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JOSÉ ROBERTO TORERO
Síndrome de dependência
Caro leitor, cara leitora,
chegou a hora de contar-vos uma triste verdade: sou um viciado. Estou escrevendo esta confissão às cinco
da manhã de domingo. Eu me
virava na cama e não conseguia
dormir. Então acordei e parti
em busca de meu vício: a Copa.
Sim, meus amigos, eu reconheço: depois de mais de 20 dias
de consumo, tornei-me um dependente de futebol matinal.
Minhas mãos tremiam quando pegaram o controle remoto.
Meus dedos apertaram os botões sofregamente. Quando
aquela luz emanou da tela senti
um enorme alívio e disse "Ah!".
Infelizmente durou pouco o
alívio. A Globo passava um seriado sobre vampiros (se ainda
fosse uma entrevista com o
Vampeta), a ESPN Brasil transmitia um jogo de tênis e, na
Sportv, um quase-consolo: o filme oficial da Copa de 1962.
Mas isto não me bastava.
Continuei procurando e topei
com o Pedro Bial. Fiquei contente de início, apesar de estranhar o fato de que ele estava
sem sua camisa azul. Porém, logo depois, quase tive uma crise
de raiva ao ver que ele falava de
livros. Ora, livros!
Não, não havia nada. Nem
uma mesa-redonda.
Desesperado, fui à janela.
Apesar do frio, pensei em sair
pelas ruas à procura de outros
como eu. Ficaríamos em volta
de uma fogueira e conversaríamos sobre a Turquia.
Esse, leitores, é o meu triste relato. Espero que lhes sirva de
advertência. Fujam desse vício
enquanto é tempo!
torero@uol.com.br
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