São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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Carpegiani afunda com time que não montou

Técnico do Corinthians pediu reforços, mas recebeu 11 "apostas da diretoria'

Rubens Gomes, vice de futebol, e Renato Duprat, braço direito de Alberto Dualib, arquitetaram time que habita zona da degola


DA REPORTAGEM LOCAL

Por obrigação ou por convicção, o técnico Paulo César Carpegiani quase se despediu do Corinthians após a derrota para o Náutico alegando "responsabilidade total" no fiasco do time neste Brasileiro.
Mas, por omissão ou confiança no faro da diretoria, em pelo menos um aspecto da formação do "novo" Corinthians -sem medalhões- Carpegiani não pode ser apontado como culpado: contratações. Apenas 1 dos 11 reforços que o clube conseguiu até agora, mais os dois jogadores que reintegrou ao time, chegou por indicação do técnico corintiano.
O goleiro Felipe, os zagueiros Kadu e Zelão, os volantes Moradei, Ricardinho e Vampeta e os atacantes Finazzi, Clodoaldo e Júnior Negão chegaram ao Parque São Jorge sem que Carpegiani participasse ou opinasse sobre suas contratações.
Fábio Ferreira e Marcelo Oliveira também foram incorporados ao grupo por decisão da diretoria, mas ambos contam com a simpatia de Carpegiani, que passou a conhecê-los.
As apostas em jogadores mais jovens que se destacaram nos campeonatos estaduais mesclados com atletas que já passaram dos 30 foram arquitetadas por Rubens Gomes, atual vice-presidente de futebol do Corinthians, e Renato Duprat, braço direito do presidente Alberto Dualib, que também chegou a declarar ter ajudado na montagem do elenco.
Quando o time estava na parte de cima da tabela, Dualib afirmou que fizera as contratações de Londres, onde estava acompanhado de Duprat. O vice de futebol negociou boa parte deles pessoalmente.
E, para Rubens Gomes, o time do Corinthians, que está na zona de rebaixamento do Brasileiro (ocupa a 17ª posição, com 14 pontos), não vence há sete rodadas e ganhou apenas uma partida como mandante, não pode ser considerado ruim.
"Até 15 dias atrás era um grupo que todos achavam maravilhoso. E eu continuo achando maravilhoso. Não adianta criticar na derrota", disse o cartola, que ressaltou principalmente a qualidade dos atacantes, apesar de o clube ter o pior setor ofensivo do Nacional, com apenas 10 gols em 12 jogos.
"Para mim, nenhum clube tem atacantes melhores que os nossos aqui no Brasil."
Ironicamente, o único jogador adquirido a pedido de Carpegiani deve ser o primeiro a sair. O lateral-direito Pedro, que abandonou a concentração às vésperas da partida de anteontem por falta de pagamento, foi afastado do elenco e tem seu futuro indefinido no clube.
Ao chegar ao Parque São Jorge, Pedro foi considerado por Carpegiani como "reforço de peso". Além dele, o treinador havia indicado atletas para a lateral esquerda e para a meia, mas jamais foi atendido.
"Esses jogadores que chegam são todos apostas da direção", sempre repete o treinador, quando questionado sobre os atletas que recebeu.
E foram apostas altas. Dos 11 contratados pela diretoria corintiana, 6 têm contratos longos, com mais de dois anos de duração.
Felipe, de 23 anos, e Zelão, 22, até abril de 2011, Kadu, 21, até junho de 2012, Clodoaldo, 28, até maio de 2011, e Ricardinho, 31, que acertou contrato até janeiro de 2009.
A situação de Carpegiani com relação a pedidos de reforços é inversa a de seu antecessor no cargo, Emerson Leão.
Como treinador corintiano, Leão indicou jogadores e teve suas exigências atendidas. Mas os atletas de Leão, como o zagueiro Gustavo, o volante Daniel, o lateral-direito Tamandaré e o goleiro Jean não vingaram no clube e, logo após a demissão dele, foram afastados do elenco principal -apenas Wellington segue no time.0 (EDUARDO ARRUDA E PAULO GALDIERI)


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