São Paulo, domingo, 24 de julho de 2011

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Ouro extremo

Ana Marcela, 19, nada mais de cinco horas para o primeiro ouro feminino do país num Mundial

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A XANGAI

Enquanto lutava contra o calor e o cansaço, Ana Marcela Cunha cantava. Em sua cabeça, as músicas de suas bandas favoritas, como Charlie Brown Jr., ajudavam a embalar suas braçadas.
Foram 5 horas, 29 minutos e 22 segundos de esforço extremo, 18 paradas para hidratação e 25 km de competição. Coroados com a primeira medalha do Brasil em Xangai, ouro inédito na maratona aquática e para nadadoras brasileiras em Mundiais.
"Nunca tinha passado por isso antes, foi a primeira vez que nadei mais que 10 km. Estava bastante quente, mas, a partir do momento que eu sou escalada, gosto de cumprir a prova", afirmou.
"Em provas de 25 km, a gente queima muita gordura. Então, acaba ajudando ter umas gordurinhas a mais para queimar", brincou a atleta, que tem 70,5 kg, e 1,64 m.
A água em Xangai chegou a 31 C, o máximo permitido. A final foi mudada das 8h para as 6h por causa do calor.
Ana Marcela, 19, definiu sua conquista como uma "viagem do inferno ao céu" em menos de uma semana.
Na terça, ela havia chegado em 11º nos 10 km e ficado a uma posição da vaga olímpica -em sexto, Poliana Okimoto se classificou para os Jogos de Londres-2012.
Em Roma-2009, Poliana conquistou o bronze nos 5 km, o primeiro pódio de uma brasileira em Mundiais. Ana Marcela terminou em quinto.
"Foi um sentimento de perda. O dia foi horrível, a hora demorava para passar, mas vim aqui para representar o Brasil da melhor maneira possível", disse.
"E sou a primeira reserva [para a Olimpíada], se alguém desistir, eu entro."
Ana Marcela fez uma prova tranquila. Apenas nos 800 m atacou o pelotão da frente e impôs o ritmo da prova.
"No começo, deixei todo mundo nadar bem à vontade. Ninguém sabia o que eu ia fazer. Fui a zebra. Agora está doendo tudo, mas depois de ganhar a medalha, vocês esquece a dor", afirmou.
Ana Marcela tem no currículo a conquista da Copa do Mundo de maratona aquática -é a mais jovem atleta a vencer o circuito, que tem oito etapas pelo mundo. Mas o feito que mais valoriza é o quinto lugar em Pequim- -2008, em que também era a mais jovem em ação.
A baiana de Salvador começou a nadar com apenas 2 anos por escolha da mãe, que a achava hiperativa. Aos 14, era campeã brasileira de maratona aquática.
"Eu sempre gostei de longas distâncias. Gosto até mais de nadar os 10 km do que os 5 km", afirmou.
Em 2009, após ficar em quinto lugar no Mundial de Roma, Ana Marcela decidiu que iria se aventurar nos 25 km dois anos depois. A ideia que parecia maluquice, transformou-se em ouro.


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