São Paulo, sábado, 24 de julho de 2010

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OPINIÃO

Em uma semana trágica para Teixeira, a santa presunção

PAULO VINICIUS COELHO
COLUNISTA DA FOLHA

O diretor de comunicação da CBF anunciou na terça- -feira, aos quatro ventos, que o técnico da seleção teria seu nome divulgado na sexta.
O que se pensa ao ouvir tal afirmação? Que a CBF já tem tudo adiantado com o novo treinador. Daí vem o erro de grande parte de nós, jornalistas, que presumimos o acordo com Mano Menezes, porque o Corinthians já tem sua sucessão engatilhada. Por incrível que pareça, a CBF cometeu um erro maior. Não tinha acordo com ninguém.
Mano falava a verdade e não tinha convite. Muricy fala a verdade ao afirmar que só recebeu o convite para o café da manhã com Ricardo Teixeira na noite de anteontem, depois da partida em que seu Fluminense venceu o Cruzeiro por 1 a 0.
Muricy recusou e não foi só porque o Flu não o liberou. Foi porque Muricy não sentiu a segurança de integrar um projeto que vai até 2014. Em vez de entender que só não seria o técnico na Copa se um acidente acontecesse, percebeu que só chegaria a 2014 se tudo desse certo daqui até lá.
Santa presunção!
Quer dizer que o presidente da CBF acha que pode convidar o técnico mais vitorioso do Brasil na manhã de sexta, para que ele anuncie sua primeira convocação na segunda. E não quer ouvir "não"?
E isso na mesma semana em que Teixeira passou pelo seu maior constrangimento desde a CPI. Na segunda, disse em Brasília que São Paulo teria estádio em Pirituba. Na terça, ouviu do governador que tal projeto não existe, não com dinheiro público.
E pensar que Teixeira fez o Brasil saber que não chamaria Felipão para não correr o risco de ouvir não, ao que Felipão rebateu: nunca foi chamado, depois de 2002. Ou seja, nunca ouviu não. Assim, esse é o terceiro constrangimento da semana, porque, sem querer, Felipão chamou Teixeira de mentiroso.
Digamos, trapalhão!
Muricy não é o primeiro que recusa a seleção. Ocorreu com Cilinho, em 87, antes do sim de Carlos Alberto Silva. Ocorreu com Dino Sani e Oto Glória, em 70, antes do sim de Zagallo. Se Mano Menezes terá a sorte de Zagallo? Depende de a CBF criar o projeto que hoje ela não tem.


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