São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

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AUTOMOBILISMO

Jean Todt admite ter pedido a pilotos no fim do GP da Europa para manter formação no final de corrida

Barrichello vence e Ferrari admite tática

Associated Press
O piloto alemão Michael Schumacher (esq.) afaga o brasileiro Rubens Barrichello durante cerimônia de premiação do GP da Europa


DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas de ter de se explicar à FIA por forçar Rubens Barrichello a ceder a primeira posição para Michael Schumacher na Áustria, a Ferrari fez o inverso ontem. Impediu o alemão de ultrapassar o companheiro, que venceu o GP da Europa, em Nurburgring, na Alemanha. A estratégia foi assumida publicamente pelo diretor esportivo da equipe, Jean Todt.
Correndo em casa, o alemão terminou na segunda posição, a menos de meio segundo do brasileiro, líder na prova inteira.
Mesmo assim, não ameaçou Barrichello, que venceu pela segunda vez desde a sua estréia na categoria, em 1993. Kimi Haikkonen, da McLaren, foi o terceiro.
A decisão de não repetir a tática adotada na Áustria evitou que a imagem da escuderia ficasse mais desgastada antes da reunião do Conselho Mundial da FIA, na quarta, em Paris. No encontro, os integrantes da equipe, que pode ser punida, serão ouvidos sobre o episódio. Na sexta, Schumacher teve longa reunião com o homem forte da F-1, Bernie Ecclestone, para discutir o assunto.
A cúpula da Ferrari alegou que a situação do campeonato agora é diferente em relação à época do GP da Áustria, já que Schumacher chegou a Nuburgring mais confortável do que naquela ocasião.
"Nós demos instruções, depois da segunda parada nos boxes, para que as posições fossem mantidas. Jogo de equipe faz parte da estratégia da Ferrari e hoje [ontem" a nossa tática foi deixar Barrichello ganhar", disse Todt.
Ele afirmou que, como Schumacher está numa situação ainda mais confortável, a Ferrari sentiu que poderia "começar a ajudar Barrichello no campeonato".
Ele negou que a decisão esteja ligada à corrida austríaca, mas Ross Brawn, diretor técnico da equipe, ainda demonstra constrangimento ao comentar o fato. "Não negamos que gostaríamos de ter conduzido algumas coisas de maneira diferente", disse ele.
O piloto brasileiro afirmou ter ficado surpreso com a decisão da escuderia ontem."Agradeço a equipe por ter me dado esse carro e ter me deixado permanecer [em primeiro"", declarou Barrichello.
Perder a prova para o seu companheiro de equipe não complicou em nada a situação do piloto alemão, que aumentou ainda mais a sua vantagem sobre os concorrentes. Ele tem agora 46 pontos a mais que Ralf, da Williams, segundo colocado.
Para o brasileiro, a vitória valeu melhora na classificação. Antes quinto colocado, agora divide a quarta posição com David Coulthard, com 26 pontos.
O ferrarista também quebrou: nunca um brasileiro havia vencido uma prova em Nurburgring.
A vitória de Barrichello começou a ser construída na largada, quando pulou da quarta para a segunda posição. Em seguida, ultrapassou Ralf e assumiu a liderança, que não deixaria até o fim.
Apesar de ter chegado em segundo, o alemão também alcançou uma marca histórica. Tornou-se recordista em pódios ao lado do francês Alain Prost. Cada um chegou 106 vezes entre os três primeiros colocados de um GP.

Com agências internacionais

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