São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2006

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CIDA SANTOS

Palpite infeliz

O técnico Bernardinho quer diminuir a distância entre reservas e titulares, mas vai demorar para chegar a isso

QUATRO JOGOS, quatro vitórias do Brasil sobre a Argentina na Liga Mundial. Lógica total nos confrontos. Início de temporada, o time ainda sofre com a falta de ritmo. Anteontem, foram 33 erros em quadra. Ontem, a seleção já foi melhor. E a tendência é essa: chegar bem à fase final, em Moscou.
É claro o esforço do técnico Bernardinho de diminuir a distância entre reservas e titulares. A idéia é nem ter reservas, mas ainda demora a chegar a esse estágio. Anteontem, Samuel jogou no lugar de Giba. Ontem, foi a vez de Murilo, na vaga de Dante. Os dois tiveram boa atuação.
Ontem, no terceiro set, o Brasil jogou com quatro reservas: Murilo, Sidão, Marcelinho e Anderson. Só Giba, Rodrigão e Escadinha do time principal. Começou perdendo por 8 a 3, mas virou: venceu por 25 a 21.
Esse é o caminho para dar experiência à nova geração e criar "peças" de reposição. O que chamou a atenção ontem foram os erros do argentino Milinkovic. Só na antena da rede, ele meteu quatro bolas.
Quem está de olho no Brasil é o técnico Júlio Velasco. Lembra dele?
Nos anos 90, criou o império italiano. Com ele, a Azzurra foi bicampeã mundial e ganhou cinco dos oito títulos que coleciona na Liga. Na última semana, ele lançou palpite um tanto arriscado em uma entrevista. Velasco, atual técnico do Montichiari, apontou a Itália como favorita ao título do Mundial do Japão, em novembro. Mas, afinal, por que não o Brasil? A justificativa dele é que o time brasileiro, atual campeão mundial e olímpico, vai sofrer com a pressão de buscar o bicampeonato. Acho difícil. O Brasil tem time experiente, que já passou por pressões. Sem contar que tem Ricardinho, levantador que faz a diferença.
Se errar a previsão, Velasco diz que o Brasil poderá ficar com o título de "o time da história". Segundo ele, nem a Itália nem os EUA, em seus anos dourados, venceram Olimpíada e Mundial seguidos. Não é bem assim. Se em novembro o Brasil for campeão mundial no Japão, completará um ciclo de quatro anos vencendo os principais torneios: Mundial da Argentina em 2002 e Jogos de Atenas em 2004.
Façanha para poucos, mas já obtida por EUA e ex-União Soviética. A seleção soviética, dos lendários Savin e Zaitsev, foi campeã mundial em Roma-78 e em Buenos Aires-82 e ouro olímpico em Moscou-80.
Os americanos, do craque Karch Kiraly, reinaram quatro anos: foram campeões nos Jogos de Los Angeles (84) e de Seul (88). No intervalo entre as duas Olimpíadas, venceram o Mundial da França, em 86.
Já a Itália foi a única seleção masculina a conquistar três títulos mundiais seguidos (90, 94 e 98), mas nunca chegou ao ouro olímpico. Se o Brasil ganhar o Mundial, vai igualar o feito dos EUA e da ex-URSS. Se vencer também os Jogos de Pequim, será o único com dois títulos mundiais e dois olímpicos seguidos, além de seis anos de domínio no vôlei.

O RETORNO
O central Gustavo volta a treinar com a seleção brasileira no dia 7. Ele estava afastado para ficar ao lado da mulher, que em abril teve confirmado diagnóstico de Linfoma de Hodgkin, uma forma de câncer que se origina nos gânglios. Exames recentes mostraram que ela está quase curada.

VANTAGEM
A tabela da Liga é generosa com Itália e Rússia. Na última rodada da primeira fase, os times jogam em Moscou, sede da fase final que começa dois dias depois. O Brasil terá que viajar de Fortaleza a Moscou.

CONTAGEM REGRESSIVA
Os ingressos para o Mundial do Japão começaram a ser vendidos ontem, exatamente a cem dias do início do torneio. Serão 503 mil ingressos, 203 mil para o torneio feminino e 300 mil para o masculino.

@ - cidasan@uol.com.br


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