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Carpegiani afunda com time que não montou
Técnico do Corinthians pediu reforços, mas recebeu 11 "apostas da diretoria'
Rubens Gomes, vice de futebol, e Renato Duprat, braço direito de Alberto Dualib, arquitetaram time que habita zona da degola
DA REPORTAGEM LOCAL
Por obrigação ou por convicção, o técnico Paulo César Carpegiani quase se despediu do
Corinthians após a derrota para o Náutico alegando "responsabilidade total" no fiasco do time neste Brasileiro.
Mas, por omissão ou confiança no faro da diretoria, em pelo
menos um aspecto da formação
do "novo" Corinthians -sem
medalhões- Carpegiani não
pode ser apontado como culpado: contratações. Apenas 1 dos
11 reforços que o clube conseguiu até agora, mais os dois jogadores que reintegrou ao time,
chegou por indicação do técnico corintiano.
O goleiro Felipe, os zagueiros
Kadu e Zelão, os volantes Moradei, Ricardinho e Vampeta e
os atacantes Finazzi, Clodoaldo
e Júnior Negão chegaram ao
Parque São Jorge sem que Carpegiani participasse ou opinasse sobre suas contratações.
Fábio Ferreira e Marcelo Oliveira também foram incorporados ao grupo por decisão da
diretoria, mas ambos contam
com a simpatia de Carpegiani,
que passou a conhecê-los.
As apostas em jogadores
mais jovens que se destacaram
nos campeonatos estaduais
mesclados com atletas que já
passaram dos 30 foram arquitetadas por Rubens Gomes,
atual vice-presidente de futebol do Corinthians, e Renato
Duprat, braço direito do presidente Alberto Dualib, que também chegou a declarar ter ajudado na montagem do elenco.
Quando o time estava na parte de cima da tabela, Dualib
afirmou que fizera as contratações de Londres, onde estava
acompanhado de Duprat. O vice de futebol negociou boa parte deles pessoalmente.
E, para Rubens Gomes, o time do Corinthians, que está na
zona de rebaixamento do Brasileiro (ocupa a 17ª posição,
com 14 pontos), não vence há
sete rodadas e ganhou apenas
uma partida como mandante,
não pode ser considerado ruim.
"Até 15 dias atrás era um grupo que todos achavam maravilhoso. E eu continuo achando
maravilhoso. Não adianta criticar na derrota", disse o cartola,
que ressaltou principalmente a
qualidade dos atacantes, apesar
de o clube ter o pior setor ofensivo do Nacional, com apenas
10 gols em 12 jogos.
"Para mim, nenhum clube
tem atacantes melhores que os
nossos aqui no Brasil."
Ironicamente, o único jogador adquirido a pedido de Carpegiani deve ser o primeiro a
sair. O lateral-direito Pedro,
que abandonou a concentração
às vésperas da partida de anteontem por falta de pagamento, foi afastado do elenco e tem
seu futuro indefinido no clube.
Ao chegar ao Parque São Jorge, Pedro foi considerado por
Carpegiani como "reforço de
peso". Além dele, o treinador
havia indicado atletas para a lateral esquerda e para a meia,
mas jamais foi atendido.
"Esses jogadores que chegam
são todos apostas da direção",
sempre repete o treinador,
quando questionado sobre os
atletas que recebeu.
E foram apostas altas. Dos 11
contratados pela diretoria corintiana, 6 têm contratos longos, com mais de dois anos de
duração.
Felipe, de 23 anos, e Zelão,
22, até abril de 2011, Kadu, 21,
até junho de 2012, Clodoaldo,
28, até maio de 2011, e Ricardinho, 31, que acertou contrato
até janeiro de 2009.
A situação de Carpegiani
com relação a pedidos de reforços é inversa a de seu antecessor no cargo, Emerson Leão.
Como treinador corintiano,
Leão indicou jogadores e teve
suas exigências atendidas. Mas
os atletas de Leão, como o zagueiro Gustavo, o volante Daniel, o lateral-direito Tamandaré e o goleiro Jean não vingaram no clube e, logo após a demissão dele, foram afastados do
elenco principal -apenas Wellington segue no time.0
(EDUARDO ARRUDA E PAULO GALDIERI)
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