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Wimbledon testemunha "partida que nunca acaba"
Americano e francês tentam definir hoje o duelo mais longo da história
DE SÃO PAULO
O americano John Isner,
19º do mundo, e o francês Nicolas Mahut, 148º, estão longe de figurar entre as grandes
estrelas do circuito do tênis.
Tanto que a finalização da
partida (apenas o quinto set)
entre eles pela primeira rodada de Wimbledon foi marcada ontem para a quadra 18.
Mas, após trocarem bolas
por mais de sete horas, eles
ainda não haviam definido
quem era o vencedor (o set
está empatado em 59/59),
mas tinham protagonizado
uma batalha épica, sem precedentes na história do tênis.
Somente na disputa do
quinto set, que foi interrompido por falta de iluminação
natural, Isner e Mahut superaram o recorde de partida
mais longa da história.
Em 2004, na primeira rodada de Roland Garros, o
francês Fabrice Santoro precisou de seis horas e 33 minutos para vencer seu compatriota Arnaud Clement -a parcial ainda em disputa já
durou 33 minutos a mais.
No total, o jogo iniciado na
terça e também interrompido
por falta de iluminação já
tem dez horas de duração.
Com tanto tempo em quadra, outras marcas históricas
também acabaram caindo.
Em número de games, o recorde de jogo mais longo havia acontecido também na
primeira rodada de Wimbledon, em 1969. Pancho Gonzales precisou de 112 para
derrotar Pasarell -só ontem,
foram jogados 118.
Se o critério for o número
de games em um set, a marca
impressiona ainda mais.
Juntos, John Newcombe e
Marty Reissen disputaram 48
nas oitavas de final do Aberto
dos EUA-69, ou 11 a menos do
que os vencidos por apenas
um dos jogadores ontem.
Os dois tenistas já conseguiram mais aces do que o gigante croata Ivo Karlovic
(2,08 m), que no ano passado
fez 78 saques indefensáveis
na derrota para o tcheco Radek Stepanek em jogo de cinco sets pela Copa Davis.
"Nós dois sacamos de forma fantástica", afirmou o
americano. "Quero ver as estatísticas para saber quantos
aces nós conseguimos."
O americano, que mede
2,06 m, conseguiu 98, e Mahut (1,90 m) obteve 94.
Segundo o fisiologista
Paulo Zogaib, do Centro de
Medicina da Atividade Física
do Esporte da Unifesp, praticar tantas horas ininterruptas de atividade física pode
provocar um colapso no organismo. Ele explica que,
nessas condições, o corpo
passa a gastar todo o estoque
de gordura (responsável pela
resistência) e açúcar (que aumenta a potência), o que vai
diminuir a intensidade do jogo e os reflexos dos atletas.
"Além do cansaço muscular, o exagero pode provocar
exaustão do organismo. Os
sintomas são tontura, moleza, hipoglicemia, desidratação, cãibras. Se não parar, o
jogador pode desmaiar",
afirma. De acordo com Zogaib, é provável que os jogadores não estejam completamente recuperados hoje.
Ontem, a torcida gritou
"Quadra central, quadra central", mas a organização
marcou o jogo, que identificou em seu site como o "que
nunca acaba", para a 18. Isner x Mahut é o terceiro da
programação, que começa às
8h. A transmissão pela TV
costuma privilegiar jogos nas
quadras mais badaladas.
Veja fotos da partida em
folha.com.br/101747
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