São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2008

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China cria áreas para protestos

Governo permite manifestações em três pontos de Pequim, mas exige pedido de autorização prévia

"Protestódromos" estão a pelo menos 15 km da Vila Olímpica; dirigente diz que medida servirá para polícia proteger direito dos cidadãos


RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

Depois de determinar como os torcedores chineses devem gesticular e o que gritar nos estádios da Olimpíada, o governo chinês inova uma vez mais e lança os "protestódromos".
Em entrevista coletiva ontem, o diretor de segurança do comitê organizador dos Jogos, Liu Shaowu, disse que três parques da cidade terão áreas reservadas para manifestações. Os ativistas que quiserem protestar terão que ir a uma delegacia pedir autorização.
Se conseguirem sair livres e com permissão, poderão dar vazão às críticas habituais pelo desrespeito aos direitos humanos, repressão no Tibete, apoio aos regimes do Sudão e do Zimbábue, e os estragos no meio ambiente. Os parques ficam a 15 km da Vila Olímpica.
Estão proibidos protestos dentro e perto de qualquer instalação olímpica. "Se eles pedem autorização de acordo com a lei e o protesto é aprovado, a polícia chinesa pode proteger o direito dos cidadãos", declarou Liu Shaowu.
Durante décadas o Partido Comunista teve o poder de determinar onde os chineses podem morar, trabalhar, estudar e se podem viajar ou não ao exterior. Agora quer colocar ordem na dissidência, ainda que é improvável que os locais se arrisquem nos protestos. Na ditadura chinesa, ativistas pró-direitos humanos e ambientalistas costumam parar na cadeia.
Nos últimos meses, vários blogueiros que criticaram o desrespeito aos direitos humanos na China foram presos após escrever textos críticos.
Liu não especificou os requisitos necessários para a concessão dos "alvarás de protesto", nem se haverá temas tabus.
Torcedores e atletas estão proibidos de usar camisetas ou faixas com mensagens políticas dentro dos estádios, como as que pedem a independência do Tibete, Província ocupada pela China desde 1950.
Bandeiras de países que não participem dos Jogos estão proibidas, outra medida que impede a presença de bandeiras tibetanas nos estádios.
"Durante a Olimpíada, nós vamos garantir um trânsito fluído, um bom ambiente e uma boa ordem social ao redor de cada área de competições", afirmou Liu Shaowu.
Dissidentes ouvidos pela Folha disseram que há muito temor entre cidadãos chineses de realizar qualquer protesto.
O comitê organizador anunciou que 110 mil homens, entre soldados e policiais, serão responsáveis pela segurança da capital chinesa. Grades e cercas foram instaladas ao redor de todas as instalações olímpicas e dos principais hotéis que abrigarão autoridades. Durante a cerimônia de abertura dos Jogos, no dia 8, o tráfego aéreo na cidade será paralisado.


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