São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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Atletismo

Fabiana Murer voa, sobra e faz história

Com marca de 4,60 m, atleta assegura 1º título do Brasil no salto com vara

Prova rende ao país seu primeiro ouro no atletismo no Rio, em dia dos bronzes de Lucélia Peres, Marílson dos Santos e Elisângela Adriano


ADALBERTO LEISTER FILHO
PAULO COBOS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Fabiana Murer, 26, conquistou ontem, no estádio João Havelange, a primeira medalha de ouro do atletismo nacional no Pan do Rio. A brasileira confirmou favoritismo e "sobrou" na prova, com um salto de 4,60 m.
É o primeiro título pan-americano do Brasil no salto com vara. Anteriormente, o melhor resultado do país na prova havia sido dois bronzes masculinos no Pan de 1951 e 1983.
"Sabia que poderia ganhar o Pan com 4,60 m. Mas fiquei nervosa no início, por causa da torcida", disse a recordista sul-americana da prova (4,66 m).
Fabiana saltou à frente das adversárias ao conseguir 4,50 m em sua segunda tentativa.
A norte-americana April Steiner, que havia falhado nas duas vezes em que tentara igualar a marca, arriscou 4,55 m.
"Fiquei atenta ao salto dela. Se ela acertasse, sabia que teria que superá-la de novo. Mas não precisei", comentou a campeã, que embarca para a Europa dentro de dez dias. Em agosto, disputa o Mundial de Osaka.
"É a minha primeira prova depois do Troféu Brasil. É como o início de uma temporada, que será fechada no Mundial", disse Fabiana, que ontem cravou sua melhor marca no ano.
Já campeã, a saltadora buscou bater seu recorde pessoal.
"Tentei fazer 4,68 m para agradecer ao apoio da torcida, mas errei nas passadas."
Além de Fabiana, o Brasil foi ao pódio mais três vezes ontem com o atletismo. Nos 10.000 m para mulheres, Lucélia Peres ficou com o bronze. "Minha chegada foi boa, mas tenho que evoluir para correr abaixo dos 33min", afirmou a campeã da última São Silvestre.
Marílson dos Santos, que abriu mão da maratona para competir nas provas de pista, não conseguiu evoluir nos 5.000 m em relação ao que fez há quatro anos no Pan de Santo Domingo (prata). Ele ficou com a medalha de bronze.
No lançamento de disco, Elisângela Adriano, 34, também ficou em terceiro. Cuba levou o ouro e a prata, assim como havia acontecido no arremesso de martelo. "Sou como vinho. Quanto mais velha melhor. Quem sabe não consigo competir no próximo Pan", afirmou Elisângela, dona de mais duas medalhas em Pans.
Nas provas eliminatórias, o Brasil teve muitos atletas eliminados. Foi o caso de Juliana Gomes dos Santos nos 800 m, de Rafael Ribeiro e Luciana Alves dos Santos nos 100 m e Sanderlei Parrela e Rodrigo Bargas nos 400 m.
Hoje, o atletismo do Pan decide seis medalhas de ouro. Destaque para a final dos 100 m, que terá o brasileiro Vicente Lenílson na pista. Nos 800 m, Josiane Tito se classificou para a final com o melhor tempo das eliminatórias (2min01s28).
"Desisti de disputar os 400 m para me concentrar para essa prova. E consegui minha melhor marca nela", festejou.
A modalidade, aliás, estreou no Engenhão com um público reduzido, que ainda tomou ríspidas broncas do locutor oficial quando vaiou argentinos e americanos. Foi pedido aos fãs "respeito" com os atletas.
"A norte-americana achou até graça das vaias. Eu não acho legal, mas é o jeito de eles torcerem", declarou Fabiana Murer, que acredita que os gritos prejudicaram suas adversárias.
No final, sob chuva fina e com todos os refletores ligados, o público vaiou muito quando foi anunciado que a entrega da medalha de ouro para Fabiana Murer aconteceria só hoje.


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