram os botões sofregamente. Quando aquela luz emanou da tela senti um enorme alívio e disse "Ah!".
Infelizmente durou pouco o alívio. A Globo passava um seriado sobre vampiros (se ainda fosse uma entrevista com o Vampeta), a ESPN Brasil transmitia um jogo de tênis e, na Sportv, um quase-consolo: o filme oficial da Copa de 1962.
Mas isto não me bastava. Continuei procurando e topei com o Pedro Bial. Fiquei contente de início, apesar de estranhar o fato de que ele estava sem sua camisa azul. Porém, logo depois, quase tive uma crise de raiva ao ver que ele falava de livros. Ora, livros!
Não, não havia nada. Nem uma mesa-redonda.
Desesperado, fui à janela. Apesar do frio, pensei em sair pelas ruas à procura de outros como eu. Ficaríamos em volta de uma fogueira e conversaríamos sobre a Turquia.
Esse, leitores, é o meu triste relato. Espero que lhes sirva de advertência. Fujam desse vício enquanto é tempo!

torero@uol.com.br



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