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UM MUNDO QUE TORCE
Copa?
Em Miami Beach ,os americanos trocam jogo da seleção do país pela praia
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI BEACH
Treze minutos do segundo
tempo, e Dempsey manda
uma bola na trave. No bar
Ocean's Ten, na turística
Ocean Drive, em Miami
Beach, Rafael Reyes leva as
mãos à cabeça, incrédulo.
Ele usa a camisa da seleção americana, presente da
mulher, Salma. É o único.
Empatado com quem enverga camisas de Barcelona, Argentina, San Antonio Spurs e
Red Sox, time de beisebol.
"Este é o tipo de apoio que
o futebol tem no país. Miami
contava com um bom time, o
Fusion, mas que não deu certo porque o estádio vivia vazio. E olha que aqui é o lugar
onde mais se fala de futebol
nos EUA, por conta dos latinos", afirma Reyes, ele mesmo filho de colombianos. E
ele mesmo um fã moderado
da bola nos pés.
"Prefiro o futebol americano, é meu primeiro esporte.
Estamos aqui porque não
queríamos ver o jogo em casa
e porque torcemos pelos
EUA. Mais do que pelo futebol, estamos aqui pelo país",
completa, bandeira americana pendurada no ombro.
Na porta do bar, como nos
vizinhos que exibem a partida, garçonetes e promotoras
até tentam atrair freguesia.
Vestidas com uniformes de
seleções, saias curtas e
meiões de futebol, abordam
quem passa pela calçada.
Tarefa inglória. Apesar do
dia nublado e de uma garoa
que vai e vem, a maioria dos
americanos prefere a praia.
Como George Howard, de
Boca Raton, também na Flórida. "Sei que é o esporte top
no mundo, mas aqui não. O
americano médio, típico,
prefere assistir a um monte
de homem forte se machucando", declara, referindo-se
ao futebol americano.
O segundo tempo está rolando, e George segura o
guarda-sol, lutando contra a
ventania. "Nem cogitei ver
essa partida. Não gosto."
Quem gosta, e quem aceita
os convites das mocinhas
uniformizadas, são, em geral, turistas estrangeiros.
Enquanto Reyes sofre como representante da torcida
americana, três ingleses com
suas camisas vermelhas
veem o outro jogo do grupo,
Inglaterra x Eslovênia.
"A partida se desenvolve
de uma maneira dramática",
berra Ian Darke, narrador da
ESPN, indignado desde o primeiro tempo com a anulação
de um gol por impedimento.
"Aconteceu em 2002, contra
a Alemanha. Aconteceu em
2006, contra a Gana. E agora,
fomos roubados de novo."
Darke não deixa de chiar
até quando o juiz dá quatro
minutos de acréscimo. "Mais
uma decisão estranha. Pelo
menos, não nos prejudica."
Não mesmo. Aos 46min,
Donovan vence o goleiro argelino e faz o gol que classifica os EUA para as oitavas. Reyes levanta da cadeira, bandeira nas mãos, gritando.
Para Fernando Ramado,
gerente do bar, pouco muda.
"O que esperamos é pelos jogos de Brasil, Argentina, México... Aí sim, fica lotado."
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