São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2010

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UM MUNDO QUE TORCE

Copa?

Em Miami Beach ,os americanos trocam jogo da seleção do país pela praia

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI BEACH

Treze minutos do segundo tempo, e Dempsey manda uma bola na trave. No bar Ocean's Ten, na turística Ocean Drive, em Miami Beach, Rafael Reyes leva as mãos à cabeça, incrédulo.
Ele usa a camisa da seleção americana, presente da mulher, Salma. É o único. Empatado com quem enverga camisas de Barcelona, Argentina, San Antonio Spurs e Red Sox, time de beisebol.
"Este é o tipo de apoio que o futebol tem no país. Miami contava com um bom time, o Fusion, mas que não deu certo porque o estádio vivia vazio. E olha que aqui é o lugar onde mais se fala de futebol nos EUA, por conta dos latinos", afirma Reyes, ele mesmo filho de colombianos. E ele mesmo um fã moderado da bola nos pés.
"Prefiro o futebol americano, é meu primeiro esporte. Estamos aqui porque não queríamos ver o jogo em casa e porque torcemos pelos EUA. Mais do que pelo futebol, estamos aqui pelo país", completa, bandeira americana pendurada no ombro.
Na porta do bar, como nos vizinhos que exibem a partida, garçonetes e promotoras até tentam atrair freguesia. Vestidas com uniformes de seleções, saias curtas e meiões de futebol, abordam quem passa pela calçada.
Tarefa inglória. Apesar do dia nublado e de uma garoa que vai e vem, a maioria dos americanos prefere a praia.
Como George Howard, de Boca Raton, também na Flórida. "Sei que é o esporte top no mundo, mas aqui não. O americano médio, típico, prefere assistir a um monte de homem forte se machucando", declara, referindo-se ao futebol americano.
O segundo tempo está rolando, e George segura o guarda-sol, lutando contra a ventania. "Nem cogitei ver essa partida. Não gosto."
Quem gosta, e quem aceita os convites das mocinhas uniformizadas, são, em geral, turistas estrangeiros.
Enquanto Reyes sofre como representante da torcida americana, três ingleses com suas camisas vermelhas veem o outro jogo do grupo, Inglaterra x Eslovênia.
"A partida se desenvolve de uma maneira dramática", berra Ian Darke, narrador da ESPN, indignado desde o primeiro tempo com a anulação de um gol por impedimento. "Aconteceu em 2002, contra a Alemanha. Aconteceu em 2006, contra a Gana. E agora, fomos roubados de novo."
Darke não deixa de chiar até quando o juiz dá quatro minutos de acréscimo. "Mais uma decisão estranha. Pelo menos, não nos prejudica."
Não mesmo. Aos 46min, Donovan vence o goleiro argelino e faz o gol que classifica os EUA para as oitavas. Reyes levanta da cadeira, bandeira nas mãos, gritando.
Para Fernando Ramado, gerente do bar, pouco muda. "O que esperamos é pelos jogos de Brasil, Argentina, México... Aí sim, fica lotado."


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