São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2010

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Até presidente francês ataca Bleus

Fiasco da equipe de Raymond Domenech vira questão de Estado, que teme "discussão racial'

DE SÃO PAULO

O fiasco da equipe de Raymond Domenech na África do Sul virou questão de Estado. De pronunciamentos do presidente, Nicolas Sarkozy, a discussões sobre falta de patriotismo, imigração e até racismo. O debate deve continuar hoje, quando os Bleus desembarcam em Paris.
O time foi eliminado na primeira fase sem vencer nenhum jogo -repetindo o ocorrido na Euro-08 e na Copa-2002-, Anelka foi excluído da delegação após xingar Domenech, e os jogadores chegaram a boicotar um treino após a saída do atacante.
Sarkozy se reuniu com o primeiro-ministro da França, François Fillon, a ministra do Esporte, Roselyne Bachelot, e a secretária de Estado para o Esporte, Rama Yade.
Para o presidente, "o fracasso é a ocasião de responder a questões estruturais que perduram há algum tempo" no elenco. Ele prometeu para os próximos meses um projeto de renovação no futebol francês. "A partir dessas conclusões, o governo iniciará uma reflexão mais geral sobre a administração das federações esportivas", disse Sarkozy, em nota oficial.
O presidente ainda pediu aos ministros que assegurassem que os responsáveis pelo "desastre" fossem identificados, em claro sinal de que o governo busca demissões.
Pediu ainda que nenhum membro da delegação receba qualquer gratificação, algo de que os jogadores já haviam decidido abdicar.
Desde antes da Copa, já era sabido que o técnico Domenech não continuaria no cargo. O ex-jogador Laurent Blanc, capitão da seleção campeão mundial em 1998, assumirá o comando.

IMIGRANTES
A imprensa francesa especula que, por trás da péssima campanha, existam fatores como racismo e acusações de falta de patriotismo.
A secretária de Estado para questões raciais, Fadela Amara, teria dito a Sarkozy que a crise na seleção havia se tornado, uma "questão racial" por conta da quantidade de jogadores de origem estrangeira na equipe.
"Há uma tendência a transformar o que aconteceu em uma questão étnica", afirmou ela ao presidente, ainda de acordo com a mídia francesa. "As pessoas têm dúvidas sobre a capacidade dos descendentes de imigrantes de representar a nação", teria dito a secretária.
O atacante Florent Malouda foi um dos primeiros a se desculpar após o fracasso.
"Nós honestamente não imaginávamos que essa eliminação afetaria tanto as pessoas. Nós realmente sentimos muito pelos franceses", declarou o jogador.
O atacante Thierry Henry, um dos mais badalados do time, pediu reunião com Sarkozy "assim que possível".

Com agências de notícias


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