São Paulo, quinta-feira, 24 de junho de 2010

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Wimbledon testemunha "partida que nunca acaba"

Americano e francês tentam definir hoje o duelo mais longo da história

DE SÃO PAULO

O americano John Isner, 19º do mundo, e o francês Nicolas Mahut, 148º, estão longe de figurar entre as grandes estrelas do circuito do tênis.
Tanto que a finalização da partida (apenas o quinto set) entre eles pela primeira rodada de Wimbledon foi marcada ontem para a quadra 18.
Mas, após trocarem bolas por mais de sete horas, eles ainda não haviam definido quem era o vencedor (o set está empatado em 59/59), mas tinham protagonizado uma batalha épica, sem precedentes na história do tênis.
Somente na disputa do quinto set, que foi interrompido por falta de iluminação natural, Isner e Mahut superaram o recorde de partida mais longa da história.
Em 2004, na primeira rodada de Roland Garros, o francês Fabrice Santoro precisou de seis horas e 33 minutos para vencer seu compatriota Arnaud Clement -a parcial ainda em disputa já durou 33 minutos a mais.
No total, o jogo iniciado na terça e também interrompido por falta de iluminação já tem dez horas de duração.
Com tanto tempo em quadra, outras marcas históricas também acabaram caindo. Em número de games, o recorde de jogo mais longo havia acontecido também na primeira rodada de Wimbledon, em 1969. Pancho Gonzales precisou de 112 para derrotar Pasarell -só ontem, foram jogados 118.
Se o critério for o número de games em um set, a marca impressiona ainda mais.
Juntos, John Newcombe e Marty Reissen disputaram 48 nas oitavas de final do Aberto dos EUA-69, ou 11 a menos do que os vencidos por apenas um dos jogadores ontem.
Os dois tenistas já conseguiram mais aces do que o gigante croata Ivo Karlovic (2,08 m), que no ano passado fez 78 saques indefensáveis na derrota para o tcheco Radek Stepanek em jogo de cinco sets pela Copa Davis.
"Nós dois sacamos de forma fantástica", afirmou o americano. "Quero ver as estatísticas para saber quantos aces nós conseguimos."
O americano, que mede 2,06 m, conseguiu 98, e Mahut (1,90 m) obteve 94. Segundo o fisiologista Paulo Zogaib, do Centro de Medicina da Atividade Física do Esporte da Unifesp, praticar tantas horas ininterruptas de atividade física pode provocar um colapso no organismo. Ele explica que, nessas condições, o corpo passa a gastar todo o estoque de gordura (responsável pela resistência) e açúcar (que aumenta a potência), o que vai diminuir a intensidade do jogo e os reflexos dos atletas.
"Além do cansaço muscular, o exagero pode provocar exaustão do organismo. Os sintomas são tontura, moleza, hipoglicemia, desidratação, cãibras. Se não parar, o jogador pode desmaiar", afirma. De acordo com Zogaib, é provável que os jogadores não estejam completamente recuperados hoje.
Ontem, a torcida gritou "Quadra central, quadra central", mas a organização marcou o jogo, que identificou em seu site como o "que nunca acaba", para a 18. Isner x Mahut é o terceiro da programação, que começa às 8h. A transmissão pela TV costuma privilegiar jogos nas quadras mais badaladas.

Veja fotos da partida em
folha.com.br/101747


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